30/08/2013

Preso por bigamia


 
A 12 de Setembro de 1710, Manuel Gonçalves, de 30 anos de idade, natural do Casteleiro, filho de António Fernandes e Maria Gonçalves, casado com Isabel Mendes, foi preso pela Inquisição, acusado de bigamia.
Este casteleirense, que à data da prisão vivia em Alpedrinha, referenciado como cristão-novo, terá casado novamente, ainda era viva a sua mulher, com Catarina Giraldes.
Mas que estória encerra esta prisão e qual terá sido a sentença aplicada a este nosso conterrâneo há mais de 300 anos? Um estudo em desenvolvimento….






"Reduto", crónica de António José Marques

24/08/2013

Empalhador de garrafões e garrafas



Durante a minha meninice, pelo Casteleiro vi passar, por alturas do final do Verão, estas habilidosas mãos que, das vergas de salgueiro, cortadas antes do nascer do sol, nas margens dos ribeiros que refrescam esta linda terra, produzirem verdadeiros rendilhados à volta de um garrafão ou de uma simples garrafa.
Empalhador de Garrafões era sinónimo de vida. Quantas vezes estes objetos que serviam para transportar vinho, tão necessário a uma “jorna mais produtiva” (dito popular com o qual não concordo), eram rebuscados dos sótãos, por entre as teias de aranha, que o tempo se encarregou de produzir e o caniço onde mais tarde as chouriças irão secar.
No Casteleiro não havia tal sabedoria! Havia outras, dirão os leitores! Claro que sim.
À semelhança de outros artesãos também este fazia uma rota algo distante e bastante penosa, no tempo. Saía da sua terra, e pelas aldeias onde passava, permanecia o tempo suficiente de satisfação total dos seus clientes. Não havia garrafão a necessitar de ser devolvido à sua serventia que não fosse minuciosamente reparado. Hoje chamar-se-ia reciclagem e antigamente? A “necessidade aguçava o engenho”. Isso mesmo, a miséria era tanta que nada se podia deitar fora. Como o vidro, “de velho vira a novo”, então aí temos um novo objeto, desta vez, com novo revestimento, prontinho a sair à rua (neste caso, à mesa), especialmente em dia de festa na aldeia ou na romaria mais próxima.
Podemos questionar onde trabalhava este artesão durante o seu périplo pelas aldeias? Muito simples: onde quer que houvesse trabalho, haveria, certamente, uma loja, bem fresca, onde esta hábil visita faria jus à sua arte de trabalhar o vime ou a verga.
O empalhador levava “uma vida de cigano”, andava de terra em terra, procurando, também este, o sustento de que tanto precisava para alimentar os sete filhos que deixara na terra, junto com a mãe, ajudando na lide da casa mas, sobretudo, nos trabalhos do campo que, esses, não podiam esperar pela vinda do progenitor.
Com a chegada da geração do plástico, esta arte foi desaparecendo, dando lugar ao sintético produto que, para além de prático, nada tem de belo, nem tão pouco o poder térmico do vime conseguiu conservar.
A arte de empalhar garrafões e garrafas de vidro é algo que a geração do plástico eliminou completamente.
                            







Joaquim Luís Gouveia
 
 

22/08/2013

Eugénia Lima no Casteleiro 72 anos depois


Eugénia Lima, já tinha actuado no Casteleiro no ano de 1941. Tinha então 15 anos e era conhecida como a “miúda de castelo branco”. A famosa acordeonista, hoje com 87 anos, marcou presença no Casteleiro nos festejos das bodas de ouro do Padre António Diogo, de quem é amiga há longos anos.
Em ambiente informal, no largo da aldeia, maravilhou os presentes com uma actuação intimista e que ficará na memória de todos os presentes.
 

20/08/2013

Rota dos Casteleiros


 
Foi já criada e devidamente assinalada a “Rota dos Casteleiros”, um percurso pedestre que liga Sortelha ao Casteleiro, numa extensão de 5,8 Km, com duração prevista de duas horas. O percurso varia de uma altitude máxima de 770m (Sortelha) e 538m (Casteleiro).
Com início na Porta da Vila em Sortelha e chegada ao núcleo primitivo do Casteleiro no Reduto, este trajecto está inserido nos “Percursos pedestres do Concelho do Sabugal”, promovidos e divulgados pelo Município.
 
Uma iniciativa apoiada pela Junta de Freguesia que importa agora divulgar e que abre outra perspectiva na captação de novos visitantes à nossa Aldeia.
 
 

19/08/2013

Almoço e convívio do CACC


 

Realizou-se, como vem sendo habitual, o almoço/convívio do Centro de Animação Cultural do Casteleiro que teve lugar no passado dia 15 de Agosto, Quinta-feira da Assunção, no referido salão do Centro Cultural.
Na esperança de que a presença dos sócios e seus familiares seja sempre a maior possível, aproveitando a presença dos casteleirenses não residentes e emigrantes, a Direção do Centro Cultural tem procurado que o almoço se realize num dos dias (Domingo ou dia Santo) mais próximo, após o dia da Festa de Santo António.
Se a presença dos casteleirenses não tem sido a maior e desejável, porém, desta vez, o salão foi pequeno para o elevado número de presentes que alguns, não tendo já lugar nas mesas existentes, se sentaram, onde puderam e outros foram para a rua, procurando a sombra e, é claro, perto dos grelhadores.
Mesmo assim, os que não puderam sentar-se, compreensivelmente, não deixaram de comer, beber e conviver, assim como os restantes sócios e familiares que, ante um apetitoso e saboroso arroz com feijão, confecionado pelo nosso conterrâneo e amigo Manel Leal, acompanhado de febras e carne entremeada, bem assadinhas, à maneira, a cargo dos também conterrâneos e amigos Bruno Antunes, BA (Carlos Barbas) e Pedro Soares, também comeram, saborearam e conviveram, tudo acompanhado pela boa pinga do Casteleiro, cerveja e sumos, à descrição.
Para sobremesa houve queijo, melão e melancia, boa disposição e convívio.
Com um até para o ano, um sincero agradecimento à Direção do Centro de Animação Cultural e a todos os que de qualquer maneira colaboraram para o bom êxito deste salutar e agradável convívio.  





Daniel Machado

 
 
 

18/08/2013

Casteleiro com edifício polivalente


 
No decurso da Festa de Santo António, a Junta de Freguesia de Casteleiro apresentou publicamente os primeiros esboços do projecto de recuperação do novo edifício que albergará todos os serviços da autarquia e que incluirá ainda espaços polivalentes, nomeadamente um auditório com 67 lugares. Um projecto ambicioso que irá proporcionar novas e melhores condições de acesso e novos serviços à população, no Largo mais nobre da Freguesia.










Festa de Santo António





 




















































Fotos: José Manuel Machado

17/08/2013

Bem merecida


O ‘Viver Casteleiro’ é um dos meus «jornais» diários que não dispenso consultar.
É lá que procuro a proximidade com o meu passado e com a minha identidade.
É também lá que me vou mantendo informada das novidades relativas à nossa aldeia e à nossa gente.
Li no blogue, há dias, sobre a inauguração de um monumento simbólico dedicado ao Emigrante.
O meu aplauso.
Os nossos emigrantes merecem essa homenagem.
Acompanhei a saga da emigração, ao vivo e a cores.
Observei o sofrimento e a angústia das famílias que tiveram de se separar para conseguirem uma qualidade de vida melhor para si e para os seus filhos.
Tive conhecimento de como foi dura a passagem a salto (era assim que se dizia na altura).
Era feita por montes e vales.
Os homens eram largados muitas vezes sozinhos e sem orientação digna desse nome.
Passaram fome, sede, noites sem dormir, arrastando-se de cansaço.
Fizeram tudo isto porque o seu país lhes negou a oportunidade de terem uma vida digna.
Foi o último recurso para a sobrevivência.
Opção dura e dolorosa.
Só no fim de muitos anos de sacrifícios puderam voltar para os seus.
Com dinheiro, talvez. Mas muitos, também com a saúde arruinada, alguns estropiados, infelizmente.
Desenraizados e confusos.
Homenagem merecida.
Pela coragem e pela valentia.
 
 
 
 
 
Dulce Martins
 
 
 

16/08/2013

Homenagem ao Emigrante


O Casteleiro homenageou os seus emigrantes. No passado dia 11, domingo, em tempo de Festa de Santo António, os casteleirenses prestaram a merecida homenagem a todos aqueles  que um dia partiram para outras terras em busca de outros futuros, outros caminhos, novos objectivos.
Por iniciativa da Junta de Freguesia, o novo largo da aldeia, passou a acolher uma escultura concebida pelo artista Augusto Tomás que ilustra bem essa aventura de um dia partir, tantas vezes sem destino certo, sem horizontes definidos.


 
 
 

 
 
 

14/08/2013

50 anos de sacerdócio do Padre António Diogo


 
Tendo a freguesia do Casteleiro sido um “viveiro” de seminaristas na década dos anos 50, com cerca de duas dezenas, no entanto, apenas três foram os sacerdotes ordenados: José Maria Machado, ordenado em1957 e falecido em 1997, António Augusto Gonçalves Diogo e Ismael Nabais Gonçalves.
Por iniciativa da Junta de Freguesia, coadjuvada por uma Comissão Organizadora, composta pelo Pároco, Sr. P.e César Cruz, pelo Presidente da Junta, António José Marques e por José Manuel Antunes Gonçalves, comemorou-se, em simultâneo, no passado dia 11 de Agosto, a Festa de Santo António e as Bodas de Ouro da ordenação sacerdotal do P.e António Augusto Gonçalves Diogo, ordenado em 15 de Agosto de 1963 e a celebrar a 1.ª missa, em 1 de Setembro do mesmo ano, nesta sua terra natal - Casteleiro.
Antes do início da missa, uma das suas sobrinhas, a menina Liliana Gonçalves, muito compenetrada, leu muito bem o seguinte e lindo texto, dedicado ao seu tio P.e António Diogo:
“Hoje é um dia diferente, especial! Celebramos uma longa etapa da sua vida, afinal são 50 anos ao serviço da vinha do Senhor. Consigo traz experiências, histórias vividas e de tudo o que de fantástico viveu até hoje na sua profissão. Queremos marcar este dia e que se recorde sempre dele com a alegria de que realizou todos os seus objetivos. Enquanto pároco, ao longo destes 50 anos, serviu de uma forma honrosa, dedicada e profissional todas as suas paróquias, sendo sempre fiel ao seu amor por Deus. Desejando de todos aqui presentes muita saúde e que viva para sempre na sua memória, agradecendo-lhe contudo o que fez e faz por todos nós. Um enorme bem-haja!”   


De seguida, após a concelebração da missa, pelas doze horas, na Igreja Paroquial do Casteleiro pelo P.e António Diogo e P.e César Cruz, pudemos ouvir, com muita atenção, a palavra douta do primo e ex-colega, Ismael Nabais Gonçalves e algo sobre o percurso de vida do homenageado pelo familiar e Presidente da Junta, António José Marques, que abaixo, na íntegra, se transcreve:
“No Casteleiro eminentemente rural do ano 1936, que na altura contava com cerca de 1350 habitantes, no dia 5 de Junho, uma sexta-feira, nasceu um rapaz a que os pais chamaram António. António Augusto Gonçalves Diogo, batizado pelo pároco de então, António Sapinho.
Filho de Manuel Diogo e Adelaide Leal, o António foi o sétimo filho do casal, irmão da Virgínia, do José Patrício, do Joaquim, da Antónia, da Inês, do Manuel e do Alberto, o mais novo dos oito irmãos.
A 4ª classe seria feita na escola primária do Casteleiro tendo como professor Manuel Pereira Neves, após o que rumou à cidade laneira da Covilhã, onde durante dois anos frequentou a Escola Industrial e Comercial.
Aos 14 anos, o jovem António muda radicalmente o seu percurso. Ingressa no Seminário Menor de Santarém e, anos mais tarde, no Seminário dos Olivais.
Enquanto seminarista regressava nas férias a esta aldeia. E durante esse tempo de lazer não raro era vê-lo a confraternizar com os amigos e, de quando em vez, lá abalava a caminho do chão da Carrola para a rega necessária.
A ordenação sacerdotal, cujos 50 anos hoje aqui evocamos, chegou a 15 de Agosto de 1963.Tinha o António 27 anos. Teve lugar na Sé Patriarcal de Lisboa conjuntamente com 15 outros sacerdotes.
Nas suas palavras: “Foi um momento de alegria, de uma meta atingida, com sentido de dom de Deus e sentido de gratidão.”
Na pequena folha que assinalou esse momento, escolheu escrever “Recordemos a bondade do Senhor que me fez sacerdote.”
O António ordenava-se sacerdote numa época marcada por grandes mudanças na igreja, decorrentes do Concilio Vaticano II. Uma época em que as missas deixaram de ser ditas em latim.
Depois da ordenação veio a Missa Nova, dita nesta mesma igreja, no dia 1 de Setembro, era então pároco o padre José Pires. 
A 6 de Outubro desse ano de 1963, o padre António chega às suas primeiras paróquias: Alcorochel e Brogueira, em Torres Novas, onde ficou até Setembro de 1972.
Nesse ano chegara uma nova etapa da sua vida. Partiu para a Guiné como Capelão de uma Companhia numa missão com a duração de dois anos. Quando regressou, em Setembro de 1974, pensou seriamente em ser missionário, mas tal não se viria a concretizar.
E a 15 de Dezembro de 1974 chega à sua nova paróquia, onde haveria de permanecer até Outubro de 2000: Alcanede na diocese de Santarém. Uma paróquia, onde desenvolveu um intenso trabalho pastoral e social.
Hoje é pároco e vigário de Rio Maior e “in solidum” de Arrouquelas, Marmeleira e S. João da Ribeira.
Caros amigos
Hoje o Casteleiro está em festa.
Festejamos o nosso santo popular, Santo António e temos o enorme prazer de ter entre nós o Padre António Diogo para, juntos, evocarmos os seus 50 anos de dedicação intensa à vida sacerdotal.
Há dias num almoço que tivemos em Rio Maior, o António confidenciou-me que também lá, no dia 21 de Setembro, terá lugar uma homenagem.
Lá estaremos, eu e muitos casteleirenses.
Mas eu sei, estou convicto, que o dia de hoje, na intimidade destas quatro paredes, irá perdurar na tua memória como a genuína homenagem e que não mais a esquecerás.
Caro António, esta terra que te viu nascer, que é a tua e dos teus antepassados, recebe-te com o carinho e a ternura que tu conheces e mereces É nosso privilégio reconhecer e homenagear um filho da terra e fazemo-lo com a maior das certezas e orgulho sem limites.
Este chão, que é o teu, estas ruas, estes largos e calçadas, estas pedras reconhecem-te e sabem de ti, assim como todos nós sabemos que, embora as distâncias, eles vivem no teu dia- a- dia.
O Casteleiro saúda-te.
Bem hajas por seres quem és.”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seguiu-se, como não podia deixar de haver, a entrega de lembranças, comemorativas das Bodas de Ouro da ordenação sacerdotal do P.e António Diogo, da Paróquia, da Família,  da Freguesia e da Câmara Municipal do Sabugal, representada pelo seu Presidente, Eng. António Robalo, a que, após o cantar dos parabéns, se ouviu, em apoteose, uma salva de palmas.
Comovido e muito agradecido a todos, o P.e António Diogo, não se esquecendo de recordar, com saudade, a memória dos familiares e amigos já falecidos, encerrou esta primeira etapa da sua homenagem.                                                                                
E para que houvesse um bom e melhor convívio, de seguida, graças à gentileza da Junta de Freguesia, foi servido um lauto almoço de confraternização, no Largo de S. Francisco, para quem quisesse e que constava de porco no espeto, acompanhado de arroz com feijão,  bebidas à descrição e fruta. E que mais?
Para a Junta de Freguesia, Comissão Organizadora, para a Sr.ª D. Eugénia Lima com a sua famosa concertina e para esta boa gente do Casteleiro que, com amor e carinho, se associaram à homenagem ao P.e António Diogo que, na qualidade de conterrâneo e sacerdote, é por excelência uma pessoa boa, merecedora desta homenagem, vai um forte aplauso de parabéns e agradecimento.
 
 
 
Daniel Machado