26/04/2014

Memórias de Abril


O Casteleiro sempre foi uma aldeia onde os ideais políticos foram debatidos e estiveram presentes. Desde membros do Partido Progressista, do Partido Republicano, do Integralismo Lusitano, correntes do princípio do século passado, os casteleirenses sempre foram activos e activistas em tudo o que diz respeito à coisa pública.
Em 25 de Abril de 1974 não foi diferente. Um grupo de jovens, muitos jovens, arregaçou as mangas e criou o Centro de Animação Cultural. Recordo-me de em 1975 serem representadas peças de teatro de autores como Brecht e Luis de Sttau Monteiro. Em tempo de revolução, o Casteleiro esteve presente. Chegou mesmo a ser a única freguesia do distrito da Guarda com uma Junta de Freguesia eleita pela APU (Aliança Povo Unido), pela mão solidária do Sr. Manuel Guerra. O MFA e a sua 5ª Divisão (Dinamização Cultural) também lá esteve. Recordo-me do helicóptero aterrar na Estalagem. E, claro, também fizemos umas ocupações….
Ontem, na evocação do 25 de Abril no Casteleiro, tudo isto esteve presente na minha memória.

O Casteleiro é uma terra única. Sou suspeito? Sou!  Mas é com muito orgulho que o admito.





"Reduto", crónica de António José Marques




25 de Abril no Casteleiro



O Casteleiro evocou o 25 de Abril com uma Conferência sobre os “40 Anos de Poder Local Democrático”. Uma grande jornada de homenagem aos autarcas que nas Freguesias e nas Câmaras, desde 1974, ousaram com espirito solidário, lutar na defesa das populações, construindo, pedra a pedra, uma nova realidade, mais justa, com tolerância, onde os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade estiveram sempre presentes.

Hoje, no Casteleiro, de cravo ao peito, respirou-se Abril na companhia de muitos amigos, autarcas e ex-autarcas. Hoje, o Casteleiro disse presente. E assim vale a pena! 

António José Marques


20/04/2014

Alguitarra

“Não só de pão vive o homem…mas também de uma boa aguardente feita na tradicional alguitarra, acompanhada de um belo figo seco ”.
Esta frase era frequente ouvir-se na tradicional taberna do ti Zé da velha (assim conhecida por todo o povo, sem que o próprio se aborrecesse com tal forma de tratamento). Ali, entre um copo e uma bela cartada, falava-se de tudo um pouco.



Apesar das vindimas já irem longe e o vinho novo ir minguando nas adegas quase desertas, hoje trago à vossa lembrança o tradicional fabrico da aguardente, por terras do Casteleiro.
Tão normal como fazer o vinho, era o fabrico de aguardente no alambique de cobre (aqui chamado de alguitarra), do tempo dos nossos avós. E, porque eram poucas as pessoas que tinham a sua própria alguitarra, era muito frequente cobrar por se fazer aguardente no alguitarra alugada. Este pagamento, por vezes, era feito através de dias de trabalho a prestar em terras do proprietário, servindo assim, como moeda de troca pela utilização deste utensílio de cobre, ou então um favor que ficava sempre por pagar…
O alambique ficava no pátio de uma casa, à medida que os moradores combinavam os dias ou as noites para fazer a aguardente. Normalmente optava-se pelo tempo chuvoso para, à volta de um bom lume, indispensável a uma boa destilação, se atiçarem conversas, molhadas com um belo vinho, acompanhado de uma bela assadura, ofertada pelo dono da aguardente que haveria de sair deste popular instrumento.
Para uma boa destilação, é necessário manter sempre o mesmo corrimento, pois o lume que arde e dá o calor deve ser mantido mais ou menos constante, com boas brasas e sem chama. Se escorrer demasiado, passa-se um pano molhado à volta do pote. Se não deitar o suficiente mete-se mais lenha, usando sempre este método até sair fraca.
A prova é feita com um copo pequeno: se é saborosa, se é forte ou fraca...mas ao lançar-se um pouco dela às brasas, se as incendiar, fazendo chama, é sinal de estar forte... 
A primeira aguardente retirada, cerca de 2 jarras, parece água destilada, e só à medida que decorre a fervura vai sendo cada vez mais forte, no fim, já sai mais fraca. Era também normal misturar (caldear) a aguardente mais forte com a mais fraca.
Ao que nos dizem, hoje em dia, é muito perigoso fazer-se a aguardente desta maneira, tão rica e tão popular…É proibido!...Falta o controlo de qualidade…Falta a certificação…Falta o cartão de produtor…Falta o registo das Finanças…Falta…Falta…
Falta valorizarmos o que é nosso.
Quantos produtos genuinamente nossos, se vão continuar a perder por este mesmo motivo?
É PENA!
Deixo aqui o meu protesto!






"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia


17/04/2014

25 DE ABRIL - Casteleiro evoca "40 Anos de Poder Local Democrático"




































Quarenta anos após o 25 de Abril, a Junta de Freguesia de Casteleiro vai evocar a data com uma conferência subordinada ao tema “40 anos de Poder Local Democrático”. Porque entendemos que o Poder Local foi uma das principais conquistas de Abril, vamos sentar à mesa homens e mulheres que, nas Câmaras e nas Freguesias, contribuíram na construção de um Poder Local democrático.
No dia 25 de Abril, às 15 horas, no Casteleiro, com moderação de Paulo Leitão Batista, vamos ter connosco Joaquim Mourão, Presidente de Câmara (Idanha a Nova, 1985-1997, Castelo Branco, 1998-2013; Joaquim Portas, Presidente de Câmara (Sabugal, 1986-1993); José Fidalgo, Presidente de Junta de Freguesia (Vila Franca de Xira, 2000-2011) e Coordenador da Deleg. Distrital de Lisboa da ANAFRE (2005/2011); Luis Filipe Madeira, Professor de Ciência Política – Universidade da Beira Interior; Maria de Lurdes Neto, Vereadora (Sabugal, 1976-1985); Jorge Fael, Membro da Assembleia Municipal (Covilhã, 2001-2009) e Membro da DORCB do PCP e Amadeu Poço, Presidente de Câmara (Pinhel, 1985-1993).
A Conferência tem ainda como convidados numerosos autarcas e a participação é aberta a todos os interessados.

António José Marques

14/04/2014

Casteleiro acolhe projecto único na Europa


O Casteleiro está a ser palco de um projecto pioneiro e único na Europa. Trata-se da aplicação do SVD - Sistema de Vigilância Demográfica ("coorte" de base populacional) junto dos cerca de 400 habitantes da aldeia que vai permitir acompanhar a saúde da população e disponibilizar uma base de dados para trabalhos científicos.
Este projecto é promovido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Beira (CIDB), liderado por João Luís Baptista, professor na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã. O estudo também envolve a Unidade Local de Saúde da Guarda, a Direcção Geral de Saúde, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e o Centro de Investigação em Saúde Comunitária, entre outras entidades.
A aplicação do SVD inclui o levantamento demográfico, da pré-diabetes, da doença pulmonar obstrutiva crónica e de indicadores do ambiente, além do perfil de saúde dos habitantes do Casteleiro
Nesta primeira fase dos trabalhos, que decorre já há alguns meses, é realizado um inquérito, porta a porta, que inclui a georreferenciação das casas e a anotação de informações sobre a saúde de quem lá habita. Também é recolhido "algum material biológico" das pessoas.
Um dos objectivos é criar uma base de dados que sirva para os investigadores utilizarem, sendo que os primeiros resultados do estudo poderão surgir dentro de dois meses. O inquérito na totalidade da freguesia de Casteleiro, realizado com a colaboração de quatro alunos da Faculdade de Medicina da UBI, que recolhem os dados junto da população, deve ficar concluído dentro de um mês.
O estudo também permite actuar no presente, pois durante o trabalho de campo foi já detectado um "caso extremo" de um doente com diabetes que foi encaminhado para o hospital.
Considerando que a idade média dos habitantes da freguesia é bastante alta, o estudo possibilitará, igualmente, obter uma radiografia do estado da saúde da nossa população.

Este projecto, “agarrado” e apoiado pela Junta de Freguesia, começou o seu caminho em meados do ano passado e poderá vir a constituir, com outras componentes paralelas na área da saúde já em estudo, um forte e decisivo pilar na luta contra a progressiva desertificação da Aldeia.

António José Marques

06/04/2014

Faleceu Eugénia Lima

Faleceu Eugénia Lima. O Viver Casteleiro recorda aqui a sua visita ao Casteleiro no passado mês de Agosto, por ocasião dos festejos dos 50 anos de sacerdócio do Padre António Diogo, de quem era amiga. Uma das suas últimas actuações, no Largo de São Francisco!



02/04/2014

Lar do Casteleiro consolida património


No passado dia 29 de março, meia centenas de associados do Lar e Centro de Dia de São Salvador do Casteleiro, reunidos em Assembleia Geral, aprovaram o Relatório e Contas referentes ao ano de 2013, bem como a proposta de alteração dos Estatutos, aqui trazida pela Direção. Ambos os documentos foram aprovados por unanimidade.
As explicações oportunas da Presidente da Direção, Sandra Fortuna, a respeito da execução do Plano de Atividades foram reforçadas pelo técnico oficial de contas presente, que demonstrou o bom estado de saúde financeira da instituição.
Por último, Sandra Fortuna anunciou com elevada satisfação, a aquisição do terreno contíguo ao Lar (a Norte) – onde se localizam vários pinheiros – recentemente adquirido pelo Eng.º José Paiva aos herdeiros de João Rosa. Desta forma, a Direção considera ver concretizado um desejo de consolidação do património do Lar e Centro de Dia De São Salvador do Casteleiro. Esta notícia foi muito bem recebida pelos associados presentes.
 






 "A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia