21/01/2011

Expressões do linguajar casteleirense

Na sequência do trabalho que temos vindo a desenvolver à volta da riqueza linguística da nossa terra, trago-vos, aqui hoje, algumas expressões utilizadas no dia a dia da nossa gente mais idosa. Então registem com atenção, pois vale mesmo a pena guardar estas preciosidades:

“Agarrei em mim” – tomei a atitude de…
“Eu, mai a minha” – minha, refere-se à esposa
“Tchegar a vaca” – levar a vaca ao boi de cobrição
“Boi de cobrição” – Boi para procriar – normalmente havia um ou dois no povo onde os ganhões levavam as vacas, quando andavam com o cio
“Andar dalevanto a noite intêra” – Passar a noite com má disposição intestinal
“Dor nas cruz” – dor de costas
“Já tchega até da bonda” – Já chega, até de sobra
“Anda de barriga” – Está grávida
“Não atchei o cu cas mãos ambas” – Andei todo o dia a correr
“Está a atá-las” – Está a morrer
“Anda de mal com ele” – Está zangado com ele
“É muito zarêlho” – É muito irrequieto
“Anda a roçar a casa” – Anda a esfregar (lavar) a casa
“Não tens porte pra nada” – não tens iniciativa alguma/não sabes fazer nada
“Dias aslanados” – Datas importantes do calendário litúrgico e respeitados por todos ou então ligados a acontecimentos, marcadamente importantes
“Dia Santo, de guarda” – dia em que não se podia trabalhar, sobretudo trabalhos do campo.

Convém reter algumas pequenas regras visíveis em muitas das palavras utilizadas:
• O ditongo “ei” no meio de qualquer palavra é pronunciado “ê” (exemplo: lareira, diz-se “larêra”)
• O “e” no final da palavra é dito “ei” (exemplo: Zé diz-se “Zei”)
• O “ch” tem sempre junto a presença do “t” (exemplo: “tchapéu”; “tchave”).



"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

1 comentário :

  1. Quim,
    Isto, sim, é um tema e pêras...
    É que a mim isto agrada-me mesmo e dá-me gozo ler em voz alta ou pedir a quem leia e ambos a tentar adivinhar o que significa antes de lermos a tua tradução.
    É bué de fixe, como agora se ouve a gaiatada falar...
    Então, por favor, traduz lá mais estas (que um dia aqui em casa se coligiram, mas que, por falta de tempo, ficaram no «arquivo», claro):
    - Andar a intchê tchòriças
    - Daquênada
    - Inté amanhã
    - Òdespoi
    - De vreve
    - Está acatchapado
    - És um tartamúdio
    - A marrana está barronda / A marrana anda saída
    - Estás a olhar p’ò dismo (dizmo, acho)
    - Tá ali mai contcha!

    Força!
    Um abraço para a malta que gosta disto.

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