Já que me incentivaram, hoje, e sem pretensões, vou falar das «janeiras».
Tal como o nome diz, as «janeiras» eram uma tradição que acontecia em Janeiro, mês de muito frio, que levava as famílias e amigos para junto das lareiras, onde ficavam conversando das suas vivências e preocupações.
Em algumas casas, para o longo serão passar mais depressa, jogava-se às cartas. Não havia televisão à época: não esquecer…
Esta envolvência familiar era quebrada quando se começava a ouvir lá longe um coro de vozes mais ou menos afinadas que cantava entusiasmado.
Todos os anos, um grupo de jovens mais dinâmico se propunha correr a aldeia de lés-a-lés para cumprimentar as famílias, desejando bom ano e, ao mesmo tempo, «tirar as janeiras» (ou seja: receber algumas das especialidades da época: chouriça, morcela, frutos secos ou, muito raramente, dinheiro).
Chegando junto de cada casa, cantavam forte e de modo convincente a cantiga combinada.
Tal como o nome diz, as «janeiras» eram uma tradição que acontecia em Janeiro, mês de muito frio, que levava as famílias e amigos para junto das lareiras, onde ficavam conversando das suas vivências e preocupações.
Em algumas casas, para o longo serão passar mais depressa, jogava-se às cartas. Não havia televisão à época: não esquecer…
Esta envolvência familiar era quebrada quando se começava a ouvir lá longe um coro de vozes mais ou menos afinadas que cantava entusiasmado.
Todos os anos, um grupo de jovens mais dinâmico se propunha correr a aldeia de lés-a-lés para cumprimentar as famílias, desejando bom ano e, ao mesmo tempo, «tirar as janeiras» (ou seja: receber algumas das especialidades da época: chouriça, morcela, frutos secos ou, muito raramente, dinheiro).
Chegando junto de cada casa, cantavam forte e de modo convincente a cantiga combinada.
Por exemplo:
Levante-se lá, senhora,
Desse banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras:
Ou morcela ou chouriça…
Ou então:
De quem eram as liguinhas
Que se acharam entre as heras?
Eram da Menina …
Que lhe caíram das pernas.
Ou também:
Viva lá, senhora …
Sua cara é o sol.
Quando vai para a igreja
Alumia o altar-mor…
E repetia-se a cada vez o refrão:
Naquela relvinha
Que o vento geou,
A Mãe de Jesus
Tão pura ficou.
Fugindo a esta tradição, havia também outras letras maliciosas e com alguma escatologia à mistura, destinadas a «mimar» quem resolvia, antipaticamente, fechar a porta na cara dos cantadores das «janeiras» - o que era raro.
Acabado o périplo, juntavam-se as ofertas recebidas e fazia-se um convívio, onde se comiam com prazer e alguma gula os manjares adquiridos na ronda.
… Era assim que, nos anos 50, inocentemente se brincava, se comunicava e se trocavam a ternura e a alegria que em cada um existiam.
Texto de autoria de Dulce Mendes Martins
Tradição das Janeiras no Casteleiro.
ResponderEliminarO Cantar das Janeiras esteve bem presente na aldeia do Casteleiro.
As «Janeiras de Porta em Porta» consistiriam na proclamação, à porta das habitações, de cantares ao menino e dos reis por parte de um grupo de pessoas acompanhadas por instrumentos tradicionais.
Este «tesouro» de tradições traz à memória velhos tempos, que se deveria manter e preservar.
Vamos cantar as janeiras?
Pois é uma tradiçao bem Portuguesa, esta de ir de casa em casa pela noitinha cantar as Janeiras!
Depois do Natal mais precisamente nos Reis
As crianças ganhavam uns bonbons, os adultos, as vezes un chouriço outra vez um copo de vinho,acompanhado por umas rabanadas...enfim era um convivio
agradavel para todos, nas noites frias banhadas pelo Luar de Janeiro.
Após ter sido dado o sinal de presença, cantava-se uma primeira quadra, dedicada à família em geral, e os primeiros elogios começavam a fazer-se ouvir.
Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Que aqui mora gente honrada
E passava-se a saudações individualizadas, respeitando-se a hierarquia da família, pelo que em sociedade patriarcal, o lugar de honra era para o pai.
De quem é aquele chapéu
Que além está dependurado
É do dono desta casa
Que é bonito como um cravo.
A saudação seguinte pertencia à dona da casa, elogiando-se-lhe a beleza ou até a bondade.
Viva lá minha senhora
Raminho de salsa crua
Quando chega à janela
Põe-se o sol e nasce a lua.
Era então chegada a hora de se fazer uma alusão directa à tão esperada compensação. E o alvo, uma vez mais, era a dona da casa, detentora da chave da despensa.
Levante-se minha senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar as janeiras
Ou morcela ou chouriça.
*******************
Levante-se lá senhora
Desse banquinho de prata
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata.
*********************
Ó que estrela tão brilhante
Que nos vem alumiar
É a senhora desta casa
Que nos vem a convidar.
Como a dona da casa correspondesse, agradeciam, desde logo, a cantar.
Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte
À família desta casa
Ó Deus lhe dê uma boa sorte.
Quim
Muito bem. Mas não me lembro dos instrumentos tradicionais. E no Casteleiro ninguém falava de «rabanadas» - mas sim de «fatias doces», quando muito: «fatias douradas».
ResponderEliminarPara ser mais exacto, a minha avó até diria à sua maneira bem engraçada: «fatigas dôcis».
Boa tarde.
ResponderEliminarBons tempos!Ainda me lembro de andar pelas ruas até que a voz falta-se.....
Era muito divertido, agora os tempos são outros....
E o pior de tudo é que nem sequer á pessoal para fazer essas actividades, quando é essa altura ninguém quer, toda a gente se tenta esquivar.....
Bia
Correcção: Obrigado por ter corrigido o termo das rabanadas na realidade no casteleiro são conhecidas como fatias douradas, a minha terra natal não é o Casteleiro mas concidero-a como tal, os meus avós eram naturais de lá e eu casei com uma Casteleirence há 23 anos, interesso -me por tudo o que está relacionado ó casteleiro .
ResponderEliminarJosé joaquim Gouveia