17/03/2014

Sabão em barra


 
Longe vai o tempo em que o sabão era feito em casa, à medida da necessidade mas, sobretudo, de acordo com a matéria prima existente, ou seja das borras que se depositavam nos potes do azeite que alimentava com muito rigor, as bocas da casa e a candeia que servia de companhia nas noites longas de inverno.
Lembro que a minha mãe fazia muito bem este tipo de sabão sim, porque nem todas as mulheres sabiam tal fórmula mágica!
Antes de escrever sobre este assunto, fiz umas perguntas a várias pessoas ao que me disseram que, em tempos antigos, quando não havia detergentes, a maioria dos sabões caseiros não faziam espuma, mas acrescentava-se cinza, para ajudar a tornar o sabão mais "branqueador" e a gordura utilizada era o resto, borras do fundo, do pote do azeite. Se houvesse dinheiro, então comprava-se um cartucho de sabão em pó, igual ao que os barbeiros usavam para ensaboar as barbas dos homens. Assim, o sabão fazia tal espuma que até parecia de compra.
No Casteleiro, como noutras aldeias do nosso concelho, só as famílias que tinham muitas oliveiras é que faziam este tipo de sabão.
Atualmente e por culpa das gerações presentes, assistimos ao desaparecimento destes saberes fazer, característicos duma época em que “a necessidade aguçava o engenho.
Para que conste da memória futura, aqui fica a receita deste sabão tão popular.
 A receita:
Para fazer este sabão de tipo “caseiro” utiliza-se borra/restos de azeite, soda cáustica e potassa. Para dar espuma e cheiro, adiciona-se detergente ou sabão em pó e água.
Faz-se uma calda ao lume e deixasse apurar até ficar uma pasta pronta para endurecer. Verte-se, com cuidado, numa base que seja lisa e aguente o calor. Depois é só deixar arrefecer. Por fim, corta-se o sabão em barras e talha-se aos bocados, de acordo com a sua utilização futura.
 






"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia
 
 

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