Hoje vou recordar factos de 1918, há exactamente 92 anos, porque nesse ano o Casteleiro marcou um ponto – embora por razões infelizes. Leia que vale a pena.
Já ouviu falar de Amadeo de Souza-Cardoso, o pintor famoso? Morreu em 1918, da Gripe Pneumónica.
Já ouviu falar do assassínio do Presidente da República Sidónio Pais? Foi em 1918.
Sabe quando terminou a I Grande Guerra? Foi em 1918.
Mas por que é que estou a insistir tanto em 1918?
E como é que isso me leva a algo de interessante sobre o Casteleiro?
Já vai ver.
Já ouviu falar da Pneumónica ou Gripe Pneumónica (Gripe Espanhola)?
Foi em 1918 / 19.
É aqui que entra o Casteleiro. Eu explico: nesse exacto ano de 1918 e no ano seguinte morreram no Casteleiro muitas pessoas com a Pneumónica. Morreram tantas pessoas que o Padre da terra já não dava «bincemento» (vencimento, claro), – ou seja, já não conseguia fazer os funerais todos, que chegavam a ser aos 4 e 5 por dia.
Então, no Casteleiro foi tomada uma decisão revolucionária para a altura: uma mulher passou a ser aquilo a que hoje chamaríamos «diácona»: era ela que fazia os funerais. Era a «t’ Mari Sacrestoa», cujo nome real era Maria Mendes. Morava na Carreirinha e não se lhe conhece família no Casteleiro. Morreu já muito velhinha. Escapou pois à Pneumónica.
Reparem quanto isto era revolucionário, embora em situação de necessidade e crise por causa da Gripe Espanhola. Mas aconteceu. Talvez não saibam que a Igreja nunca aceitou que as mulheres desempenhassem estas tarefas. Só depois do Concílio Vaticano II, depois de 1960, é que isso foi permitido às mulheres.
Registem: a nossa terra esteve em certo momento na rota da modernidade no seio da Igreja.
Eu descobri isso muito recentemente e quero partilhar com os leitores.
Já ouviu falar de Amadeo de Souza-Cardoso, o pintor famoso? Morreu em 1918, da Gripe Pneumónica.
Já ouviu falar do assassínio do Presidente da República Sidónio Pais? Foi em 1918.
Sabe quando terminou a I Grande Guerra? Foi em 1918.
Mas por que é que estou a insistir tanto em 1918?
E como é que isso me leva a algo de interessante sobre o Casteleiro?
Já vai ver.
Já ouviu falar da Pneumónica ou Gripe Pneumónica (Gripe Espanhola)?
Foi em 1918 / 19.
É aqui que entra o Casteleiro. Eu explico: nesse exacto ano de 1918 e no ano seguinte morreram no Casteleiro muitas pessoas com a Pneumónica. Morreram tantas pessoas que o Padre da terra já não dava «bincemento» (vencimento, claro), – ou seja, já não conseguia fazer os funerais todos, que chegavam a ser aos 4 e 5 por dia.
Então, no Casteleiro foi tomada uma decisão revolucionária para a altura: uma mulher passou a ser aquilo a que hoje chamaríamos «diácona»: era ela que fazia os funerais. Era a «t’ Mari Sacrestoa», cujo nome real era Maria Mendes. Morava na Carreirinha e não se lhe conhece família no Casteleiro. Morreu já muito velhinha. Escapou pois à Pneumónica.
Reparem quanto isto era revolucionário, embora em situação de necessidade e crise por causa da Gripe Espanhola. Mas aconteceu. Talvez não saibam que a Igreja nunca aceitou que as mulheres desempenhassem estas tarefas. Só depois do Concílio Vaticano II, depois de 1960, é que isso foi permitido às mulheres.
Registem: a nossa terra esteve em certo momento na rota da modernidade no seio da Igreja.
Eu descobri isso muito recentemente e quero partilhar com os leitores.
"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes
Gostei do texto e da informação, desconhecia a gripe Pneumónica.
ResponderEliminarÈ bom saber histórias da nossa aldeia.
Parabéns e continuem...
Bia
Muito bem! Grande descoberta...!ou pesquisa?
ResponderEliminarPneumónica, tambem é da minha lembrança(das conversas com quem viveu essa tragédia.)Muita gente chegava à nossa terra para fugirem da guerra do país vizinho.Muita angústia e miséria fustigava toda a gente.Tempos difíceis!!
Obrigada por nos brindar com textos memoráveis. H.Fonseca
H Fonseca,
ResponderEliminarTanto quanto consegui apurar, na altura da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) houve de facto alguns cidadãos da vizinha Espanha que vieram para Portugal. E não pensem que eram só pobres que fugiam. Por exemplo: na Quinta da S' Dona Maria do Céu (era assim que se dizia, não era?) estiveram 4 ou 5 refugiados da alta sociedade espanhola. Na Serra da Pena, houve também alguns refugiados a trabalhar para a empresa espanhola que ali explorava então as Águas Radium (antes dos ingleses, que as exploraram durante a II Guerra: 1939-1945).
Há no Casteleiro familiares desses empregados, dizem-me.
Mas atenção: tudo isto é bem depois da Gripe Pneumónica, que ocorreu, como disse, em 1918/1919 - depois da I Guerra Mundial (1914-1918, na qual, digo-o já, alguns homens do Casteleiro combateram e outros estiveram mobilizados e já não chegaram a partir, felizmente.
Um dia conto quem foram esses soldados.
Pois....espero bem que conte, porque a história estava a ser interessante.
ResponderEliminarAfinal o Casteleiro tem histórias....que merecem ser contadas....fico á espera=)
Bia