Como se sabe, os Santos Populares são três: Santo António (a 13 de Junho), São João (a 24) e São Pedro (29). Mas no Casteleiro o único que era festejado era o S. João.
Nunca percebi porquê. Por simpatia apenas? Por ser considerado um santo casamenteiro? Fica a pergunta no ar.
Estas imagens que vou descrever, estavam no sótão da minha memória: são recordações longínquas, mas claras. Depois de as trazer ao de cima, de lhes limpar o pó, estou a ver o momento com clareza e vou tentar fazer-me perceber.
Esse dia era um dia normal de trabalho, apenas alguns se movimentavam em direcção à pequena comemoração.
Preparativos
Havia que arranjar um pinheiro alto para fazer o mastro e o rosmaninho para a fogueira. Depois de obtidas estas duas coisas, deitava-se mãos à obra. Um buraco no chão, o pinheiro ao lado estendido. As raparigas (normalmente era delas esta tarefa) vestiam-no na íntegra de rosmaninho. Carradas de rosmaninho.
Depois de fartamente enfeitado, os rapazes, mais fortes, erguiam o pinheiro e prendiam-no ao chão com pedras bem apertadas à volta.Preparava-se a fogueira ao lado. Também ela era suficientemente grande. Depois era aguardar pela noite. Chegada a hora, acendia-se a fogueira, uma grande fogueira, que exalava um perfume muito agradável, o que era notório á distância.
A festa nocturna
À noite, era a festa. Para que o cenário se completasse, era preciso que houvesse música para animar os ânimos. Então, havia sempre alguém que puxava por um realejo (agora chamado gaita de beiços) e começava a tocar. Aí começava a festa: caseira, mas muito divertida. Aquela música fraquinha, que se juntava ao som do crepitar da fogueira, fazia
as minhas delícias. Enquanto a festa durava, saltava-se a fogueira sem parar.Terminava-se com o incêndio ao mastro, coisa bonita de se ver. Parecia fogo de artifício. O rosmaninho estalava, as faúlhas voavam pelo ar. Era o entusiasmo geral, o culminar de uma noite de brincadeira.
Depois disto, era o recolher. Só ficavam os mais malandrecos, para iniciarem as brincadeiras da noite. Já de madrugada, a tradição cumpria-se.Começava a caça aos vasos de flores que as moças tinham a enfeitar as escadas das suas casas. Era um corrupio, os vasos eram levados do cimo para o fundo da aldeia e vice-versa, pondo as donas doidas à sua procura, de manhã, ao darem por falta deles. Chegavam a ir várias vezes aos locais (por exemplo, em cima da pedra alta do Chafariz da Praça) para trazerem de volta os seus vasos tão carinhosamente tratados.
Os rapazes, às esquinas, riam por terem provocado toda aquela brincadeira um tanto ou quanto confusa, mas muito engraçada e, sobretudo, de uma convivência saudável.
Nunca percebi porquê. Por simpatia apenas? Por ser considerado um santo casamenteiro? Fica a pergunta no ar.
Estas imagens que vou descrever, estavam no sótão da minha memória: são recordações longínquas, mas claras. Depois de as trazer ao de cima, de lhes limpar o pó, estou a ver o momento com clareza e vou tentar fazer-me perceber.
Esse dia era um dia normal de trabalho, apenas alguns se movimentavam em direcção à pequena comemoração.
Preparativos
Havia que arranjar um pinheiro alto para fazer o mastro e o rosmaninho para a fogueira. Depois de obtidas estas duas coisas, deitava-se mãos à obra. Um buraco no chão, o pinheiro ao lado estendido. As raparigas (normalmente era delas esta tarefa) vestiam-no na íntegra de rosmaninho. Carradas de rosmaninho.
Depois de fartamente enfeitado, os rapazes, mais fortes, erguiam o pinheiro e prendiam-no ao chão com pedras bem apertadas à volta.Preparava-se a fogueira ao lado. Também ela era suficientemente grande. Depois era aguardar pela noite. Chegada a hora, acendia-se a fogueira, uma grande fogueira, que exalava um perfume muito agradável, o que era notório á distância.
A festa nocturna
À noite, era a festa. Para que o cenário se completasse, era preciso que houvesse música para animar os ânimos. Então, havia sempre alguém que puxava por um realejo (agora chamado gaita de beiços) e começava a tocar. Aí começava a festa: caseira, mas muito divertida. Aquela música fraquinha, que se juntava ao som do crepitar da fogueira, fazia
as minhas delícias. Enquanto a festa durava, saltava-se a fogueira sem parar.Terminava-se com o incêndio ao mastro, coisa bonita de se ver. Parecia fogo de artifício. O rosmaninho estalava, as faúlhas voavam pelo ar. Era o entusiasmo geral, o culminar de uma noite de brincadeira.
Depois disto, era o recolher. Só ficavam os mais malandrecos, para iniciarem as brincadeiras da noite. Já de madrugada, a tradição cumpria-se.Começava a caça aos vasos de flores que as moças tinham a enfeitar as escadas das suas casas. Era um corrupio, os vasos eram levados do cimo para o fundo da aldeia e vice-versa, pondo as donas doidas à sua procura, de manhã, ao darem por falta deles. Chegavam a ir várias vezes aos locais (por exemplo, em cima da pedra alta do Chafariz da Praça) para trazerem de volta os seus vasos tão carinhosamente tratados.
Os rapazes, às esquinas, riam por terem provocado toda aquela brincadeira um tanto ou quanto confusa, mas muito engraçada e, sobretudo, de uma convivência saudável.
Texto de autoria de Maria Dulce Martins
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