17/01/2010

Memórias Paroquiais do Castelleyro (1)

Faz amanhã 252 anos (18 de Janeiro de 1758), o Marquês de Pombal, o então Secretário dos Negócios do Reino Sebastião José de Carvalho e Melo, fazia remeter para todos os párocos do reino um interrogatório sobre as povoações. Nele pedia as suas descrições geográficas, demográficas, históricas, económicas e administrativas, para além da questão dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755.
As respostas a esse interrogatório, de sessenta perguntas divididas em três grandes áreas (localização, serra e rio), ficaram conhecidas como “Memórias Paroquiais” e constituem até hoje uma das mais importantes fontes de conhecimento histórico de todas as povoações do ponto de vista administrativo, demográfico, estrutura eclesiástica, assistência social, actividades económicas, organização judicial, comunicações, etc.
No que se refere ao Casteleiro, o inquérito foi respondido pelo Cura Manuel Pires Leal e enviado a 25 de Abril de 1758.
Pelo seu valor histórico, e pelo contributo que pode proporcionar a todos sobre o conhecimento do passado do Casteleiro, a partir de hoje irei publicar aqui em diversos capítulos todo o conteúdo das “Memórias Paroquiais do Castelleyro”. Será publicado o original e, para maior facilidade de leitura, igualmente a transcrição em português dos nossos dias.

Castelleyro
1- Está na província da Beira, Bispado da Guarda, Comarca de Castelo Branco, Freguesia do Salvador, anexa de Santa Maria do Castelo da Vila de Sortelha e termo da mesma Vila.
2- É anexa da igreja de Santa Maria da dita vila de Sortelha. Pertençe a El Rei.
3- Tem cento e cinquenta e dois fogos, pessoas de confissão e comunhão trezentas e quarenta e oito; só de confissão setenta e quatro, crianças que ainda não se confessam cento e três, pessoas ao todo quinhentas e vinte cinco.
4- Está situada em Vale; dela se descobre para a parte do Nascente o lugar da Moita, distância de meia légua; para a parte do Norte a Vila de Sortelha à distancia de uma légua.
5- Nada
6- A paróquia está feita no lugar e logo junto às casas, tem uma quinta que chamam Cantargalo tem um morador; e tem outra que chamam do Espirito Santo, tem outro morador.
7- O orago desta freguesia é o Salvador do Mundo, a igreja tem três altares dois da parte do evangelho, um dedicado ao menino deus e outro a Santo António, e da parte da epistola tem outros dois um dedicado a nossa senhora do rosário e outro às almas do purgatório. Naves tem somente o arco da capela mor; e uma irmandade das almas do purgatório; e outra de S. Pedro.





"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

1 comentário :

  1. O António Marques fez muito bem em começar a inserir documentos oficiais.
    Este poderá lançar alguma luz, mas, pelo que vejo, se não for explicado, pode também trazer confusões.
    É que nem tudo é claro nestas coisas.
    O pároco que responde aos serviços do Marquês parece estar mais preocupado com a organização religiosa do que com a organização do poder civil.
    Mas lá refere a «Comarca de Castelo Branco», o que é importante.
    Diz ele:
    «Está na província da Beira, Bispado da Guarda» - ou seja, do ponto de vista da organização religiosa pertence à Guarda. Mas a organização civil não é essa: o Casteleiro, nessa data (1758) pertence à «Comarca de Castelo Branco».
    Mais organização religiosa: «Freguesia do Salvador, anexa de Santa Maria do Castelo da Vila de Sortelha e termo da mesma Vila». Coisa que o pároco de então repete na resposta seguinte: «É anexa da igreja de Santa Maria da dita vila de Sortelha».
    Aquela frase do final da resposta 2 («Pertençe a El Rei») suponho que quer dizer que aqui não havia nenhum senhor feudal a dominar e que o Casteleiro dependia directamente da Coroa - o que é bom em termos de autonomia dos 525 residentes que ele refere.
    Vamos continuar a pensar nestas coisas antigas que os nossos «avós» viveram? É que eles é que fizeram o nosso Casteleiro na sua globalidade.
    Não foi?
    Força, Tó Zé. Venham mais cinco.

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