Era com amizade e respeito que, nos idos anos sessenta/setenta, os jovens se relacionavam. Nessa altura, construímos ligações que ficaram para a nossa vida. Todos os dias no fim da sua actividade habitual se juntavam em sítios de referência, nos largos mais amplos: a Praça, o Terreiro de S. Francisco, o Largo do Chafariz das duas bicas. Então começavam as brincadeiras e as gargalhadas, que ecoavam à distância. Coisas de jovens a precisarem de distrair e de partilhar a alegria que lhes ia no peito.
Mesmo não se podendo alongar muito porque ao outro dia era preciso levantar cedo, não dispensavam aqueles momentos de prazer e descontracção.
O domingo era dia de descanso, dia de se embelezarem com as roupas guardadas para o efeito. Chegava o momento de cumprir os deveres religiosos. Como na altura não havia crise de sacerdotes, a missa era sempre ao meio-dia, salvo raras excepções.
Era ver os grupos de jovens, muitos jovens, rua abaixo vaidosos e seguros da sua juventude. Os rapazes concentravam-se na Praça e, malandrecos, procuravam o melhor ângulo de visão para observarem o desfile das beldades. Um jogo de sedução próprio da idade, que fazia com que ambas as partes gozassem o momento.
Acabada a missa e depois do almoço, começavam os grupos a juntar-se, rapazes e raparigas mais ao menos separados, pois as regras da altura eram apertadas.
Apesar disso, eram inevitáveis as trocas de olhares, que eram a denúncia de algumas paixões em gestação, à espera do momento certo. Em muitos casos, isso deu em casamentos – muitos dos quais ainda hoje estão de pedra e cal.
Começava então o passeio dominical estrada-abaixo-estrada-acima sem parar, com um pequeno intervalo para o jantar. Depois continuam à noite até á hora de ir para a cama, exaustos e com o coração a palpitar de entusiasmos.
Era um grupo unido, dinâmico e participativo, sempre pronto a aceitar as propostas que nos eram feitas para animar a vida da aldeia. Desde fazermos parte do coro da igreja, até ministrar a catequese aos mais pequenos, fazíamos pequenas peças de teatro engraçadas no Centro, que eram um divertimento para a população e aldeias vizinhas. Ao Casteleiro chegavam pessoas que à noite, enchiam o salão e faziam fila em bicos de pé, tentando ver alguma coisa. Devido a esse interesse, tínhamos que repetir no fim-de-semana seguinte. Eram também frequentes, as saídas em passeio aos mais diversos sítios, por exemplo a Lisboa, a assistir a acontecimentos de relevo. Estas actividades eram orientadas pelo pároco de então, Padre José Pires. Como já disse, os rapazes eram afastados destas lides, por serem «perigosas aves de rapina». Havia que manter as miúdas longe do perigo. Era sinal da altura.
O Casteleiro tinha cor e dinâmica. Foram tempos felizes e ainda hoje quando nos encontramos, recordamos com saudade essa época.
A brincadeira era muita, e a amizade também. Eram tempos em que a palavra solidariedade ainda fazia sentido.
Não acham que por exemplo esta ideia das peças de teatro era também uma boa forma de hoje dinamizar mais a população e os jovens?
Mesmo não se podendo alongar muito porque ao outro dia era preciso levantar cedo, não dispensavam aqueles momentos de prazer e descontracção.
O domingo era dia de descanso, dia de se embelezarem com as roupas guardadas para o efeito. Chegava o momento de cumprir os deveres religiosos. Como na altura não havia crise de sacerdotes, a missa era sempre ao meio-dia, salvo raras excepções.
Era ver os grupos de jovens, muitos jovens, rua abaixo vaidosos e seguros da sua juventude. Os rapazes concentravam-se na Praça e, malandrecos, procuravam o melhor ângulo de visão para observarem o desfile das beldades. Um jogo de sedução próprio da idade, que fazia com que ambas as partes gozassem o momento.
Acabada a missa e depois do almoço, começavam os grupos a juntar-se, rapazes e raparigas mais ao menos separados, pois as regras da altura eram apertadas.
Apesar disso, eram inevitáveis as trocas de olhares, que eram a denúncia de algumas paixões em gestação, à espera do momento certo. Em muitos casos, isso deu em casamentos – muitos dos quais ainda hoje estão de pedra e cal.
Começava então o passeio dominical estrada-abaixo-estrada-acima sem parar, com um pequeno intervalo para o jantar. Depois continuam à noite até á hora de ir para a cama, exaustos e com o coração a palpitar de entusiasmos.
Era um grupo unido, dinâmico e participativo, sempre pronto a aceitar as propostas que nos eram feitas para animar a vida da aldeia. Desde fazermos parte do coro da igreja, até ministrar a catequese aos mais pequenos, fazíamos pequenas peças de teatro engraçadas no Centro, que eram um divertimento para a população e aldeias vizinhas. Ao Casteleiro chegavam pessoas que à noite, enchiam o salão e faziam fila em bicos de pé, tentando ver alguma coisa. Devido a esse interesse, tínhamos que repetir no fim-de-semana seguinte. Eram também frequentes, as saídas em passeio aos mais diversos sítios, por exemplo a Lisboa, a assistir a acontecimentos de relevo. Estas actividades eram orientadas pelo pároco de então, Padre José Pires. Como já disse, os rapazes eram afastados destas lides, por serem «perigosas aves de rapina». Havia que manter as miúdas longe do perigo. Era sinal da altura.
O Casteleiro tinha cor e dinâmica. Foram tempos felizes e ainda hoje quando nos encontramos, recordamos com saudade essa época.
A brincadeira era muita, e a amizade também. Eram tempos em que a palavra solidariedade ainda fazia sentido.
Não acham que por exemplo esta ideia das peças de teatro era também uma boa forma de hoje dinamizar mais a população e os jovens?
Texto de autoria de Maria Dulce Martins
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