O mês de Junho é por excelência o
mês do mais insigne e genial vate português, Camões e dos três mais populares
santos, St.º António, S. João e S. Pedro, assim:
10 de Junho - Camões
13 de Junho - St.º António
24 de Junho - S. João
29 de Junho - S. Pedro
É sobre o 10 de Junho e Camões que
iremos tecer algumas considerações, lembrando que até ao dia 24 de Abril de
1974, o 10 de Junho era “DIA DE CAMÕES, DE PORTUGAL E DA RAÇA”, passando depois
a ser considerado o “DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS,”
espalhadas por todo o mundo.
De Camões, pena é que grande parte
da sua biografia ande envolta em sombras e cuja verdade histórica esteja longe
de se conhecer em definitivo. E se algo de muito e bom chegou até nós,
inverosímil, porém, é que a sua data de nascimento, de naturalidade e de outros
acontecimentos não sejam ao certo conhecidos, já que o imortal épico português
tal não merecia. Assim, diz-se que, numa breve biografia que até nós chegou,
“Camões, de nome Luís Vaz de Camões, filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de
Sá e Macedo, terá nascido em 1524 ou 1525 e Lisboa e Coimbra disputam entre si
o berço do seu nascimento.


Libertado, em 7 de Março de 1553,
por carta régia de perdão, assinada por D. João III, no mesmo ano é enviado
para a India com o resto da Armada. No caminho marítimo para a India conhece
diversas civilizações e culturas, adquirindo assim muita experiência para
escrever os poemas.

Em Macau ainda, foi Provedor dos
Defuntos e Ausentes. Acusado de irregularidades, prenderam-no e sob prisão volta
para Goa. Nesta viagem teve um trágico naufrágio de que saiu são e salvo, bem
como “Os Lusíadas.”

Em Moçambique, continuando a viver
na miséria, encontrou lá um velho amigo de nome Diogo do Couto que o traz de
volta a Lisboa (1569).
Já em Lisboa goza os seus últimos
anos de vida com dificuldade e, já doente e a viver de esmolas, em 1572
consegue publicar “Os Lusíadas”, graças á influência de vários amigos, junto do
rei D. Sebastião.

Com “Os Lusíadas” publicados,
personificando primorosamente a Raça Lusa e tão magistralmente neles narrados e
cantados os grandes e heroicos feitos dos Portugueses, Camões, ilustre vate
português, após privações e conturbada vida, incompreensivelmente, não tendo
sido lembrado em vida, na morte, só em 10 de Junho de 1933 se comemorou pela
primeira vez, a nível nacional, o 10 de Junho, como “DIA DE CAMÕES”, para
depois passar a ser “DIA DE CAMÕES, DE PORTUGAL E DA RAÇA”.
E como, em todos os anos, esta
celebração vem sendo habitual, Lisboa, designada pelo Sr. Presidente da
República, foi a sede das comemorações do dia 10 de Junho de 2012, o então “Dia
DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS”, ano em que decorridos
são 432 anos sobre a sua morte, Camões, militar valoroso, poeta insigne, bem
mereceu tão honrosa distinção, pecando
por tardia, porque foi e é, sem dúvida, o Príncipe dos poetas, jamais igualado
e frustradamente imitado, a não ser nos transes da ventura, como atesta a
poesia dum outro grande poeta que foi Bocage, abaixo transcrita:
A CAMÕES
Camões, grande Camões, quão
semelhante
Acho teu fado igual ao meu, quando
os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o
Tejo
Arrostar c’o sacrílego gigante;
Como tu, junto ao Ganges
sussurrante,
Da penúria cruel no horror me
vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão
desejo,
Também carpindo estou, saudoso
amante.
Ludíbrio, como tu, da sorte dura,
Meu fim demando o Céu, pela
certeza
De que só terei paz na sepultura.
Modelo meu tu és… mas - oh,
tristeza!...
Se te imito nos transes de
ventura,
Não te imito nos dons da natureza!

Para corroborar esta nossa
afirmação, eis, ao acaso, um dos muitos sonetos que nos legou:
ALMA MINHA…
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste!
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E, se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
"Daqui Viseu", espaço de opinião de autoria de Daniel Machado
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