31/12/2010

Feliz 2011

Festa da Caça é Acontecimento do Ano 2010


O Viver Casteleiro elegeu como “Acontecimento do Ano 2010” a Festa da Caça, realizada nos dias 1 e 2 de Maio.
A 1ª edição da Festa da Caça foi bem a prova de que o Casteleiro está vivo e, mais que isso, de que é capaz de realizar um evento de âmbito regional. Durante dois dias, visitaram o Casteleiro milhares de pessoas. A animação foi constante, as ruas e os largos transpiraram vida!
Mas a Festa da Caça cumpriu ainda uma outra missão que importa registar: reavivou os laços entre a Aldeia e todos os seus filhos espalhados pelo Mundo. Essa foi a grande conquista!
Em 2011 a Festa terá lugar a 10, 11 e 12 de Junho.
E será um acontecimento…

28/12/2010

Sandra Fortuna é Personalidade do Ano 2010

O Viver Casteleiro elegeu a Dr.ª Sandra Fortuna como “Personalidade do Ano 2010”. A nossa conterrânea Sandra Fortuna tem desenvolvido uma intensa actividade em prol da causa pública, nomeadamente no Concelho do Sabugal. Com dedicação e mérito amplamente reconhecido nos mais diversos fóruns, tem levado longe o nome da sua aldeia cujas raízes faz sempre questão de lembrar.
A Sandra Fortuna é Vereadora da Câmara Municipal do Sabugal e, para além de uma intensa actividade política e na área da solidariedade social, é Presidente da Direcção do Lar de São Salvador do Casteleiro, onde tem vindo a concretizar um ambicioso projecto de modernização.
Jovem, com grande capacidade de trabalho e ambição de bem fazer, a Sandra é bem o exemplo de casteleirense de que todos nos devemos orgulhar.

O nosso Madeiro!

Como já vem de tradição, na noite da consoada, o local para pôr a conversa em dia é o madeiro, no Largo da Praça. E que bem que se estava lá! Um quentinho muito agradável vindo do grande madeiro, e com tantos conterrâneos que nesta época nos visitam ainda melhor. Sentia-se um grande calor humano.
Esta é uma noite linda....e perto do madeiro tem outro encanto.
A noite da consoada sabe sempre a pouco, mas......para o ano há mais!


Beatriz Costa

Jantar de Natal do CACC

No passado dia 23 de Dezembro, pelas 20.30h, reuniu-se um grupo de amigos, sócios e membros da Direcção e da Assembleia do CACC, na sede do Centro, para um jantar convívio.
Este jantar foi um jantar de Natal, mas onde se aproveitou para "discutir" algumas actividades e suas respectivas datas, a realizar em 2011. Um jantar onde não faltou animação e boa comida.
O Centro de Animação Cultural do Casteleiro, está de boa saúde e recomenda-se.
O CACC deseja a todos um FELIZ ANO NOVO!!!
Beatriz Costa

27/12/2010

A memória...das palavras (III)

Tal como prometi, cá estou, de novo, para mais uma viagem pelas entranhas linguísticas do nosso povo que vão perdurando no tempo, na conversa amena que travamos, aqui e ali, com as pessoas mais velhas. É fascinante observarmos como é fácil encontrar, ainda, este património, bem como o entusiasmo crescente dos nossos interlocutores, à medida que vamos caminhando pelas entranhas das suas vidas, povoadas de histórias sem fim.
Vamos a isso:

Laptchêro – caminho enlameado
Rbêro – pequeno ribeiro
Escalêra – degrau da escadaria
Balcão – escadaria
Banço – degrau da escada (geralmente de madeira)
Sarrar – serrar
Tchquêro – local onde guardavam os cabritos, quando retirados da mãe
Barbilho – pau colocado na boca dos cabritos ou borregos para deixarem de mamar
Vedar – período de tempo que a cria (cabrito, borrego, vitelo…) levava para se desabituar de mamar
Barraco – porco de cobrição
Agatcha-te – baixa-te
Carrapiço – rebento de um carvalho
Gravanços - grão de bico
Rnôvo – milho ou feijão depois de nascidos
Temporão – precoce
Serôdio – tardio
Enxotar – espantar
Pcthêgo – pêssego
Marigada – romã
Papino – pepino
Botêlha – abóbora
Sardêra – cerejeira
Nagalho – fio, cordel
Cangalhas – objecto de madeira que se coloca sobre os jumentos, para transportar estrume
Garrantchos – espécie de forquilha, com os dentes em garra. Serviam para tirar o estrume do curral.
Matchada – machada
Matchado – machada de grandes dimensões
Sarra – serra (instrumento cortante para cortar a madeira)
Tropeço – tronco de árvore onde se corta lenha em pedaços mais pequenos para alimentar o lume
Malha – castigo corporal com a mão ou qualquer instrumento. Pode significar também debulha de cereais
Sova – tem o mesmo significado que a palavra malha
Mordela – mordedura
Barrumas – verrugas
Descamisar – desfolhar o milho
Encarrapato – nú
Congra – congrua (tributo pago do padre por cada família com posses)
Trambolhão – tombo
Barrôco – penedo granítico de grandes dimensões
Tchaile – xaile
Comediantes – saltimbancos
Roçar – esfregar a casa; cortar mato
Conduto – carne ou peixe que acompanhe as batatas; queijo ou chouriça que acompanha o pão
Carne gorda – toucinho
Jornal – preço de um dia de trabalho
Peste – faísca proveniente da trovoada
Indrêta – curandeiro ortopedista

Prometo voltar, com mais memória…das palavras.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

22/12/2010

Natal no Casteleiro











No Casteleiro tudo a postos para mais uma quadra natalícia: o presépio e as iluminações no Largo de S. Francisco e o madeiro na Praça!

20/12/2010

A força da vereadora Sandra Fortuna

A jovem vereadora socialista Sandra Fortuna tem-se revelado um exemplo de rectidão e de tenacidade, que merece ser sinalizado. O momento político que o Sabugal atravessa faz reviver a efervescência dos eleitos, que a todo o tempo têm de mostrar estar à altura das responsabilidades.

O presidente da câmara, António Robalo, encontrou há alguns meses uma solução de estabilidade política para o executivo. Chegou lá com certa morosidade e tem avançado por caminhos erráticos, de avanços e recuos, de batidas no cravo e na ferradura, mas é certo ter condições para executar o seu programa.
Compreendo perfeitamente a lógica do acordo com Joaquim Ricardo, o vereador do MPT, dando-lhe um lugar de vereador em funções permanentes e ainda o malogrado cargo de presidente da Sabugal+. O lugar na empresa municipal era o garante absoluto de que Joaquim Ricardo lhe seria fiel, secundando-o nas votações e colocando de lado sinais de independência numa ou outra matéria.
Entretanto o facto consumado da demissão de Joaquim Ricardo de presidente da Sabugal+, em razão de pareceres que apontam para irregularidades na eleição, trazem à memória a conduta de António Robalo para com a sua colega de executivo, a vereadora Sandra, que com ele integrava a anterior administração da Sabugal+. Escudado no acordo fechado com Joaquim Ricardo, decidiu cortar a direito, não olhando a questões éticas. Sem informar aos restantes membros do conselho de administração, António Robalo apresentou a demissão de presidente da empresa no decurso de uma reunião do executivo, considerando que esse simples acto derrubava toda a administração em funções.
A vereadora socialista, revelando-se uma verdadeira mulher de armas (fazendo aqui recordar a grande autarca e também vereadora Lucinda Pires, sua conterrânea), manifestou-se ultrajada com a atitude torpe e desleal do presidente e abandonou a reunião, dizendo que regressaria quando se passasse ao ponto seguinte da ordem de trabalhos. O outro vereador do PS seguiu-lhe as passadas e na sala ficaram apenas os três eleitos pelo PSD e o do MPT.
Risonhos e convictos da inabilidade dos socialistas, os que ficaram trataram de preencher as vacaturas dos lugares no conselho de administração da empresa, com Joaquim Ricardo a votar serenamente na eleição de um novo elenco, encabeçado por si mesmo.
Posteriormente, a vereadora Sandra Fortuna, demonstrando ser atempada e empenhada na causa pública, munida de um parecer jurídico do seu partido, defendeu que a votação fora ilegal, e que a regularidade tinha de ser reposta. Para a calarem de vez pediram pareceres a entidades institucionais.
O presidente e os seus sequazes gozaram o pagode, tomando Sandra Fortuna por pateta.
Só que a vida traz surpresas: a tenacidade da Sandra não foi em vão porque os pareceres chegaram e eram peremptórios, indicando que as votações foram irregulares e todos os actos praticados eram anuláveis.
A demissão de Joaquim Ricardo é pois uma vitória política da jovem vereadora socialista, que se afirma como uma política corajosa, cuja força deve ser incentivada.

Paulo Leitão Batista


Texto publicado pela Gazeta do Sabugal

18/12/2010

Mas que terra activa, esta!

Fazendo uma viagem no tempo e recuando algumas dezenas de anos, deparamo-nos com o Casteleiro como sendo uma terra com uma vida activa muito diversificada. Para além dos trabalhos ligados à agricultura e pastorícia, que marcavam fortemente a labuta diária, constituindo os verdadeiros suportes da economia desta gente, existiam, paralelamente, um conjunto de profissões que nos ajuda a perceber melhor a autonomia que o Casteleiro demonstrava, nessa época.
O trabalho de pesquisa hoje apresentado pretende dar uma visão deste tempo, trazendo à lembrança e ao conhecimento, as várias profissões bem como os verdadeiros protagonistas, tentando manter a marca do registo linguístico, patente nas várias palavras utilizadas. Fica desde já, o meu pedido de desculpa às pessoas visadas e seus familiares, ao utilizar os nomes pelos quais eram mais conhecidas no nosso povo.
Passo a enumerar:

Sapatêro: Ti Luís Pinto; Ti Paralta; TZé Martins; Ti Martinho
Alfaiates: Tó Coxito; Mguel Coelho; Abílio Coxo; Tó Coxo; Mguel Beijina
Ferrêro: TJoão Ferrêro; Tó Ferrêro
Pedrêro: Senhor Venâncio (mestre); TJaquim Pedro (Catana); TJoão Catana; Manele Catana;
Carpintêro: TZé Melo; TZé Lopes
Tanoêro: TZé Melo (fazia e reparava pipas, dornas…)
Barbêro: Ti Náciso; Mudo
Ferrador: Ti Torra (colocava as ferraduras – protecção dos cascos – das vacas, burros…)
Costurêra: Senhora Maria Augusta; Ana Coxa; Alice costureira
Assougue (talho): TJaquim Soares ; Titôr; TJaquim Snêto
Pêchêra/Sardnhêra: Ti Carminda; Ti Rsolina
Caldêrêro / latoêro: TJoão Latoêro
Lagares de azête: Senhor Manelzinho; D. Maria d'Céu (lagar da Senhora)
Fornêra: TMari Bárbola; Ti Delfina (forneira)
Tabarnêro: TManel Silva; Tzé da Velha; Tórra
Negociante de animais: Zé Maria (cuecas) e pai
Negociante de sementes: TManel Abade; TJaquim Canêlo; Ti Américo Leitão
Merceeiros: Senhor Firmino; Senhor Tó Pinto; Senhor Zé Mourinha;
Bodguêra: Senhora Lpondina; Ti Pruficação (confeccionavam comida para casamentos, baptizados, festas religiosas… Faziam bodas e emprestavam a loiça para estes eventos)
Taxista: Senhor Quim Paiva; Quiel; TZé Pedro
Ganhão: TJaquim Blantim; TJaquim Nabais…
Pastor: Ti Farnhêra; Sabastião
Cantnêro: TZé Pires (Piralhas)
Guarda rios: Senhor Torrão
Eletsísta: Senhor Campos; Antónho eletsísta
Sarrador (serra madeiras para vários fins): Tmanel Sarrador e irmão
Covêro: TJaquim Barbas

Tomando como referência, este povo trabalhador e exemplar no percurso por tempos difíceis, aqui fica um grande desafio para esta geração actual.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

14/12/2010

O Natal sempre

O mês de Dezembro chega e com ele o Natal e o inevitável frio. Depois do Verão quente e do Outono mais ou menos temperado, eis que chega o inverno a arreganhar o dente. Devagar, quase pé ante pé, aproxima-se, ameaçador. Nas aldeias, o pouco movimento de rua deixa de existir. Há como que um recolher obrigatório e um apelo à lareira quase desactivada até então. Lá fora, o vento faz-se notar e com ele arrasta as folhas já secas que jazem no chão. O seu movimento faz lembrar um bailado onde as cores, entre o verde, o amarelo, o castanho e o tijolo, são as estrelas O assobio que emite arrepia as entranhas e leva-nos a imaginar um cenário ainda mais agreste. No aconchego das habitações, conversa-se e recordam-se bons e maus momentos, e fazem-se projectos – quem sabe?
Neste contexto os avós têm um papel importante – basta querer ouvi-los, são um manancial de sabedoria e experiência de vida. Por mim e quando posso sou fã. Passa uma semana, passam duas, passam três e devagarinho começa a ouvir-se repetidamente a palavra mágica:
- Natal!
E o alguidar, e os ovos, a aguardente, a laranja docinha, o azeite e o leite? Ah!… e a farinha? Será que não vai faltar? Que vergonha andar no último instante já com as mãos na massa a pedir farinha! Organizar é preciso para que nada falte. Chegado o dia e com tudo ao alcance, amassam-se as filhós, cozem-se as batatas com o bacalhau e as couves já quase cozidas pela geada. E que bem que sabe aquela mistura!..
No meu tempo era assim o Natal: simples, sem consumismos, sem desperdícios. Os afectos eram o mais importante e aconteciam sem esforço ou faz-de-conta; as prendas… talvez algum menino Jesus mais abastado resolvesse pôr no sapatinho que ficava junto à lareira ainda grande, algumas moedinhas ou rebuçados que ao outro dia faziam as delícias dos mais pequeninos.
No ar ficava o cheiro a lareira e a azeite frito e também a autenticidade, que, sobretudo esta última, aquecia os corpos e principalmente os corações.
Para todos um abraço de boas-festas com muita ternura à volta.
Bom Natal.





Texto de autoria de Maria Dulce Martins

10/12/2010

A memória...das palavras (II)

Há uns dias partilhei com todos aqueles que passam por este blogue, algumas das palavras que fazem parte da memória deste povo. Prometi voltar com novos exemplos dos percursos linguísticos que vão resistindo à voracidade do tempo.
Aqui vão:

Pão-leve – pão-de-ló
Meda – conjunto de molhos de centeio, aveia…acabados de ceifar
Jêra – porção de terra lavrada durante um dia, por uma junta (duas) de vacas. Representa cerca de meio hectare de terra
Alqueve – terra alta, preparada para a sementeira de cereais, normalmente centeio
Almude – medida de volume de origem árabe; cerca de 28 litros. Um cântaro de vinho leva 14 litros, ou seja meio almude
Dorna – vasilha cilíndrica formada de aduelas (tábuas de madeira de castanho), sem tampa e cujo diâmetro da boca é ligeiramente menor do que o do fundo. Servia para transportar uvas, em carros de bois, para o lagar. Tendo a boca mais estreita adquiria maior estabilidade nos caminhos maus e era, por isso, difícil voltar-se.
Balsêro – vasilha de tipo idêntico à “dorna”mas mais baixa e com os diâmetros da base e da boca sensivelmente iguais.
Borratchêra – bebedeira
Espitcho – orifício que se faz na pipa ou no pipo que tem vinho, para ver em que condições se está a fazer – “fazer a prova do vinho”. Depois tapa-se com um pauzinho afiado numa extremidade e untado de sebo.
Môtcho – banco de palha ou cortiça, baixo e quadrangular.
Putchêro – pequeno recipiente, geralmente de barro, que quase sempre estava junto à lareira, com chá, café… ou mesmo vinho com açúcar.
Têsto – tampa dos recipientes da cozinham (panela, tacho…)
Pilhêra – local da lareira, atrás do lume, para onde se costuma deitar a cinza. Esta era retirada de semana a semana.
Tanazas – tenazes
Tção – pedaço de lenha que não conseguiu arder completamente.
Aptchar – acender
Mourão – prateleira de granito sobre a lareira. Servia para ali colocar os palitos, novos e usados.
Palitos – fósforos
Caniço – grades de ripas colocadas no tecto da cozinha e que serviam para aí secar as castanhas.
Estrugir – fritar (batatas esturgidas = batatas fritas)
Amaga-te – baixa-te (obrigada Isabel Ângelo!)

E… nunca se esqueça que a língua (falada ou escrita) é parte integrante do património do nosso povo!

Prometo voltar com mais memórias das palavras.

"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

Assembleia Geral do CACC


07/12/2010

Esta palavra Casteleiro

Como e quando e fundado por quem nasceu o povoado onde nasci e que hoje começa a ter outra vez projecção?
De onde lhe vem o nome de Casteleiro?
Por intuição, sempre pensei que o mais lógico era que estivesse relacionado com castelo: fosse o Castelo de Sortelha, fosse um dos castros que haveria em bom número aqui na zona.
Para tanto, recuo sempre uns 13 ou 14 séculos na História e penso em tempos de dureza, de sobrevivência difícil, de lutas pela terra mais fértil, e também tempos de afirmação de autonomia e mesmo de soberania.
Por comodidade, sou levado a pensar em cristãos e mouros.
Fiz umas pesquisas na net.
Não há muitos registos. Menos ainda que se refiram mesmo à nossa terra.
Mas alusões a castelo, a lendas e a especulações encontrei algumas.
Há por lá muita coisa que faz pouco sentido. Mas há uma linha de raciocínio que se ajusta mais ao que sempre pensei e que não é contrariado pelo que pode ser uma linha de continuidade com a tradição oral - a mais provável fonte de História neste caso, à falta de investigações da UNESCO...
Vamos então ao resultado - sem esquecer que deixei para trás dois registos prometidos e a que regressarei um dia destes: os expedicionários que do nosso Casteleiro partiram para a guerra na França em 1916; e a exploração de produtos da terra para lá dos agrícolas: os metais e os minerais, água incluída - e suas implicações no desenvolvimento da nossa terra, apesar de tudo...

Casteleiro, dono de castelo

Começo pelo que é firme, certo e seguro: na sua origem, a palavra que está nas placas das curvas de começo e fim da nossa aldeia, relaciona-se sempre com «castelo»: como adjectivo significa sempre algo que diz respeito ao castelo; como substantivo significa «castelão», ou seja, o dono do castelo.
Leia aqui, por todos.
Ou então: «casteleiro» pode ser o mesmo que «castelário», como li aqui.

Uma lenda, um beijo, uma fuga

Claro que há aquela lenda agradável e interessante de ler: a princesa apaixonou-se pelo árabe, deram um beijo eterno que está plasmado na rocha... e os pais, donos do castelo de Sortelha, com o desgosto, renunciaram ao castelo e refugiaram-se nas suas terras do vale, na nossa terra. Como eram os «casteleiros», donos do castelo, a terra que fundaram passou a chamar-se assim.
Tem piada, relaciona-se com o facto de o Casteleiro, desde esse século XIII até 1855 ter feito parte do concelho de Sortelha, mas nada mais do que isso: tem pouco a ver com a realidade da época, parece-me. Nem no Casteleiro resta nada que possa ser levado à conta de casa apalaçada que os senhores de Sortelha certamente teriam construído para viverem. Não estou a ver um senhor feudal a viver numa casinha das mais antigas do Casteleiro.
Para ler sobre isto algo inserido na net por alguém do Casteleiro, pode ler aqui.

Casteleiro, construtor de castelos

Mas, mais do que relacionado com os donos do castelo, acho que o nome da nossa terra pode estar relacionado com trabalho no castelo. Casteleiro deve também ser registado como o pedreiro, aquele que construiu com os seus braços o castelo.
Como se lê aqui, por exemplo.
Qual castelo?
O de Sortelha pareceria ser a resposta óbvia.
Mas acho curto.
O de Sortelha só foi construído no século XIII.
Mas antes dele, no mesmo sítio, havia já construções defensivas.
Acho que estamos a falar de tempos mais recuados. Sinto que uns 500 anos antes disso.
Haveria por aqui outras fortificações não tão elaboradas nem tão poderosas mas igualmente importantes para a sua época: os castros, como hoje se designam, mas que na altura, por influência romana e galega/castelhana, certamente andaria perto de castillo, a palavra do país do lado para essas construções já nesse tempo: «castillo», castilo, castelo, castelano, castelão, casteleiro... sei lá. Uma coisa destas, para designar os donos dos braços que construíam os castros aqui à volta da nossa terra.
A reforçar esta minha preferência, o facto de na nossa terra tradicionalmente sempre ter havido muitos pedreiros, muita gente relacionada com a construção civil.
E nesta coisa da origem das coisas, a tradição vale muito...







"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes



06/12/2010

Biodiversidade Nocturna



O ano que está quase a terminar foi o Ano Internacional da Biodiversidade, como já aqui tinha referido anteriormente. Hoje, escrevo para divulgar um projecto em que me inscrevi e que pode ter interesse para a nossa Freguesia, saber as espécies de aves nocturnas que existem.
Consiste na observação de cinco pontos dentro da área da freguesia, escutar durante 10 minutos e seguir para outro ponto e repetir esta visita três vezes por ano.
Este projecto é desenvolvido pela SPEA (http://www.spea.pt/) – Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves e designa-se Programa de Monitorização de Aves Nocturnas em Portugal Continental, ou Grupo de Trabalho Aves Nocturnas.
Principais objectivos do GTAN

1. Aumentar o conhecimento sobre as aves nocturnas (Strigiformes e Caprimulgiformes) em Portugal, através da promoção de estudos sobre estas espécies.
2. Identificar prioridades de conservação e promover a implementação de medidas de conservação dirigidas às aves nocturnas.
3. Compilar e divulgar a informação existente sobre aves nocturnas em Portugal.
4. Promover acções de sensibilização sobre as aves nocturnas.

As espécies que poderemos ter são:
Coruja-das-torres Tyto alba
Bufo-pequeno Asio otus
Mocho-d'orelhas Otus scops
Coruja-do-nabal Asio flammeus
Bufo-real Bubo bubo
Noitibó-cinzento Caprimulgus europaeus
Mocho-galego Athene noctua
Noitibó-de-nuca-vermelha Caprimulgus ruficollis
Coruja-do-mato Strix aluco Alcaravão Burhinus oedicnemus

Quem souber em que zonas da nossa freguesia se podem encontrar algumas destas aves, deixe aqui comentário.
Quem quiser participar nas actividades comigo é só dizer.
Penso que este tipo de iniciativas tem importância para colocar o Casteleiro nos mapas deste tipo de projecto. Podemos ter alguma espécie importante a preservar e não a podemos deixar desaparecer.
Gostaria em breve de poder iniciar também um estudo da flora da nossa freguesia. Entendo que tem todo o interesse, para preservar as espécies existentes, uma vez que algumas podem estar a desaparecer com o progressivo abandono da agricultura.





"Ambiente agrícola e espaço florestal"
espaço de opinião de autoria de Ricardo Nabais

04/12/2010

Festa da Caça 2011


A II edição da Festa da Caça já tem data:
10, 11 e 12 de Junho de 2011.
Três dias de Festa que pode já marcar na sua agenda.

Casteleiro…aceite o desafio!

01/12/2010

Recordar é viver: o Magusto






















O Casteleiro continua a deslumbrar e a agradar, trazendo para o palco da vida as tradições de antanho; o Casteleiro não pára e os casteleirenses sabem porquê.
É que as tradições, os usos e costumes estão a ser divulgados e vividos ao vivo, no tempo e em épocas próprias.
Para além da matança do porco, o testamento do galo, os Entrudos e a festa da caça, teve lugar no dia 28 de Novembro findo, no Largo de São Francisco, graças ao Centro de Animação Cultural do Casteleiro, um magusto, relembrando os magustos que, em tempos idos, por altura de S. Martinho, as crianças das escolas e adultos faziam, em lajes, com caruma.
Marcado, propositadamente, para depois da missa dominical que foi celebrada às 15 horas, o magusto era sinal de ponto de encontro dos Casteleirenses.
As castanhas assadas num assador, genuíno e invulgar com a tradicional caruma a arder, esperadas eram com ansiedade e apetite e lá apareceram em quantidade.
E, enquanto umas se comiam, regadas com a boa jeropiga e água-pé, de propósito feitas para o efeito, outras se assavam não faltando também as febras assadas para quem quisesse.
E para que o magusto tivesse mais animação não faltou música a rodos e quadras à desgarrada, acompanhadas por uma acordeonista da responsabilidade da Empresa Municipal Sabugal+ a quem apresentamos os nossos agradecimentos.
Para o ano teremos mais surpresas, assim o esperamos.





Texto e fotos de Daniel Machado