O prometido é devido. Vamos hoje percorrer os trilhos do volfrâmio e do estanho na nossa terra.
Antes de mais, vou situar os factos: estamos nos cinco anos que medeiam entre 1938 e 1944. São os anos de ouro do minério na nossa terra. Recordo que a II Guerra se prolonga de 39 a 45 e que de um lado estavam os Aliados (ingleses, franceses, soviéticos e americanos) e do outro o Eixo (alemães, italianos e japoneses). Portugal era um país neutro: lidava com todos.
Por isso, estes minérios davam voltas e mais voltas por essa Europa fora mas iam sempre parar às fábricas alemãs e inglesas de armamento (sobretudo canhões, espingardas e balas).
E pensar que uma parte ínfima desses minérios era recolhida ali mesmo no Casteleiro pelos nossos pais… «Só quem era cego e aleijado é que não andava ao minério».
Imaginam como se desenvolvia o processo de recolha? O mais artesanal possível: cavavam-se valas ou escavava-se o leito do ribeiro ou o da ribeira, havia sempre água a correr e assim se «lavava» a terra, deixando escorrer o que era mesmo terra e retendo no crivo as pedras – das quais só se guardavam as que tinham metal agarrado.
Eram essas que constituíam o «ouro» do processo: era o minério!
Depois, a memória da cor de cada um dos metais encontrados na nossa terra.
O estanho na Natureza é cinza clarinho, às vezes com uns veios quase brancos, aqui, no Casteleiro, mas um pouco mais escuro em zonas como Rebelhos ou a Serra da Pena.
Por sua vez, o volfrâmio (recordo o nome científico: tungsténio) é castanho mais para o escuro e por vezes acompanhado de um pó também castanho.
Eis então os locais (se tentarem encontrar lá ainda minério, não fiquem frustrados se não lhe virem nem a cor: deve estar a grandes profundidades hoje, acho eu).
Primeiro os do Casteleiro:
1. Poio – um leirão aqui foi arrendado por 200 escudos por mês para ser todo «eslavaçado» à procura de minério. Saiba, para comparar, que as mulheres nesta tarefa ganhavam cinco a seis escudos por dia (um euro de hoje são 200 escudos de 2004!) e os homens dez a doze escudos por dia (a discriminação não era a brincar: era mesmo a sério).
2. Várzea – num ribeiro que ali havia, mas também nos leirões, em geral nos que não eram cultivados.
3. Gralhais – em leirões.
4. Ribeira da Cal.
5. Valverde («Valverdinho») – a zona mais afastada da freguesia.
6. Vale de Castelões («Balcastelões») –uma zona que foi toda revolteada de baixo para cima e de cima para baixo. «Ao fundo da Serra d’ Opa», diz a minha fonte, «foi tudo explorado».
Depois, referência aos locais de fora do Casteleiro, mas suficientemente próximos para que as pessoas do Casteleiro lá tenham andado às dezenas a explorar minério:
1. Rebelhos;
2. Serra da Pena;
3. Azenha.
No próximo artigo falarei de duas outras vertentes deste processo: dos intermediários que compravam o minério e para quem o compravam e também dos «fornos» ou «separadoras», locais onde o minério era fundido por aquecimento intenso.
Divirtam-se também com estas coisas, por favor.
Antes de mais, vou situar os factos: estamos nos cinco anos que medeiam entre 1938 e 1944. São os anos de ouro do minério na nossa terra. Recordo que a II Guerra se prolonga de 39 a 45 e que de um lado estavam os Aliados (ingleses, franceses, soviéticos e americanos) e do outro o Eixo (alemães, italianos e japoneses). Portugal era um país neutro: lidava com todos.
Por isso, estes minérios davam voltas e mais voltas por essa Europa fora mas iam sempre parar às fábricas alemãs e inglesas de armamento (sobretudo canhões, espingardas e balas).
E pensar que uma parte ínfima desses minérios era recolhida ali mesmo no Casteleiro pelos nossos pais… «Só quem era cego e aleijado é que não andava ao minério».
Imaginam como se desenvolvia o processo de recolha? O mais artesanal possível: cavavam-se valas ou escavava-se o leito do ribeiro ou o da ribeira, havia sempre água a correr e assim se «lavava» a terra, deixando escorrer o que era mesmo terra e retendo no crivo as pedras – das quais só se guardavam as que tinham metal agarrado.
Eram essas que constituíam o «ouro» do processo: era o minério!
Depois, a memória da cor de cada um dos metais encontrados na nossa terra.
O estanho na Natureza é cinza clarinho, às vezes com uns veios quase brancos, aqui, no Casteleiro, mas um pouco mais escuro em zonas como Rebelhos ou a Serra da Pena.
Por sua vez, o volfrâmio (recordo o nome científico: tungsténio) é castanho mais para o escuro e por vezes acompanhado de um pó também castanho.
Eis então os locais (se tentarem encontrar lá ainda minério, não fiquem frustrados se não lhe virem nem a cor: deve estar a grandes profundidades hoje, acho eu).
Primeiro os do Casteleiro:
1. Poio – um leirão aqui foi arrendado por 200 escudos por mês para ser todo «eslavaçado» à procura de minério. Saiba, para comparar, que as mulheres nesta tarefa ganhavam cinco a seis escudos por dia (um euro de hoje são 200 escudos de 2004!) e os homens dez a doze escudos por dia (a discriminação não era a brincar: era mesmo a sério).
2. Várzea – num ribeiro que ali havia, mas também nos leirões, em geral nos que não eram cultivados.
3. Gralhais – em leirões.
4. Ribeira da Cal.
5. Valverde («Valverdinho») – a zona mais afastada da freguesia.
6. Vale de Castelões («Balcastelões») –uma zona que foi toda revolteada de baixo para cima e de cima para baixo. «Ao fundo da Serra d’ Opa», diz a minha fonte, «foi tudo explorado».
Depois, referência aos locais de fora do Casteleiro, mas suficientemente próximos para que as pessoas do Casteleiro lá tenham andado às dezenas a explorar minério:
1. Rebelhos;
2. Serra da Pena;
3. Azenha.
No próximo artigo falarei de duas outras vertentes deste processo: dos intermediários que compravam o minério e para quem o compravam e também dos «fornos» ou «separadoras», locais onde o minério era fundido por aquecimento intenso.
Divirtam-se também com estas coisas, por favor.
"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes
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