25/10/2010

Passeio à Golegã


O Centro de Animação Cultural do Casteleiro promove no próximo dia 13 de Novembro (Sábado) um passeio/convívio à XXXV Feira Nacional do Cavalo, na Golegã.
As inscrições estão abertas com preços convidativos: €15 para sócios e €17.50 não sócios.

Programa:
08:00H- Partida do Largo de São Francisco.
09:30H- Paragem para o Peq. Almoço (livre).
10:45H- Chegada à Golegã.
(Desde a hora de chegada à hora de partida a visita é livre).
18:00- Partida rumo ao Casteleiro.

24/10/2010

Ligações para a vida

Era com amizade e respeito que, nos idos anos sessenta/setenta, os jovens se relacionavam. Nessa altura, construímos ligações que ficaram para a nossa vida. Todos os dias no fim da sua actividade habitual se juntavam em sítios de referência, nos largos mais amplos: a Praça, o Terreiro de S. Francisco, o Largo do Chafariz das duas bicas. Então começavam as brincadeiras e as gargalhadas, que ecoavam à distância. Coisas de jovens a precisarem de distrair e de partilhar a alegria que lhes ia no peito.
Mesmo não se podendo alongar muito porque ao outro dia era preciso levantar cedo, não dispensavam aqueles momentos de prazer e descontracção.
O domingo era dia de descanso, dia de se embelezarem com as roupas guardadas para o efeito. Chegava o momento de cumprir os deveres religiosos. Como na altura não havia crise de sacerdotes, a missa era sempre ao meio-dia, salvo raras excepções.
Era ver os grupos de jovens, muitos jovens, rua abaixo vaidosos e seguros da sua juventude. Os rapazes concentravam-se na Praça e, malandrecos, procuravam o melhor ângulo de visão para observarem o desfile das beldades. Um jogo de sedução próprio da idade, que fazia com que ambas as partes gozassem o momento.
Acabada a missa e depois do almoço, começavam os grupos a juntar-se, rapazes e raparigas mais ao menos separados, pois as regras da altura eram apertadas.
Apesar disso, eram inevitáveis as trocas de olhares, que eram a denúncia de algumas paixões em gestação, à espera do momento certo. Em muitos casos, isso deu em casamentos – muitos dos quais ainda hoje estão de pedra e cal.
Começava então o passeio dominical estrada-abaixo-estrada-acima sem parar, com um pequeno intervalo para o jantar. Depois continuam à noite até á hora de ir para a cama, exaustos e com o coração a palpitar de entusiasmos.
Era um grupo unido, dinâmico e participativo, sempre pronto a aceitar as propostas que nos eram feitas para animar a vida da aldeia. Desde fazermos parte do coro da igreja, até ministrar a catequese aos mais pequenos, fazíamos pequenas peças de teatro engraçadas no Centro, que eram um divertimento para a população e aldeias vizinhas. Ao Casteleiro chegavam pessoas que à noite, enchiam o salão e faziam fila em bicos de pé, tentando ver alguma coisa. Devido a esse interesse, tínhamos que repetir no fim-de-semana seguinte. Eram também frequentes, as saídas em passeio aos mais diversos sítios, por exemplo a Lisboa, a assistir a acontecimentos de relevo. Estas actividades eram orientadas pelo pároco de então, Padre José Pires. Como já disse, os rapazes eram afastados destas lides, por serem «perigosas aves de rapina». Havia que manter as miúdas longe do perigo. Era sinal da altura.
O Casteleiro tinha cor e dinâmica. Foram tempos felizes e ainda hoje quando nos encontramos, recordamos com saudade essa época.
A brincadeira era muita, e a amizade também. Eram tempos em que a palavra solidariedade ainda fazia sentido.
Não acham que por exemplo esta ideia das peças de teatro era também uma boa forma de hoje dinamizar mais a população e os jovens?





Texto de autoria de Maria Dulce Martins

18/10/2010

Abóboras!

No Casteleiro, é tempo de recolha de abóboras. Mas o transporte nem sempre é fácil!









10/10/2010

Urgente acreditar!


O Jardim-Escola do Casteleiro está temporariamente encerrado.
Reforço “temporariamente”, porque acredito que brevemente as crianças do Casteleiro vão voltar a correr, sorrir e viver aquele espaço!
Nada, mas mesmo nada, é irreversível.
É necessário e urgente acreditar!




"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

04/10/2010

Casteleiro, 1918: na rota da modernidade

Hoje vou recordar factos de 1918, há exactamente 92 anos, porque nesse ano o Casteleiro marcou um ponto – embora por razões infelizes. Leia que vale a pena.
Já ouviu falar de Amadeo de Souza-Cardoso, o pintor famoso? Morreu em 1918, da Gripe Pneumónica.
Já ouviu falar do assassínio do Presidente da República Sidónio Pais? Foi em 1918.
Sabe quando terminou a I Grande Guerra? Foi em 1918.
Mas por que é que estou a insistir tanto em 1918?
E como é que isso me leva a algo de interessante sobre o Casteleiro?
Já vai ver.
Já ouviu falar da Pneumónica ou Gripe Pneumónica (Gripe Espanhola)?
Foi em 1918 / 19.
É aqui que entra o Casteleiro. Eu explico: nesse exacto ano de 1918 e no ano seguinte morreram no Casteleiro muitas pessoas com a Pneumónica. Morreram tantas pessoas que o Padre da terra já não dava «bincemento» (vencimento, claro), – ou seja, já não conseguia fazer os funerais todos, que chegavam a ser aos 4 e 5 por dia.
Então, no Casteleiro foi tomada uma decisão revolucionária para a altura: uma mulher passou a ser aquilo a que hoje chamaríamos «diácona»: era ela que fazia os funerais. Era a «t’ Mari Sacrestoa», cujo nome real era Maria Mendes. Morava na Carreirinha e não se lhe conhece família no Casteleiro. Morreu já muito velhinha. Escapou pois à Pneumónica.
Reparem quanto isto era revolucionário, embora em situação de necessidade e crise por causa da Gripe Espanhola. Mas aconteceu. Talvez não saibam que a Igreja nunca aceitou que as mulheres desempenhassem estas tarefas. Só depois do Concílio Vaticano II, depois de 1960, é que isso foi permitido às mulheres.

Registem: a nossa terra esteve em certo momento na rota da modernidade no seio da Igreja.
Eu descobri isso muito recentemente e quero partilhar com os leitores.





"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes

01/10/2010

Os Netos do Casteleiro

Todas as memórias aqui faladas e descritas são feitas por pessoas da idade dos meus pais Casteleirenses de gema.
Então e as memórias dos seus progenitores? Nascidos em terras onde lhes davam empregos ou onde “tinha calhado” comprar casa ali e ali viver.
Os filhos de filhos casteleirenses também têm muito boas recordações….
Todas as férias eram passadas no Casteleiro.
Juntamente com as primas, umas que lá viviam, outras da “cidade” como eu, que iam de férias também, para casa das avós.
Fui criada na cidade com a minha avó Aurélia, mas assim que tinha férias da escola lá íamos as duas na “Carreira” ou no comboio rumo ao Casteleiro.
A época que eu mais gostava era do Natal!
O Natal era passado em casa da minha tia Zulmira Cameira.
A Tia Zulmira! Que faz um arroz doce “divinal”…Tudo lá em casa era “diferente”…. O cheiro do estrume das vacas que vinha da loja….o cheiro a lume da lareira…os gatos, os cães que pareciam falar, o “marrano” lá no seu curral….até o leite acabado de ordenhar, que bebia ainda quente….
E O PINHEIRO do Natal!
Vésperas de Natal, nós, as primas, íamos em busca do pinheiro e do musgo. O Pinheiro era cortado com um malho e trazido para casa a arrastar. Como era pesado! Ou então trazíamo-lo no carro das vacas (o que nos dava uma grande ajuda!)
No dia 24 de Dezembro depois de jantar lá íamos dar uma “espreitada” até ao Madeiro…que coisa maravilhosa! Um lume Grande! Uma lareira Gigante! Como eu adorava aquilo….
Dia de Natal quando acordávamos ia-mos ver as nossas botas…e…. cheia de rebuçados….juntamente com uma moedinha….
Na casa da Avó Maria gostava de ver matar o porco e cortar a carne para fazer as “chouriças” naquela tábua com um prego no meio. A seguir encher a tripa do porco com as febras e dava á minha avó para as atar.

No verão….ainda apanhava o último dia de aulas da minha prima Isabel…então aquele dia era dia de ir para a escola com ela…que bom!
Piolhos, carraças, amigdalites…. Tive direito a tudo….:)
As festas de Verão… os bailaricos onde dançávamos a noite toda e ao fim da noite ir descalça para casa, pela rua da Estrada, onde o alcatrão ainda queimava os pés àquela hora da noite…
Os “banhos” de piscina (feitos no lagar da avó Etelvina) enchidos à mangueira, até termos água pelos joelhos…
As idas ao chafariz das duas Bicas buscar água nos jarros azuis....e passa-los para os potes de barro que estavam na cantareira….
Os jantares no “balcão” da Avó Maria, e cada vez que o sino dava horas, tudo tinha de se calar….tal era o som ensurdecedor....
Lavar a roupa na ribeira, transportada em “banheiras” grandes, e corá-la na relva ao sol, com sabão de “potaça”… “banheiras” tão grandes, que tomava-mos banho nelas…ao Domingo!
Andar na “burra” da minha Bisavó (Etelvina), fazer a vindima na “serra” no carro das vacas….ser picada por abelhas…e por fim pisar as uvas já no lagar…
Enfim….recordações de “meninas” da cidade que aos 37 anos recordam como se tivesse sido no Verão passado….

Texto de autoria de Susana Leitão