21/09/2010

Memórias Paroquiais do Castelleyro (4)



Publica-se hoje a penúltima parte das Memórias Paroquiais


12 –Nesta serra chamada Preza, acha-se em todo o meio os alicerces de uma grande preza que ali houve antigamente, donde a serra tomou o nome de Serra da Preza. E a água desta preza, se conta, a queriam em tempo antigo levar por canos onde chamam a Torre dos Namorados, distante dela quatro ou cinco léguas. E nesta mesma serra, de uma cruz que chamam da Relva Velha, para a parte do lugar chamado Escarigo, tem a Mitra duas partes em todos os frutos e a Comenda uma.
13 –E da mesma cruz, para a parte do mesmo lugar do Castelleiro, tem a Comenda duas partes e a Mitra uma, em todos os frutos.

Rio
1 – Ao pé deste lugar do Castelleiro corre uma ribeira sem outro nome mais que o nome da ribeira, esta principia a nascer ao pé da serra chamada do Mosteiro, ao pé de uma quinta chamada Alagoas, freguesia de Sancto António da Orgueira, termo da vila de Sortelha. E nela também se mete outro ribeiro pequeno que chamam o Ribeiro do Poio, o qual principia a nascer num sítio chamado Corredoura no limite da dita vila de Sortelha, e este se vem meter nela no sítio das Alvercas, limite deste lugar.
2 – Esta ribeira corre quase todo o ano, ou ao menos até ao fim de Julho, e sempre nela se conservam alguns poços de água. Este ribeiro chamado do Poio no princípio corre algo tanto arrebatado, porém em se metendo na tal ribeira entra a correr com ele quieto.
3 – Neste somente se metem três pequenos ribeiros, chamados um o Ribeiro de Val de Castelloins, e outro de Cantellegalo, e outro do Espírito Sancto, este se mete nela no sítio chamado Guaralhais, aqueles no sítio chamado Tinte.
4 – Nada.
5 – A ribeira em si corre quieta mas os tais ribeiros que nela se metem correm algo tanto arrebatados.






"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

19/09/2010

Agradecimento












Há já muito tempo que a Sr.ª D. Felícia Tavares, manifestou o desejo de oferecer todos os livros da sua filha Lucindinha, falecida em 17/10/2007, a uma instituição com que, durante a sua vida, se identificou.
A honra de tão valiosa oferta, já que não contávamos com tantos e tantos livros de valor material e pessoal, coube ao Centro de Animação Cultural do Casteleiro, do qual era sócia e sempre dum acérrimo empenho pela sua vivência e engrandecimento.
Com esta oferta, o Centro de Animação Cultural do Casteleiro ficou mais engrandecido e, por tal facto, o nosso Centro Cultural através dos seus dirigentes, apresenta publicamente, já que em particular o fez, em especial, à Sr.ª D. Felícia um sentido e sincero agradecimento, na certeza de que esta oferta, sabendo-se ter sido também um dos desejos da Lucindinha, será para ela, lá no Alto de contente e com alegria, um bálsamo de felicidade a gozar no seu eterno descanso.
Certos de que estes livros perpetuarão, para sempre, a memória da inesquecível e ilustre filha do Casteleiro, a Dr.ª Maria Lucinda Gouveia Pires, há que seleccioná-los e, em estante já, catalogá-los, passando assim o Centro de Animação Cultural do Casteleiro a ter uma Biblioteca para bem dos seus associados.







"Daqui Viseu", espaço de opinião de autoria de Daniel Machado

15/09/2010

Memórias Paroquiais do Castelleyro (3)



Prossegue hoje a publicação das Memórias Paroquiais do Casteleiro, escritas em 1758 pelo cura Manuel Pires Leal. Pode ver o questionário aqui e reler as partes já publicadas, aqui e aqui.

Serra
1-O Lugar do Casteleiro está fundado num vale como acima se declara, em cujo limite se acham uma chamada a Serra d’Opa e outra a Serra da Preza.
2-Esta chamada Serra d’Opa tem de comprimento quase duas léguas e de largura meia légua. Principia no limite do lugar da Moita no sítio da Cabeça Gorda e acaba num sítio que chamam Sam Dinis no limite do lugar chamado Benquerença, distante deste povo duas léguas. E a Serra chamada Serra da Preza terá de comprimento uma légua e de largura quase o mesmo. Principia no limite deste lugar e acaba no limite do lugar chamado Escarigo, distante deste lugar légua e meia. Correm ambas estas serras de norte a sul.
3-Nada
4-Da serra chamada d’Opa nasce um pequeno ribeiro e a este chamam o Ribeiro de Val de Casteloins e logo se mete numa ribeira que corre ao pé do povo e este ribeiro da serra d’Opa corre de nascente para o poente. Da serra chamada da Preza nasce outro pequeno ribeiro que passa ao pé da Quinta do Espírito Santo e corre também para a mesma ribeira. E este ribeiro se mete nela onde chamam o sítio Guaralhais e aquele no sítio chamado Tinte e estes ambos correm do poente para o nascente e tudo está no limite deste lugar.
5-Nada
6-Nada
7-Nada
8-A serra chamada d’Opa se cultiva com searas de centeio, de um e outro lado a meia ladeira e a serra chamada de Preza se cultiva com searas também de centeio em todo o ano e em todos os lados dela, e o mais nada.
9-Quase no meio da serra chama d’Opa está a Ermida da Sancta Anna, acima já declarada, e somente os moradores do mesmo povo costumam ir lá em romagem algumas vezes.
10-O temperamento destas duas serras acima declaradas é frio mas saudável.
11-Criam-se nestas duas serras gado miúdo e caça de coelhos e perdizes.






"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

12/09/2010

Convívio do CACC























Já com novos Corpos Gerentes do Centro de Animação Cultural do Casteleiro, realizou-se no Domingo seguinte (15 de Agosto) à Festa de Santo António (6, 7 e 8 de Agosto), como tem vindo a ser habitual, o tradicional almoço/convívio para os sócios.
E é nesta altura, porquê? Para que os nossos emigrantes e outros, de visita à sua Terra a aos seus familiares, possam usufruir deste almoço/convívio que, marcado para o meio-dia do dia 15 de Agosto findo, no salão do Centro Cultural, por razões óbvias, só teve o seu início às 13 horas com um menu um pouco diferente do habitual.
As sardinhas foram substituídas por feijão com arroz, acompanhado com as habituais febras e carne entremeada assadas na brasa e servindo de sobremesa o tradicional melão e queijo, tudo bem regado coma boa pinga do Casteleiro, cerveja e sumos, à descrição.
Comeu-se e bebeu-se bem, conversou-se e conviveu-se, não faltando a animação musical a cargo do já conhecido e conterrâneo acordeonista, o Sr. Luís Cândido de Oliveira.
Sabendo-se que a realização deste almoço/convívio, nesta data, é uma boa e intencional vontade, desde há muito, das Direcções anteriores e actual, poucos emigrantes e outros têm comparecido, esperando-se que, para o ano, a adesão seja maior.






"Daqui Viseu", espaço de opinião de autoria de Daniel Machado

10/09/2010

Cheiros

Os cheiros são registos que me têm acompanhado durante toda a minha vida. A minha memória olfactiva tem-me conduzido através dos tempos aos mais diversos
sítios onde passei a minha infância. Sei exactamente o que cheirava a quê e onde.
O que é engraçado e provavelmente natural, é que dou comigo a recordar e a sentir os cheiros que me marcaram há tantos anos, com a mesma intensidade de então.
Pode parecer saudosismo, ficar para trás, mas não é. É apenas sentir o ontem que todos devíamos ter. E eu tive, com todo o afecto do mundo.
Então vamos aos cheiros.

Quando entrava em casa da minha avó materna, lembro-me de que ali pairava um cheiro quente a vacas, bosta e palha, que vinha da palheira por baixo da casa. Era um cheiro forte, marcante, que não era de todo desagradável, fazia parte da envolvência, do cheiro característico da casa, que nem por isso deixava de ser uma casa asseada. Posso dizer até que não seria a mesma se não cheirasse assim: a lavoura obrigava.
Lembro-me também de que, quando dormia lá e me deitava nos lençóis de linho fiado pela minha avó à noite à lareira à luz da candeia – lavados e passados com o ferro de brasas –, a sensação era tão boa, o cheiro era tão inebriante que é impossível descrevê-lo. E aquele cheiro da «abobrais» (penso que deve ser algo parecido com «aboboragem», das abóboras que também entravam na primeira refeição das vacas, às 7 da manhã, num caldeiro enorme) a ferver ao lume onde a lenha crepitava, estalava, e as faúlhas subiam e saltavam à volta? A casa era invadida pelo odor saudável a hortaliças cozidas à mistura com farelo que quase apetecia comer!
Na parte de baixo da casa havia uma loja onde se guardavam os produtos que a terra dava. Também aí me deliciava com o cheiro que vinha da «tulha», que era o sítio onde se guardava o pão em grão. Era um cheiro doce e ao mesmo tempo forte que me fazia ficar sempre durante alguns momentos a desfrutar de algo que hoje considero único.
Há outro cheiro que guardo: era o do soalho das casas depois de esfregado com sabão azul e branco. Aquela mistura de água, sabão e madeira molhada era uma festa de cheiros, qualquer coisa que ficava a anos-luz de todos os produto sintéticos de agora, por muito desinfectantes que sejam. É de notar que esta tarefa era feita pelas mulheres, e era uma tarefa árdua, porque tinham que andar de joelhos de escova na mão e a puxar pela força, o que as deixava exaustas. Exaustas mas satisfeitas, por poderem usufruir daquele odor e limpeza únicos.
Isto, sem esquecer o cheiro especial da chouriça assada na brasa logo ao pequeno-almoço acompanhada de café de cevada…

No que toca a cheiros, a nossa aldeia desse tempo deixou-me muitas e intensas recordações.
Ainda hoje, tantos anos depois, o meu olfacto desfruta delas.

E há mais disto no meu «arquivo».







Texto de autoria de Maria Dulce Martins

04/09/2010

O Circo na Aldeia


































Com a presença dos emigrantes e devido às dificuldades, o velho circo ambulante, que vai de terra em terra, veio à nossa localidade apresentar o seu show. Perante a presença de um plateia ansiosa das novidades, no dia 20 de Agosto, pelas 22 horas, no parque de estacionamento do café "O Cristal da Opa", Mário Aguilar, Liliana e as suas partners deram um espéctaculo a mais de cem assistentes que deliraram com os vários números apresentados, magias, malabarismos, palhaço, sendo o seu ponto alto de apresentação um jibóia com cerca de 3 metros que fez a delicia dos espectadores.

Texto de autoria de Vanessa Marques