15/09/2010

Memórias Paroquiais do Castelleyro (3)



Prossegue hoje a publicação das Memórias Paroquiais do Casteleiro, escritas em 1758 pelo cura Manuel Pires Leal. Pode ver o questionário aqui e reler as partes já publicadas, aqui e aqui.

Serra
1-O Lugar do Casteleiro está fundado num vale como acima se declara, em cujo limite se acham uma chamada a Serra d’Opa e outra a Serra da Preza.
2-Esta chamada Serra d’Opa tem de comprimento quase duas léguas e de largura meia légua. Principia no limite do lugar da Moita no sítio da Cabeça Gorda e acaba num sítio que chamam Sam Dinis no limite do lugar chamado Benquerença, distante deste povo duas léguas. E a Serra chamada Serra da Preza terá de comprimento uma légua e de largura quase o mesmo. Principia no limite deste lugar e acaba no limite do lugar chamado Escarigo, distante deste lugar légua e meia. Correm ambas estas serras de norte a sul.
3-Nada
4-Da serra chamada d’Opa nasce um pequeno ribeiro e a este chamam o Ribeiro de Val de Casteloins e logo se mete numa ribeira que corre ao pé do povo e este ribeiro da serra d’Opa corre de nascente para o poente. Da serra chamada da Preza nasce outro pequeno ribeiro que passa ao pé da Quinta do Espírito Santo e corre também para a mesma ribeira. E este ribeiro se mete nela onde chamam o sítio Guaralhais e aquele no sítio chamado Tinte e estes ambos correm do poente para o nascente e tudo está no limite deste lugar.
5-Nada
6-Nada
7-Nada
8-A serra chamada d’Opa se cultiva com searas de centeio, de um e outro lado a meia ladeira e a serra chamada de Preza se cultiva com searas também de centeio em todo o ano e em todos os lados dela, e o mais nada.
9-Quase no meio da serra chama d’Opa está a Ermida da Sancta Anna, acima já declarada, e somente os moradores do mesmo povo costumam ir lá em romagem algumas vezes.
10-O temperamento destas duas serras acima declaradas é frio mas saudável.
11-Criam-se nestas duas serras gado miúdo e caça de coelhos e perdizes.






"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

1 comentário :

  1. Estes documentos, que são respostas do pároco às perguntas feitas a todas as aldeias e cidades pelos serviços do governo do Marquês de Pombal, são muito importantes.
    Na minha opinião, o Tó Zé fez bem que os trouxe ao blog.
    Para mim, é um mimo ler algumas coisas destas.
    Hoje quero só registar uma coisa: «Ribeiro de Val de Casteloins», ou seja: Ribeiro de Vale de Castelões.
    E registo para dizer duas coisas, apenas:
    1ª - em toda a minha vida sempre ouvi a referência a «Balcastelões». Acho que nunca lá fui. Mas sempre achei o nome interessante. E pensava cá para mim que devia ser Vale Castelões. E afinal não estava muito enganado. Foi preciso chegar a esta idade e ler um texto de 1758 para saber do que se trata de facto: de uma linha de água: o Ribeiro de Vale Castelões.
    2ª - Chamo a atenção para mais uma palavra relacionada com «castelo», para além do nome da nossa terra. Ou seja: os castelos da zona tiveram aqui muita importância. Havia por aqui muita gente ligada ao(s) castelo(s). Para já, registemos apenas isso. Mais tarde, voltaremos ao assunto, espero.

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