02/10/2013

A semente


 
Chegado o momento, com muita canseira e algum suor, a semente era lançada à terra.
A partir daquele momento, os olhos atentos do lavrador e /ou pequeno agricultor, não se cansavam de olhar para a sua obra.
Esperavam pacientemente, que a semente acarinhada pelo sol e pela humidade, germinasse.
O momento em que furava a terra e se mostrava era de regozijo para todos.
A partir daí, era o período de crescimento até à idade adulta, com as tarefas inerentes.
Pelo meio: mondar, sachar etc….
Chegada a altura, tudo se preparava para mais uma colheita.
A espiga já grada era cortada pelos ceifadores e imediatamente feitos molhos para, logo que fosse oportuno, ser levada para a laje e ser malhada.
Depois de limpa em dias de vento, era ainda ensacada e carregada para os carros de vacas, que a levavam para as tulhas ou lojas frescas.
Todas estas tarefas tinham que ser feitas manualmente e com muito sacrifício.
Logo que o grão estivesse em casa, ainda era preciso levá-lo ao moinho para que fosse moído e se fizesse a farinha que serviria para fabricar o pão.
Começava então uma etapa que pertencia à mulher.
– Senhora Ana! Pode amassar.
A responsável pelo forno comunitário (forneira – era assim que lhe chamavam) corria toda a aldeia e gritava a cada porta a mesma palavra de ordem.
A situação repetia-se quando era chegado o momento de tender (preparar o pão para ser cozido).
As mulheres, em grupo no forno, depositavam na pá a massa que, depois de algum tempo, saía já pão (centeio) tostadinho e com um cheiro irresistível.
Entrava em casa num tabuleiro comprido para, durante quinze dias, ser uma das bases da alimentação das famílias.
Um pão suado e temperado de sacrifícios.
Era assim que tudo se processava no tempo em que ainda não havia máquinas que facilitassem todas as tarefas do campo.
 
Abraço.


 

 
Dulce Martins


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