27/06/2012

Sardinhada de São Pedro

É já no próximo sábado, dia 30, a partir das 19 horas, que se realiza a tradicional sardinhada de S.Pedro oferecida a toda a populção pela Junta de Freguesia. Aqui fica o convite, inclusivé a todos os leitores do Viver Casteleiro.



CACC - Passeio de Verão


Como já vem sendo hábito, no passado dia 16 de Junho realizou-se o Passeio de Verão promovido pelo Centro de Animação Cultural do Casteleiro. Os casteleirenses reuniram-se bem cedo no Largo de São Francisco para rumarem até Aveiro. As condições meteorológicas pareciam não ajudar mas a viagem decorreu animada e, à medida que nos aproximávamos do nosso destino, o entusiasmo aumentava. Depois de tomarmos o pequeno-almoço sob o céu nublado, seguimos viagem até Aveiro onde nos esperavam os moliceiros para um agradável passeio pela Ria.
Por volta do século X, o mar atingia os actuais Concelhos de Estarreja e Aveiro, submergindo outros como Ovar, Murtosa e Mira, posteriormente, no século XVI, recuou dando origem a este complexo estuário conhecido como Ria de Aveiro. Embora seja conhecida por Ria, na realidade trata-se de uma laguna, uma vez que a ligação ao mar foi estabelecida artificialmente pela abertura de uma barra no cordão litoral. O magnífico enquadramento geográfico e a fonte de recursos naturais que a Ria disponibiliza tornou-a um atractivo turístico, sendo comum os passeios nos tradicionais moliceiros pelos canais da Ria. Os moliceiros, embarcações de linhas elegantes com painéis decorativos exuberantes, vagueiam pela Ria permitindo aos turistas contemplar a paisagem mas outrora destinavam-se exclusivamente à apanha do moliço, nome dado às plantas aquáticas usadas como fertilizante na agricultura.

Depois de deambularmos pela Ria no moliceiro, tivemos a oportunidade de provar e aprender a confeccionar os famosos ovos-moles. Os mais arrojados meteram a “mão na massa” ajudando no enchimento e corte destes doces tradicionais tipicamente envolvidos em formas de hóstia com desenhos marítimos. 

Por fim, visitamos a Funceramics despertando o nosso interesse para os trabalhos em cerâmica. Para além de uma explicação teórica da Roda de Oleiros houve demonstrações práticas com criação de peças. 

Muitos quiseram trazer peças de barro como recordação da passagem por Aveiro.
De regresso a casa ficou a promessa de que para o ano há mais…
 Ricardo Fortuna


A "Volta" passa no Casteleiro

Dia 23 de Agosto, a 7ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta vai passar no Casteleiro.

NÃO à reorganização de freguesias

A Assembleia de Freguesia de Casteleiro, reunida no passado dia 23 deliberou, por unanimidade, manifestar a sua oposição à aplicação da Lei 22/2012 que aprovou o regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica.


12/06/2012

O mês de Junho e Camões


O mês de Junho é por excelência o mês do mais insigne e genial vate português, Camões e dos três mais populares santos, St.º António, S. João e S. Pedro, assim:
10 de Junho - Camões
13 de Junho - St.º António
24 de Junho - S. João
29 de Junho - S. Pedro
É sobre o 10 de Junho e Camões que iremos tecer algumas considerações, lembrando que até ao dia 24 de Abril de 1974, o 10 de Junho era “DIA DE CAMÕES, DE PORTUGAL E DA RAÇA”, passando depois a ser considerado o “DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS,” espalhadas por todo o mundo.
De Camões, pena é que grande parte da sua biografia ande envolta em sombras e cuja verdade histórica esteja longe de se conhecer em definitivo. E se algo de muito e bom chegou até nós, inverosímil, porém, é que a sua data de nascimento, de naturalidade e de outros acontecimentos não sejam ao certo conhecidos, já que o imortal épico português tal não merecia. Assim, diz-se que, numa breve biografia que até nós chegou, “Camões, de nome Luís Vaz de Camões, filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, terá nascido em 1524 ou 1525 e Lisboa e Coimbra disputam entre si o berço do seu nascimento.
De 1531 a 1541 terá ido a estudar Humanidades para Coimbra, cuja licenciatura não concluiu por se ter envolvido em vários desacatos, o que provocou a sua ida para Lisboa. Em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da Corte de D. João III, foi afastado da Corte, onde permaneceu de 1542 a 1545 e desterrado para o Ribatejo, por, diz-se, morrer de amores pela formosa Dona Catarina de Ataíde, a quem ele imortalizou sob o anagrama de Natércia. Continuando com uma vida leviana e os planos amorosos terem ido por água abaixo, ao ver-se desiludido com tudo isto, solicita ao Rei para ir para a guerra no Norte de África. Aceite o pedido, em 1547 vai para o Norte de África, onde na batalha não morre, mas tem a infelicidade de ficar sem o olho direito.
Finda a missão em África, três anos mais tarde, regressa a Lisboa, onde não tarda em voltar à vida de boémio e envolvendo-se novamente em desacatos, em 16 de Junho de 1552 fere, numa rixa, Gonçalo Borges, funcionário da Corte, o que lhe valeu um ano de prisão, onde diz-se ter composto o primeiro Canto de “Os Lusíadas.”
Libertado, em 7 de Março de 1553, por carta régia de perdão, assinada por D. João III, no mesmo ano é enviado para a India com o resto da Armada. No caminho marítimo para a India conhece diversas civilizações e culturas, adquirindo assim muita experiência para escrever os poemas.
Em Goa participa em várias expedições, continua a escrever “Os Lusíadas” e parte depois para Macau, onde numa gruta, vivendo em condições horríveis, escreveu a maior parte de “Os Lusíadas”.
Em Macau ainda, foi Provedor dos Defuntos e Ausentes. Acusado de irregularidades, prenderam-no e sob prisão volta para Goa. Nesta viagem teve um trágico naufrágio de que saiu são e salvo, bem como “Os Lusíadas.” 
Chegado a Goa, posto em liberdade, graças à influência do Conde de Redondo, teve logo de sair e voltar para Portugal, mas como não havia barcos para Portugal, parte de Goa para Moçambique, para depois seguir para Lisboa. 
Em Moçambique, continuando a viver na miséria, encontrou lá um velho amigo de nome Diogo do Couto que o traz de volta a Lisboa (1569).
Já em Lisboa goza os seus últimos anos de vida com dificuldade e, já doente e a viver de esmolas, em 1572 consegue publicar “Os Lusíadas”, graças á influência de vários amigos, junto do rei D. Sebastião.
Como recompensa régia é-lhe concedida uma tença anual de 15.000 réis, uma mísera esmola que não o impediu de viver na miséria durante os restantes anos de vida e, na miséria, viria a morrer de doença cardíaca, no dia 10 de Junho de 1580, em Lisboa, cujo enterro foi pago por uma Instituição de Caridade, a Companhia dos Cortesãos.”
Com “Os Lusíadas” publicados, personificando primorosamente a Raça Lusa e tão magistralmente neles narrados e cantados os grandes e heroicos feitos dos Portugueses, Camões, ilustre vate português, após privações e conturbada vida, incompreensivelmente, não tendo sido lembrado em vida, na morte, só em 10 de Junho de 1933 se comemorou pela primeira vez, a nível nacional, o 10 de Junho, como “DIA DE CAMÕES”, para depois passar a ser “DIA DE CAMÕES, DE PORTUGAL E DA RAÇA”.
E como, em todos os anos, esta celebração vem sendo habitual, Lisboa, designada pelo Sr. Presidente da República, foi a sede das comemorações do dia 10 de Junho de 2012, o então “Dia DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS”, ano em que decorridos são 432 anos sobre a sua morte, Camões, militar valoroso, poeta insigne, bem mereceu  tão honrosa distinção, pecando por tardia, porque foi e é, sem dúvida, o Príncipe dos poetas, jamais igualado e frustradamente imitado, a não ser nos transes da ventura, como atesta a poesia dum outro grande poeta que foi Bocage, abaixo transcrita:

A CAMÕES
Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado igual ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo
Arrostar c’o sacrílego gigante;

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.      
         
Ludíbrio, como tu, da sorte dura,
Meu fim demando o Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
         
Modelo meu tu és… mas - oh, tristeza!...
Se te imito nos transes de ventura,
Não te imito nos dons da natureza!

Se bem que este soneto traduz a claro o valor e enaltecimento do autor de “Os Lusíadas”- Epopeia Nacional - que, numa antevisão maravilhosa, cantou e esculpiu com letras de ouro toda a glória da “Ocidental Praia Lusitana”, não nos poderemos furtar a dizer que, se “Os Lusíadas”, com a tessitura do condigno poema épico que é, o imortalizaram e o tornaram sobejamente bem conhecido em todo o mundo, não é menos digno de imortalidade como lírico. Nesta qualidade foi também exímio no emprego da métrica tradicional de redondilha e aperfeiçoou genialmente as suas formas que Sá de Miranda importara. 
Para corroborar esta nossa afirmação, eis, ao acaso, um dos muitos sonetos que nos legou:

ALMA MINHA…

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste!

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E, se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou!


 


"Daqui Viseu", espaço de opinião de autoria de Daniel Machado