29/11/2010

A memória...das palavras

Como todos sabemos a língua portuguesa tem sofrido, ao longo dos tempos, uma evolução, quer através do significado das palavras, quer através da sua escrita. Segundo os especialistas na matéria, este é um processo natural, pois ela está exposta às influências dos povos vizinhos, dos efeitos (e)migratórios, bem como ao processo de evolução linguística a que todas as línguas estão sujeitas.
Vem isto a propósito, de que o Casteleiro (à semelhança de algumas aldeias vizinhas) tem um património linguístico que interessa preservar e dar a conhecer às gerações mais novas.

Sugiro um exercício simples: procurem conversar com pessoas idosas da nossa terra e, abordem com elas temas que façam parte do seu quotidiano, verificarão, rapidamente, que a conversa é levada para memórias passadas.
É neste contexto que, facilmente, poderemos encontrar vocabulário, enriquecedor sob o ponto da evolução linguística de que vos falava atrás.

Hoje partilho convosco alguns exemplos:
Palhêra – loja onde se guardava a palha, o feno e os animais.
Polêro – galinheiro; é bom lembrar que na vizinha Espanha “Polho” significa frango.
Cortêlho – pocilga.
Tchambaril – espécie de cruzeta de madeira para pendurar o porco, logo a seguir à matança.
Marrano – suíno, porco.
Vianda – refeição, normalmente fervida, que se preparava para os suínos.
Caldudo – Sopa de castanhas secas.
Vivo – animais de diversas espécies (veja-se o exemplo: “vou dar de comer ao vivo”).
Pastoria – rebanho
Pão – pão centeio; ceara de centeio (o povo usava a seguinte quadra:
“Oh João Catalão,
olha as cabras no pão,
toca-lhe a gaita,
que elas virão”.

Agora que estamos próximos do Natal e, certamente, muitos casteleirenses estarão entre nós, aproveitem este desafio e concluirão que o vocabulário hoje utilizado, foi algo que se transformou ao longo de sucessivas gerações.

Por mim, fica a promessa de voltar com mais memórias…das palavras.




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

3 comentários :

  1. Quero felicitar todos os "bloguistas"
    As palavras ficam presas no tempo? Foram transitórias e passageiras?
    Recordações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o (som, e cheiro)?
    Boa ideia esta, enriqueça-nos com recordações do passado.
    Aceite ficamos à espera.
    J. Gouveia

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  2. Compreendo este nosso conterrâneo, que se encontra no estrangeiro...
    As saudades da terra é algo que acompanha o seu dia a dia!
    Como diria Miguel Torga, "só um português consegue ter o dom da ubiquidade", isto é, tem o dom de estar no estrangeiro, onde trabalha e, simultâneamente com o seu coração, nesta terra que é nossa.
    Para este amigo que, curiosamente, assina Quim Gouveia, vai um grande abraço.

    Joaquim Luís Gouveia

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  3. ola! gostei desta recordação das palavras que fizeram parte da nossa infancia, e que nos acompanhou ao longo dos tempos.É facil recorda-las e, como dizes, se conversarmos com as nossas gentes, elas continuam a fazer parte do dialogo. Mas não referiste uma que os meus filhos em particular, achavam muita graça quando a avó lhes dizia."Amaga-te" ou seja baixa-te, penso que ela continua a ser usada,mas só na nossa terra .Um abraço

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