31/12/2010

Feliz 2011

Festa da Caça é Acontecimento do Ano 2010


O Viver Casteleiro elegeu como “Acontecimento do Ano 2010” a Festa da Caça, realizada nos dias 1 e 2 de Maio.
A 1ª edição da Festa da Caça foi bem a prova de que o Casteleiro está vivo e, mais que isso, de que é capaz de realizar um evento de âmbito regional. Durante dois dias, visitaram o Casteleiro milhares de pessoas. A animação foi constante, as ruas e os largos transpiraram vida!
Mas a Festa da Caça cumpriu ainda uma outra missão que importa registar: reavivou os laços entre a Aldeia e todos os seus filhos espalhados pelo Mundo. Essa foi a grande conquista!
Em 2011 a Festa terá lugar a 10, 11 e 12 de Junho.
E será um acontecimento…

28/12/2010

Sandra Fortuna é Personalidade do Ano 2010

O Viver Casteleiro elegeu a Dr.ª Sandra Fortuna como “Personalidade do Ano 2010”. A nossa conterrânea Sandra Fortuna tem desenvolvido uma intensa actividade em prol da causa pública, nomeadamente no Concelho do Sabugal. Com dedicação e mérito amplamente reconhecido nos mais diversos fóruns, tem levado longe o nome da sua aldeia cujas raízes faz sempre questão de lembrar.
A Sandra Fortuna é Vereadora da Câmara Municipal do Sabugal e, para além de uma intensa actividade política e na área da solidariedade social, é Presidente da Direcção do Lar de São Salvador do Casteleiro, onde tem vindo a concretizar um ambicioso projecto de modernização.
Jovem, com grande capacidade de trabalho e ambição de bem fazer, a Sandra é bem o exemplo de casteleirense de que todos nos devemos orgulhar.

O nosso Madeiro!

Como já vem de tradição, na noite da consoada, o local para pôr a conversa em dia é o madeiro, no Largo da Praça. E que bem que se estava lá! Um quentinho muito agradável vindo do grande madeiro, e com tantos conterrâneos que nesta época nos visitam ainda melhor. Sentia-se um grande calor humano.
Esta é uma noite linda....e perto do madeiro tem outro encanto.
A noite da consoada sabe sempre a pouco, mas......para o ano há mais!


Beatriz Costa

Jantar de Natal do CACC

No passado dia 23 de Dezembro, pelas 20.30h, reuniu-se um grupo de amigos, sócios e membros da Direcção e da Assembleia do CACC, na sede do Centro, para um jantar convívio.
Este jantar foi um jantar de Natal, mas onde se aproveitou para "discutir" algumas actividades e suas respectivas datas, a realizar em 2011. Um jantar onde não faltou animação e boa comida.
O Centro de Animação Cultural do Casteleiro, está de boa saúde e recomenda-se.
O CACC deseja a todos um FELIZ ANO NOVO!!!
Beatriz Costa

27/12/2010

A memória...das palavras (III)

Tal como prometi, cá estou, de novo, para mais uma viagem pelas entranhas linguísticas do nosso povo que vão perdurando no tempo, na conversa amena que travamos, aqui e ali, com as pessoas mais velhas. É fascinante observarmos como é fácil encontrar, ainda, este património, bem como o entusiasmo crescente dos nossos interlocutores, à medida que vamos caminhando pelas entranhas das suas vidas, povoadas de histórias sem fim.
Vamos a isso:

Laptchêro – caminho enlameado
Rbêro – pequeno ribeiro
Escalêra – degrau da escadaria
Balcão – escadaria
Banço – degrau da escada (geralmente de madeira)
Sarrar – serrar
Tchquêro – local onde guardavam os cabritos, quando retirados da mãe
Barbilho – pau colocado na boca dos cabritos ou borregos para deixarem de mamar
Vedar – período de tempo que a cria (cabrito, borrego, vitelo…) levava para se desabituar de mamar
Barraco – porco de cobrição
Agatcha-te – baixa-te
Carrapiço – rebento de um carvalho
Gravanços - grão de bico
Rnôvo – milho ou feijão depois de nascidos
Temporão – precoce
Serôdio – tardio
Enxotar – espantar
Pcthêgo – pêssego
Marigada – romã
Papino – pepino
Botêlha – abóbora
Sardêra – cerejeira
Nagalho – fio, cordel
Cangalhas – objecto de madeira que se coloca sobre os jumentos, para transportar estrume
Garrantchos – espécie de forquilha, com os dentes em garra. Serviam para tirar o estrume do curral.
Matchada – machada
Matchado – machada de grandes dimensões
Sarra – serra (instrumento cortante para cortar a madeira)
Tropeço – tronco de árvore onde se corta lenha em pedaços mais pequenos para alimentar o lume
Malha – castigo corporal com a mão ou qualquer instrumento. Pode significar também debulha de cereais
Sova – tem o mesmo significado que a palavra malha
Mordela – mordedura
Barrumas – verrugas
Descamisar – desfolhar o milho
Encarrapato – nú
Congra – congrua (tributo pago do padre por cada família com posses)
Trambolhão – tombo
Barrôco – penedo granítico de grandes dimensões
Tchaile – xaile
Comediantes – saltimbancos
Roçar – esfregar a casa; cortar mato
Conduto – carne ou peixe que acompanhe as batatas; queijo ou chouriça que acompanha o pão
Carne gorda – toucinho
Jornal – preço de um dia de trabalho
Peste – faísca proveniente da trovoada
Indrêta – curandeiro ortopedista

Prometo voltar, com mais memória…das palavras.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

22/12/2010

Natal no Casteleiro











No Casteleiro tudo a postos para mais uma quadra natalícia: o presépio e as iluminações no Largo de S. Francisco e o madeiro na Praça!

20/12/2010

A força da vereadora Sandra Fortuna

A jovem vereadora socialista Sandra Fortuna tem-se revelado um exemplo de rectidão e de tenacidade, que merece ser sinalizado. O momento político que o Sabugal atravessa faz reviver a efervescência dos eleitos, que a todo o tempo têm de mostrar estar à altura das responsabilidades.

O presidente da câmara, António Robalo, encontrou há alguns meses uma solução de estabilidade política para o executivo. Chegou lá com certa morosidade e tem avançado por caminhos erráticos, de avanços e recuos, de batidas no cravo e na ferradura, mas é certo ter condições para executar o seu programa.
Compreendo perfeitamente a lógica do acordo com Joaquim Ricardo, o vereador do MPT, dando-lhe um lugar de vereador em funções permanentes e ainda o malogrado cargo de presidente da Sabugal+. O lugar na empresa municipal era o garante absoluto de que Joaquim Ricardo lhe seria fiel, secundando-o nas votações e colocando de lado sinais de independência numa ou outra matéria.
Entretanto o facto consumado da demissão de Joaquim Ricardo de presidente da Sabugal+, em razão de pareceres que apontam para irregularidades na eleição, trazem à memória a conduta de António Robalo para com a sua colega de executivo, a vereadora Sandra, que com ele integrava a anterior administração da Sabugal+. Escudado no acordo fechado com Joaquim Ricardo, decidiu cortar a direito, não olhando a questões éticas. Sem informar aos restantes membros do conselho de administração, António Robalo apresentou a demissão de presidente da empresa no decurso de uma reunião do executivo, considerando que esse simples acto derrubava toda a administração em funções.
A vereadora socialista, revelando-se uma verdadeira mulher de armas (fazendo aqui recordar a grande autarca e também vereadora Lucinda Pires, sua conterrânea), manifestou-se ultrajada com a atitude torpe e desleal do presidente e abandonou a reunião, dizendo que regressaria quando se passasse ao ponto seguinte da ordem de trabalhos. O outro vereador do PS seguiu-lhe as passadas e na sala ficaram apenas os três eleitos pelo PSD e o do MPT.
Risonhos e convictos da inabilidade dos socialistas, os que ficaram trataram de preencher as vacaturas dos lugares no conselho de administração da empresa, com Joaquim Ricardo a votar serenamente na eleição de um novo elenco, encabeçado por si mesmo.
Posteriormente, a vereadora Sandra Fortuna, demonstrando ser atempada e empenhada na causa pública, munida de um parecer jurídico do seu partido, defendeu que a votação fora ilegal, e que a regularidade tinha de ser reposta. Para a calarem de vez pediram pareceres a entidades institucionais.
O presidente e os seus sequazes gozaram o pagode, tomando Sandra Fortuna por pateta.
Só que a vida traz surpresas: a tenacidade da Sandra não foi em vão porque os pareceres chegaram e eram peremptórios, indicando que as votações foram irregulares e todos os actos praticados eram anuláveis.
A demissão de Joaquim Ricardo é pois uma vitória política da jovem vereadora socialista, que se afirma como uma política corajosa, cuja força deve ser incentivada.

Paulo Leitão Batista


Texto publicado pela Gazeta do Sabugal

18/12/2010

Mas que terra activa, esta!

Fazendo uma viagem no tempo e recuando algumas dezenas de anos, deparamo-nos com o Casteleiro como sendo uma terra com uma vida activa muito diversificada. Para além dos trabalhos ligados à agricultura e pastorícia, que marcavam fortemente a labuta diária, constituindo os verdadeiros suportes da economia desta gente, existiam, paralelamente, um conjunto de profissões que nos ajuda a perceber melhor a autonomia que o Casteleiro demonstrava, nessa época.
O trabalho de pesquisa hoje apresentado pretende dar uma visão deste tempo, trazendo à lembrança e ao conhecimento, as várias profissões bem como os verdadeiros protagonistas, tentando manter a marca do registo linguístico, patente nas várias palavras utilizadas. Fica desde já, o meu pedido de desculpa às pessoas visadas e seus familiares, ao utilizar os nomes pelos quais eram mais conhecidas no nosso povo.
Passo a enumerar:

Sapatêro: Ti Luís Pinto; Ti Paralta; TZé Martins; Ti Martinho
Alfaiates: Tó Coxito; Mguel Coelho; Abílio Coxo; Tó Coxo; Mguel Beijina
Ferrêro: TJoão Ferrêro; Tó Ferrêro
Pedrêro: Senhor Venâncio (mestre); TJaquim Pedro (Catana); TJoão Catana; Manele Catana;
Carpintêro: TZé Melo; TZé Lopes
Tanoêro: TZé Melo (fazia e reparava pipas, dornas…)
Barbêro: Ti Náciso; Mudo
Ferrador: Ti Torra (colocava as ferraduras – protecção dos cascos – das vacas, burros…)
Costurêra: Senhora Maria Augusta; Ana Coxa; Alice costureira
Assougue (talho): TJaquim Soares ; Titôr; TJaquim Snêto
Pêchêra/Sardnhêra: Ti Carminda; Ti Rsolina
Caldêrêro / latoêro: TJoão Latoêro
Lagares de azête: Senhor Manelzinho; D. Maria d'Céu (lagar da Senhora)
Fornêra: TMari Bárbola; Ti Delfina (forneira)
Tabarnêro: TManel Silva; Tzé da Velha; Tórra
Negociante de animais: Zé Maria (cuecas) e pai
Negociante de sementes: TManel Abade; TJaquim Canêlo; Ti Américo Leitão
Merceeiros: Senhor Firmino; Senhor Tó Pinto; Senhor Zé Mourinha;
Bodguêra: Senhora Lpondina; Ti Pruficação (confeccionavam comida para casamentos, baptizados, festas religiosas… Faziam bodas e emprestavam a loiça para estes eventos)
Taxista: Senhor Quim Paiva; Quiel; TZé Pedro
Ganhão: TJaquim Blantim; TJaquim Nabais…
Pastor: Ti Farnhêra; Sabastião
Cantnêro: TZé Pires (Piralhas)
Guarda rios: Senhor Torrão
Eletsísta: Senhor Campos; Antónho eletsísta
Sarrador (serra madeiras para vários fins): Tmanel Sarrador e irmão
Covêro: TJaquim Barbas

Tomando como referência, este povo trabalhador e exemplar no percurso por tempos difíceis, aqui fica um grande desafio para esta geração actual.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

14/12/2010

O Natal sempre

O mês de Dezembro chega e com ele o Natal e o inevitável frio. Depois do Verão quente e do Outono mais ou menos temperado, eis que chega o inverno a arreganhar o dente. Devagar, quase pé ante pé, aproxima-se, ameaçador. Nas aldeias, o pouco movimento de rua deixa de existir. Há como que um recolher obrigatório e um apelo à lareira quase desactivada até então. Lá fora, o vento faz-se notar e com ele arrasta as folhas já secas que jazem no chão. O seu movimento faz lembrar um bailado onde as cores, entre o verde, o amarelo, o castanho e o tijolo, são as estrelas O assobio que emite arrepia as entranhas e leva-nos a imaginar um cenário ainda mais agreste. No aconchego das habitações, conversa-se e recordam-se bons e maus momentos, e fazem-se projectos – quem sabe?
Neste contexto os avós têm um papel importante – basta querer ouvi-los, são um manancial de sabedoria e experiência de vida. Por mim e quando posso sou fã. Passa uma semana, passam duas, passam três e devagarinho começa a ouvir-se repetidamente a palavra mágica:
- Natal!
E o alguidar, e os ovos, a aguardente, a laranja docinha, o azeite e o leite? Ah!… e a farinha? Será que não vai faltar? Que vergonha andar no último instante já com as mãos na massa a pedir farinha! Organizar é preciso para que nada falte. Chegado o dia e com tudo ao alcance, amassam-se as filhós, cozem-se as batatas com o bacalhau e as couves já quase cozidas pela geada. E que bem que sabe aquela mistura!..
No meu tempo era assim o Natal: simples, sem consumismos, sem desperdícios. Os afectos eram o mais importante e aconteciam sem esforço ou faz-de-conta; as prendas… talvez algum menino Jesus mais abastado resolvesse pôr no sapatinho que ficava junto à lareira ainda grande, algumas moedinhas ou rebuçados que ao outro dia faziam as delícias dos mais pequeninos.
No ar ficava o cheiro a lareira e a azeite frito e também a autenticidade, que, sobretudo esta última, aquecia os corpos e principalmente os corações.
Para todos um abraço de boas-festas com muita ternura à volta.
Bom Natal.





Texto de autoria de Maria Dulce Martins

10/12/2010

A memória...das palavras (II)

Há uns dias partilhei com todos aqueles que passam por este blogue, algumas das palavras que fazem parte da memória deste povo. Prometi voltar com novos exemplos dos percursos linguísticos que vão resistindo à voracidade do tempo.
Aqui vão:

Pão-leve – pão-de-ló
Meda – conjunto de molhos de centeio, aveia…acabados de ceifar
Jêra – porção de terra lavrada durante um dia, por uma junta (duas) de vacas. Representa cerca de meio hectare de terra
Alqueve – terra alta, preparada para a sementeira de cereais, normalmente centeio
Almude – medida de volume de origem árabe; cerca de 28 litros. Um cântaro de vinho leva 14 litros, ou seja meio almude
Dorna – vasilha cilíndrica formada de aduelas (tábuas de madeira de castanho), sem tampa e cujo diâmetro da boca é ligeiramente menor do que o do fundo. Servia para transportar uvas, em carros de bois, para o lagar. Tendo a boca mais estreita adquiria maior estabilidade nos caminhos maus e era, por isso, difícil voltar-se.
Balsêro – vasilha de tipo idêntico à “dorna”mas mais baixa e com os diâmetros da base e da boca sensivelmente iguais.
Borratchêra – bebedeira
Espitcho – orifício que se faz na pipa ou no pipo que tem vinho, para ver em que condições se está a fazer – “fazer a prova do vinho”. Depois tapa-se com um pauzinho afiado numa extremidade e untado de sebo.
Môtcho – banco de palha ou cortiça, baixo e quadrangular.
Putchêro – pequeno recipiente, geralmente de barro, que quase sempre estava junto à lareira, com chá, café… ou mesmo vinho com açúcar.
Têsto – tampa dos recipientes da cozinham (panela, tacho…)
Pilhêra – local da lareira, atrás do lume, para onde se costuma deitar a cinza. Esta era retirada de semana a semana.
Tanazas – tenazes
Tção – pedaço de lenha que não conseguiu arder completamente.
Aptchar – acender
Mourão – prateleira de granito sobre a lareira. Servia para ali colocar os palitos, novos e usados.
Palitos – fósforos
Caniço – grades de ripas colocadas no tecto da cozinha e que serviam para aí secar as castanhas.
Estrugir – fritar (batatas esturgidas = batatas fritas)
Amaga-te – baixa-te (obrigada Isabel Ângelo!)

E… nunca se esqueça que a língua (falada ou escrita) é parte integrante do património do nosso povo!

Prometo voltar com mais memórias das palavras.

"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

Assembleia Geral do CACC


07/12/2010

Esta palavra Casteleiro

Como e quando e fundado por quem nasceu o povoado onde nasci e que hoje começa a ter outra vez projecção?
De onde lhe vem o nome de Casteleiro?
Por intuição, sempre pensei que o mais lógico era que estivesse relacionado com castelo: fosse o Castelo de Sortelha, fosse um dos castros que haveria em bom número aqui na zona.
Para tanto, recuo sempre uns 13 ou 14 séculos na História e penso em tempos de dureza, de sobrevivência difícil, de lutas pela terra mais fértil, e também tempos de afirmação de autonomia e mesmo de soberania.
Por comodidade, sou levado a pensar em cristãos e mouros.
Fiz umas pesquisas na net.
Não há muitos registos. Menos ainda que se refiram mesmo à nossa terra.
Mas alusões a castelo, a lendas e a especulações encontrei algumas.
Há por lá muita coisa que faz pouco sentido. Mas há uma linha de raciocínio que se ajusta mais ao que sempre pensei e que não é contrariado pelo que pode ser uma linha de continuidade com a tradição oral - a mais provável fonte de História neste caso, à falta de investigações da UNESCO...
Vamos então ao resultado - sem esquecer que deixei para trás dois registos prometidos e a que regressarei um dia destes: os expedicionários que do nosso Casteleiro partiram para a guerra na França em 1916; e a exploração de produtos da terra para lá dos agrícolas: os metais e os minerais, água incluída - e suas implicações no desenvolvimento da nossa terra, apesar de tudo...

Casteleiro, dono de castelo

Começo pelo que é firme, certo e seguro: na sua origem, a palavra que está nas placas das curvas de começo e fim da nossa aldeia, relaciona-se sempre com «castelo»: como adjectivo significa sempre algo que diz respeito ao castelo; como substantivo significa «castelão», ou seja, o dono do castelo.
Leia aqui, por todos.
Ou então: «casteleiro» pode ser o mesmo que «castelário», como li aqui.

Uma lenda, um beijo, uma fuga

Claro que há aquela lenda agradável e interessante de ler: a princesa apaixonou-se pelo árabe, deram um beijo eterno que está plasmado na rocha... e os pais, donos do castelo de Sortelha, com o desgosto, renunciaram ao castelo e refugiaram-se nas suas terras do vale, na nossa terra. Como eram os «casteleiros», donos do castelo, a terra que fundaram passou a chamar-se assim.
Tem piada, relaciona-se com o facto de o Casteleiro, desde esse século XIII até 1855 ter feito parte do concelho de Sortelha, mas nada mais do que isso: tem pouco a ver com a realidade da época, parece-me. Nem no Casteleiro resta nada que possa ser levado à conta de casa apalaçada que os senhores de Sortelha certamente teriam construído para viverem. Não estou a ver um senhor feudal a viver numa casinha das mais antigas do Casteleiro.
Para ler sobre isto algo inserido na net por alguém do Casteleiro, pode ler aqui.

Casteleiro, construtor de castelos

Mas, mais do que relacionado com os donos do castelo, acho que o nome da nossa terra pode estar relacionado com trabalho no castelo. Casteleiro deve também ser registado como o pedreiro, aquele que construiu com os seus braços o castelo.
Como se lê aqui, por exemplo.
Qual castelo?
O de Sortelha pareceria ser a resposta óbvia.
Mas acho curto.
O de Sortelha só foi construído no século XIII.
Mas antes dele, no mesmo sítio, havia já construções defensivas.
Acho que estamos a falar de tempos mais recuados. Sinto que uns 500 anos antes disso.
Haveria por aqui outras fortificações não tão elaboradas nem tão poderosas mas igualmente importantes para a sua época: os castros, como hoje se designam, mas que na altura, por influência romana e galega/castelhana, certamente andaria perto de castillo, a palavra do país do lado para essas construções já nesse tempo: «castillo», castilo, castelo, castelano, castelão, casteleiro... sei lá. Uma coisa destas, para designar os donos dos braços que construíam os castros aqui à volta da nossa terra.
A reforçar esta minha preferência, o facto de na nossa terra tradicionalmente sempre ter havido muitos pedreiros, muita gente relacionada com a construção civil.
E nesta coisa da origem das coisas, a tradição vale muito...







"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes



06/12/2010

Biodiversidade Nocturna



O ano que está quase a terminar foi o Ano Internacional da Biodiversidade, como já aqui tinha referido anteriormente. Hoje, escrevo para divulgar um projecto em que me inscrevi e que pode ter interesse para a nossa Freguesia, saber as espécies de aves nocturnas que existem.
Consiste na observação de cinco pontos dentro da área da freguesia, escutar durante 10 minutos e seguir para outro ponto e repetir esta visita três vezes por ano.
Este projecto é desenvolvido pela SPEA (http://www.spea.pt/) – Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves e designa-se Programa de Monitorização de Aves Nocturnas em Portugal Continental, ou Grupo de Trabalho Aves Nocturnas.
Principais objectivos do GTAN

1. Aumentar o conhecimento sobre as aves nocturnas (Strigiformes e Caprimulgiformes) em Portugal, através da promoção de estudos sobre estas espécies.
2. Identificar prioridades de conservação e promover a implementação de medidas de conservação dirigidas às aves nocturnas.
3. Compilar e divulgar a informação existente sobre aves nocturnas em Portugal.
4. Promover acções de sensibilização sobre as aves nocturnas.

As espécies que poderemos ter são:
Coruja-das-torres Tyto alba
Bufo-pequeno Asio otus
Mocho-d'orelhas Otus scops
Coruja-do-nabal Asio flammeus
Bufo-real Bubo bubo
Noitibó-cinzento Caprimulgus europaeus
Mocho-galego Athene noctua
Noitibó-de-nuca-vermelha Caprimulgus ruficollis
Coruja-do-mato Strix aluco Alcaravão Burhinus oedicnemus

Quem souber em que zonas da nossa freguesia se podem encontrar algumas destas aves, deixe aqui comentário.
Quem quiser participar nas actividades comigo é só dizer.
Penso que este tipo de iniciativas tem importância para colocar o Casteleiro nos mapas deste tipo de projecto. Podemos ter alguma espécie importante a preservar e não a podemos deixar desaparecer.
Gostaria em breve de poder iniciar também um estudo da flora da nossa freguesia. Entendo que tem todo o interesse, para preservar as espécies existentes, uma vez que algumas podem estar a desaparecer com o progressivo abandono da agricultura.





"Ambiente agrícola e espaço florestal"
espaço de opinião de autoria de Ricardo Nabais

04/12/2010

Festa da Caça 2011


A II edição da Festa da Caça já tem data:
10, 11 e 12 de Junho de 2011.
Três dias de Festa que pode já marcar na sua agenda.

Casteleiro…aceite o desafio!

01/12/2010

Recordar é viver: o Magusto






















O Casteleiro continua a deslumbrar e a agradar, trazendo para o palco da vida as tradições de antanho; o Casteleiro não pára e os casteleirenses sabem porquê.
É que as tradições, os usos e costumes estão a ser divulgados e vividos ao vivo, no tempo e em épocas próprias.
Para além da matança do porco, o testamento do galo, os Entrudos e a festa da caça, teve lugar no dia 28 de Novembro findo, no Largo de São Francisco, graças ao Centro de Animação Cultural do Casteleiro, um magusto, relembrando os magustos que, em tempos idos, por altura de S. Martinho, as crianças das escolas e adultos faziam, em lajes, com caruma.
Marcado, propositadamente, para depois da missa dominical que foi celebrada às 15 horas, o magusto era sinal de ponto de encontro dos Casteleirenses.
As castanhas assadas num assador, genuíno e invulgar com a tradicional caruma a arder, esperadas eram com ansiedade e apetite e lá apareceram em quantidade.
E, enquanto umas se comiam, regadas com a boa jeropiga e água-pé, de propósito feitas para o efeito, outras se assavam não faltando também as febras assadas para quem quisesse.
E para que o magusto tivesse mais animação não faltou música a rodos e quadras à desgarrada, acompanhadas por uma acordeonista da responsabilidade da Empresa Municipal Sabugal+ a quem apresentamos os nossos agradecimentos.
Para o ano teremos mais surpresas, assim o esperamos.





Texto e fotos de Daniel Machado

29/11/2010

A memória...das palavras

Como todos sabemos a língua portuguesa tem sofrido, ao longo dos tempos, uma evolução, quer através do significado das palavras, quer através da sua escrita. Segundo os especialistas na matéria, este é um processo natural, pois ela está exposta às influências dos povos vizinhos, dos efeitos (e)migratórios, bem como ao processo de evolução linguística a que todas as línguas estão sujeitas.
Vem isto a propósito, de que o Casteleiro (à semelhança de algumas aldeias vizinhas) tem um património linguístico que interessa preservar e dar a conhecer às gerações mais novas.

Sugiro um exercício simples: procurem conversar com pessoas idosas da nossa terra e, abordem com elas temas que façam parte do seu quotidiano, verificarão, rapidamente, que a conversa é levada para memórias passadas.
É neste contexto que, facilmente, poderemos encontrar vocabulário, enriquecedor sob o ponto da evolução linguística de que vos falava atrás.

Hoje partilho convosco alguns exemplos:
Palhêra – loja onde se guardava a palha, o feno e os animais.
Polêro – galinheiro; é bom lembrar que na vizinha Espanha “Polho” significa frango.
Cortêlho – pocilga.
Tchambaril – espécie de cruzeta de madeira para pendurar o porco, logo a seguir à matança.
Marrano – suíno, porco.
Vianda – refeição, normalmente fervida, que se preparava para os suínos.
Caldudo – Sopa de castanhas secas.
Vivo – animais de diversas espécies (veja-se o exemplo: “vou dar de comer ao vivo”).
Pastoria – rebanho
Pão – pão centeio; ceara de centeio (o povo usava a seguinte quadra:
“Oh João Catalão,
olha as cabras no pão,
toca-lhe a gaita,
que elas virão”.

Agora que estamos próximos do Natal e, certamente, muitos casteleirenses estarão entre nós, aproveitem este desafio e concluirão que o vocabulário hoje utilizado, foi algo que se transformou ao longo de sucessivas gerações.

Por mim, fica a promessa de voltar com mais memórias…das palavras.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

26/11/2010

Casteleiro ...aceite o desafio!


O Executivo da Câmara Municipal do Sabugal reuniu no Casteleiro no passado dia 24 de Novembro. A reunião realizou-se, por decisão da Junta de Freguesia, no edifício do jardim-escola, com o propósito de, simbolicamente, animar um espaço que se encontra temporariamente sem actividade.
Esta foi a primeira vez que a Câmara do Sabugal reuniu formalmente na Freguesia, facto salientado pelo Presidente da Junta que agradeceu a presença de Presidente e Vereadores. Igualmente presentes, membros da Assembleia de Freguesia, o Presidente da Direcção do CACC, Presidente do Lar de São Salvador e representante do Clube de Caça e Pesca.
No decurso da reunião, o Presidente da Junta fez uma apresentação da actividade realizada e, pela primeira vez em público, anunciou o lançamento próximo da campanha “Casteleiro, aceite o desafio!”, um conjunto de acções assentes num plano integrado de comunicação e marketing com o objectivo primeiro de fomentar a recuperação do património edificado com vista a residência temporária ou permanente.
Esta proposta, que mereceu o apoio unânime do Executivo, envolve um desafio à Câmara para que esta crie em conjunto com a Junta, um leque de incentivos que permitam facilitar e tornar apetecível a instalação de novos residentes.
A campanha “Casteleiro, aceite o desafio!” será lançada até final do ano.

22/11/2010

Câmara do Sabugal reune no Casteleiro


Na próxima quarta-feira, dia 24, o executivo da Câmara Municipal do Sabugal vai realizar a sua reunião no Casteleiro. A reunião tem início às 14.30 horas, no edifício do jardim-escola e é aberta ao público que poderá assistir e intervir se assim o desejar.

Sabores de Novembro no Casteleiro


No próximo domingo, dia 28, a partir das 15 horas, no Largo de S. Francisco, lugar à prova da água-pé e ao magusto, com animação garantida a cargo do Grupo de Bombos de Badamalos. Um evento integrado no programa "Novembro - Mês da Tradição e dos Sabores" de iniciativa da Câmara do Sabugal e Sabugal+, com organização do Centro de Animação Cultural e apoio da Junta de Freguesia.

20/11/2010

O ritual da matança

Com o inverno a aproximar-se a passos largos, é inevitável que me venha à memória o frio com gelo e vento que se faziam sentir na terra que me viu nascer. Na minha memória já distante, surgem também e por arrastamento, as tradições da época: sim, aquelas que deixaram marcas fortes como os sempre presentes cheiros, a que já aqui me referi. Nesses cheiros estão incluídas as matanças e todo o seu ritual. Sim, porque de um verdadeiro ritual se tratava. Era um dia altamente programado, em sintonia com a família e os amigos. Só depois de acertados todos esses detalhes, se marcava o dia. Não me posso esquecer de referir que o matador estava no topo de todos os interesses do grupo, por razões óbvias, claro! Aprazada a data, a véspera desse dia era o ponto de partida para o acto. Tinha que ficar tudo preparado ao pormenor; desde o alguidar para aparar o sangue, até ao banco onde o pobre berrava sem obter clemência, até à agulha com linha para coser o buraco do facalhão (assisti a este martírio cruel vezes sem conta, assim, sem o mínimo de consciência – hoje juntar-me-ia à liga de protecção dos animais), até ao panal branco que, no fim do sacrifício, tapava o defunto. Vista a esta distância, a luta era cobardemente desigual, sete ou oito contra um, olha lá!....
Bom, mas vamos ao dia seguinte, o dia da matança propriamente dito.
Logo de manhã bem cedo, cinco ou seis da manhã, dependendo de a «pita» ser velha ou nova, acendia-se o lume e punha-se o almoço a cozer. Normalmente e ao mesmo tempo, eram postos mais dois ou três panelões, um com carnes velhas do porco do ano anterior, outro para cozer a couve tronchuda e a indispensável batata. Tudo isto tinha um sabor que ainda hoje sinto nas minhas papilas gustativas. E o cheiro? Hum!... Os cozinhados eram feitos enquanto os homens tratavam de pôr fim ao animal e o deixavam pendurado no chambaril, aberto e limpo de entranhas. O trabalho deles terminava após o almoço, que era servido por volta das dez. Depois de bem comidos e bem bebidos, saíam e deixavam o espaço livre às mulheres a quem a presença deles, diziam, só estorvava.
A partir daí, a matriarca da casa, com a sua sabedoria, comandava com mestria as operações, que, diga-se em abono da verdade, exigiam experiência.
No fim do dia, todas exaustas mas satisfeitas, e já tendo degustado todos os sabores confeccionados, iam descansar com a consciência de que a tarefa estava apenas no princípio. Era a festa da família.
Tradições que apesar de bárbaras, aproximavam as famílias e os amigos, e deixaram saudades do cheiro da morcela e dos cominhos!...





Texto de autoria de Maria Dulce Martins

09/11/2010

A Feira e as lembranças






















Existem épocas do ano que nos trazem mais lembranças e mesmo saudades da nossa terra, a Feira de São Martinho é com certeza uma delas.
Quem não se lembra de toda aquela azáfama da feira, os largos da aldeia muito preenchidos tendo cada um a sua "especialidade"(o Largo da Fonte porcos, o Largo do Reduto era destinado às vacas, o Largo do Chafariz das 2 Bicas aos burros e cabras), tudo devidamente acompanhados pelos respectivas "famílias". O Largo de São Francisco era preenchido com tudo e mais alguma coisa: sapateiros, latoeiros, vendedores de roupa, cerâmica, plásticos e muito mais.
Logo pela manhã era ver chegar pessoas das aldeias mais próximas para encher as nossas ruas e largos.
Como vivia no Largo da Igreja, sentia um enorme gosto ao ver as pessoas que viviam nas Quintas do Anascer chegar com os seus produtos para vender, mas o que mais me agradava era ver as suas vestimentas trajadas a rigor pois a vinda à aldeia assim o exigia.
Tudo isto já lá vai, mas ficam as memórias e o quanto é bom as termos vivido.
Agora, a vida é outra mas o gosto pela Feira mantém-se pena é que o dia (4.feira) não ajude a uma visita, no entanto deixo algumas fotos de uma feira de 2000 e qualquer coisa que por sorte calhou a um fim de semana.
Para todos os que por lá passem, BONS NEGÓCIOS!


Família Lopes Nabais

08/11/2010

Feira de São Martinho

No próximo dia 10 tem lugar a tradicional Feira de São Martinho.
Os mordomos da Festa de Sto António 2011, que já estão em plena actividade desde Agosto, vão realizar um magusto e fazer a prova da jeropiga. Estão todos convidados!

03/11/2010

Memórias Paroquiais do Castelleyro (5)



Termina hoje a publicação das Memórias Paroquiais do Casteleiro.

6 – Esta tal ribeira onde principia, corre das partes do nascente e coisa de um quarto de légua no sítio chamado Alvercas limite do mesmo lugar dá uma meia volta e corre de norte a sul.
7 – Nada
8 – Nada
9 – Nada
10 – As suas margens se costumam cultivar para centeio, as árvores que há ao pé dela são algumas oliveiras e alguns amieiros, porém estes não dão frutos. Também ao pé do lugar em alguns chãos que estão junto dela se costuma semear linho de secadal.
11 – Nada
12 – Enquanto corre no limite deste lugar não tem outro nome mais que de ribeira, mas fora do limite toma o nome de Ribeira do Anacer.
13 – Morre na ribeira chamada Meimoa entre o lugar Benquerença e o lugar Escarigo.
14 – Nada
15 – Tem esta ribeira duas pontes de pao, uma no sítio chamado Alaia dos Ramos e outra no sítio chamado as Relvas da Ponte.
16 – Tem dentro do limite desta freguesia esta ribeira sete moinhos e três lagares de azeite, dois pizoins e algum dia teve também um tinte, porém hoje se acha demolido.
17 – Nada
18 – Gozam os povos livremente das suas águas.
19 – Tem de comprimento donde principia até aonde se mete na Ribeira Meimoa duas léguas e não passa senão ao pé deste lugar de Castelleyro.
20 – Quando a folha cai para a parte desta ribeira que chamam a folha de Guaralhais de um sítio que chamam as Portellas para baixo, tem a mitra duas partes e a Comenda uma, e das Portellas para cima terá a Comenda duas partes e a Mitra uma, em todos os frutos.

Castelleiro, 25 de Abril de 1758
Manuel Pires Leal
Cura deste dito lugar








"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

01/11/2010

Gazeta do Sabugal

O Concelho do Sabugal conta, a partir de hoje, com um novo espaço de informação: Gazeta do Sabugal. Segundo a nota de abertura, tem por objectivo principal contribuir para uma opinião pública sabugalense mais esclarecida e informada.
Viver Casteleiro saúda o nascimento da Gazeta do Sabugal e deseja à sua administração os maiores sucessos em prol do Concelho.

http://www.gazetadosabugal.blogspot.com/

25/10/2010

Passeio à Golegã


O Centro de Animação Cultural do Casteleiro promove no próximo dia 13 de Novembro (Sábado) um passeio/convívio à XXXV Feira Nacional do Cavalo, na Golegã.
As inscrições estão abertas com preços convidativos: €15 para sócios e €17.50 não sócios.

Programa:
08:00H- Partida do Largo de São Francisco.
09:30H- Paragem para o Peq. Almoço (livre).
10:45H- Chegada à Golegã.
(Desde a hora de chegada à hora de partida a visita é livre).
18:00- Partida rumo ao Casteleiro.

24/10/2010

Ligações para a vida

Era com amizade e respeito que, nos idos anos sessenta/setenta, os jovens se relacionavam. Nessa altura, construímos ligações que ficaram para a nossa vida. Todos os dias no fim da sua actividade habitual se juntavam em sítios de referência, nos largos mais amplos: a Praça, o Terreiro de S. Francisco, o Largo do Chafariz das duas bicas. Então começavam as brincadeiras e as gargalhadas, que ecoavam à distância. Coisas de jovens a precisarem de distrair e de partilhar a alegria que lhes ia no peito.
Mesmo não se podendo alongar muito porque ao outro dia era preciso levantar cedo, não dispensavam aqueles momentos de prazer e descontracção.
O domingo era dia de descanso, dia de se embelezarem com as roupas guardadas para o efeito. Chegava o momento de cumprir os deveres religiosos. Como na altura não havia crise de sacerdotes, a missa era sempre ao meio-dia, salvo raras excepções.
Era ver os grupos de jovens, muitos jovens, rua abaixo vaidosos e seguros da sua juventude. Os rapazes concentravam-se na Praça e, malandrecos, procuravam o melhor ângulo de visão para observarem o desfile das beldades. Um jogo de sedução próprio da idade, que fazia com que ambas as partes gozassem o momento.
Acabada a missa e depois do almoço, começavam os grupos a juntar-se, rapazes e raparigas mais ao menos separados, pois as regras da altura eram apertadas.
Apesar disso, eram inevitáveis as trocas de olhares, que eram a denúncia de algumas paixões em gestação, à espera do momento certo. Em muitos casos, isso deu em casamentos – muitos dos quais ainda hoje estão de pedra e cal.
Começava então o passeio dominical estrada-abaixo-estrada-acima sem parar, com um pequeno intervalo para o jantar. Depois continuam à noite até á hora de ir para a cama, exaustos e com o coração a palpitar de entusiasmos.
Era um grupo unido, dinâmico e participativo, sempre pronto a aceitar as propostas que nos eram feitas para animar a vida da aldeia. Desde fazermos parte do coro da igreja, até ministrar a catequese aos mais pequenos, fazíamos pequenas peças de teatro engraçadas no Centro, que eram um divertimento para a população e aldeias vizinhas. Ao Casteleiro chegavam pessoas que à noite, enchiam o salão e faziam fila em bicos de pé, tentando ver alguma coisa. Devido a esse interesse, tínhamos que repetir no fim-de-semana seguinte. Eram também frequentes, as saídas em passeio aos mais diversos sítios, por exemplo a Lisboa, a assistir a acontecimentos de relevo. Estas actividades eram orientadas pelo pároco de então, Padre José Pires. Como já disse, os rapazes eram afastados destas lides, por serem «perigosas aves de rapina». Havia que manter as miúdas longe do perigo. Era sinal da altura.
O Casteleiro tinha cor e dinâmica. Foram tempos felizes e ainda hoje quando nos encontramos, recordamos com saudade essa época.
A brincadeira era muita, e a amizade também. Eram tempos em que a palavra solidariedade ainda fazia sentido.
Não acham que por exemplo esta ideia das peças de teatro era também uma boa forma de hoje dinamizar mais a população e os jovens?





Texto de autoria de Maria Dulce Martins

18/10/2010

Abóboras!

No Casteleiro, é tempo de recolha de abóboras. Mas o transporte nem sempre é fácil!