12/01/2011

Memórias...

Ao abordarem aqui o tema da evolução linguística no Casteleiro, renasceu em mim memórias destes tempos …
Gostava de partilhar com vocês a minha experiência desta “língua” tão “falada” entre o nosso povo e que faz aflorar em mim boas recordações …
Quando a minha avó falava em “gravanços”, nunca tal eu pensava que seriam os benditos Grãos….e que os “malhávamos” no terraço em pleno Verão….Pois bem, descobri então o que eram os tais “gravanços”!
Entre outras “expressões” como: “cachopa” andas ai “encarrapata” toda “arreganhada”! Era mal vestida e por isso tinha frio….o que eu descobria…
A “gadanha” o “abonda” a “rebaldeira”, são palavras que fui ouvindo ao longo de toda a minha vida.…. pelas minhas avós, tias e tios….no Casteleiro. Sim, porque em Lisboa não se ouvia nada disto…
Quando eu na escola, por alguma razão as dizia, havia sempre alguém que perguntava…O que é isso??? E eu corrigia o termo “Casteleirense” para “Lisboeta”…Ao longo do tempo adaptei-me a estes termos e sabia-os distinguir…Sabia que só as pessoas do Casteleiro o diziam, e que em Lisboa não se falava assim…
Nos dias de hoje já só as ouvimos nas pessoas mais velhas….mas…como a “tradição” no Casteleiro ainda é o que era….os que lá “regressam” depois de uma vida noutra cidade, adaptam-se depressa aos “termos” e quando dou por isso, até parece que nunca saí de lá …. é o caso dos meus pais, que depois de reformados voltaram às origens e, quando dou por eles, já estão a falar “Casteleirense”….Ainda hoje pergunto o que são algumas coisas, quando a minha mãe diz: estamos ao “borralho”…… anda-mos a derrunchar as árvores…Ok…
Conclusão: Ao fim de 37 anos de vida, ainda aprendo “palavras” novas….ditas no Casteleiro…


Susana Leitão

1 comentário :

  1. Obrigado Susana, pelo teu contibuto. Sem dúvida que é muito interessante ver como uma "lisboeta" de gema, acompanha este linguajar casteleirense.
    Sem dúvida que as expressões que aqui nos trouxeste, acrescentam a lista já existente e que, hoje mesmo, já constitui um enorme tesouro casteleirense.
    "Bota mais um copo, daquele que foi tirado, mesmo agora, plo "espitcho".
    Joaquim Luís Gouveia

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