Veio do Marmeleiro, que era a sua terra natal.
Era ainda solteira e casou na nossa terra.
Oiço a história dela desde criança.
Mas nunca tive disponibilidade para contar estas tristes cenas.
Vai ser hoje.
Estava-se nos anos no início dos anos 30 do século XX.
Mais propriamente, em 1932/33.
Foi colocada no Casteleiro uma professora terrível que fez muito mal às raparigas.
Tanto que, nos oito ou nove anos em que esteve na nossa terra a dar aulas, apenas quatro raparigas fizeram a 4ª classe – as outras, todas, ficaram pelo caminho, na segunda ou na terceira classe e daí nunca passaram.
Fazer a 4ª classe nesse tempo era coisa séria e tinha muito valor.
A D. Aurora (mais tarde Aurora Carrilho, porque casou com o Professor Carrilho) era de tal calibre que muitas crianças ficaram assinaladas fisicamente – para lá da tortura psicológica de terem de ir às aulas daquela carrasca. Batia sem dó nem piedade. Feria e marcava as raparigas.
A escola dos rapazes era onde agora funciona o Centro Médico. A das raparigas era do outro lado da estrada, quase em frente.
Nessa altura, o sino tocava quatro badaladas para início das aulas. A esse toque, as crianças tinham um baque no estômago. Umas choravam. Outras vomitavam. Outras berravam e fugiam. Outras iam para a varanda a chorar desnorteadas. Outras ficavam tão nervosas que, se estivessem a comer, até deixavam cair a colher.
Uma desgraça.
Uma das poucas crianças que conseguiram fazer a 4ª classe, ela, a D. Aurora, levou-a a exame ao Sabugal com um braço partido – que ela lhe tinha partido à tareia.
A outra, partiu-lhe uma pedra de escrever na cabeça e teve de levar «cinco agrafes».
Mas um dia a coisa podia ter dado mau resultado: as mães das crianças revoltaram-se de tal modo que foram à escola onde a professora até tinha deixado as raparigas fechadas – esqueceu-se delas… e ameaçaram tratar-lhe da saúde, de tal modo já estavam fartas dela.
E isso, não esquecer, em anos duros com a ditadura a dar os primeiros passos.
Antes desta besta desta professora, no entanto, esteve a dar a primária no Casteleiro uma professora chamada D. Estrela. Não batia. Tratava muitas vezes as alunas por filhas. Imaginem a surpresa e o pânico das mesmas crianças quando, na segunda e na terceira classe apanham aquela «algoz» daquela D. Aurora.
Diga-se que com a D. Estrela e, antes dela, com a D. Gracinda, mulher do Sr. Firmino (comerciante), houve muitas crianças com a 4ª classe feita com distinção.
Mesmo que os castigos físicos fossem uma regra destas épocas terríveis.
Agora… Donas Auroras, nunca mais!
Era ainda solteira e casou na nossa terra.
Oiço a história dela desde criança.
Mas nunca tive disponibilidade para contar estas tristes cenas.
Vai ser hoje.
Estava-se nos anos no início dos anos 30 do século XX.
Mais propriamente, em 1932/33.
Foi colocada no Casteleiro uma professora terrível que fez muito mal às raparigas.
Tanto que, nos oito ou nove anos em que esteve na nossa terra a dar aulas, apenas quatro raparigas fizeram a 4ª classe – as outras, todas, ficaram pelo caminho, na segunda ou na terceira classe e daí nunca passaram.
Fazer a 4ª classe nesse tempo era coisa séria e tinha muito valor.
A D. Aurora (mais tarde Aurora Carrilho, porque casou com o Professor Carrilho) era de tal calibre que muitas crianças ficaram assinaladas fisicamente – para lá da tortura psicológica de terem de ir às aulas daquela carrasca. Batia sem dó nem piedade. Feria e marcava as raparigas.
A escola dos rapazes era onde agora funciona o Centro Médico. A das raparigas era do outro lado da estrada, quase em frente.
Nessa altura, o sino tocava quatro badaladas para início das aulas. A esse toque, as crianças tinham um baque no estômago. Umas choravam. Outras vomitavam. Outras berravam e fugiam. Outras iam para a varanda a chorar desnorteadas. Outras ficavam tão nervosas que, se estivessem a comer, até deixavam cair a colher.
Uma desgraça.
Uma das poucas crianças que conseguiram fazer a 4ª classe, ela, a D. Aurora, levou-a a exame ao Sabugal com um braço partido – que ela lhe tinha partido à tareia.
A outra, partiu-lhe uma pedra de escrever na cabeça e teve de levar «cinco agrafes».
Mas um dia a coisa podia ter dado mau resultado: as mães das crianças revoltaram-se de tal modo que foram à escola onde a professora até tinha deixado as raparigas fechadas – esqueceu-se delas… e ameaçaram tratar-lhe da saúde, de tal modo já estavam fartas dela.
E isso, não esquecer, em anos duros com a ditadura a dar os primeiros passos.
Antes desta besta desta professora, no entanto, esteve a dar a primária no Casteleiro uma professora chamada D. Estrela. Não batia. Tratava muitas vezes as alunas por filhas. Imaginem a surpresa e o pânico das mesmas crianças quando, na segunda e na terceira classe apanham aquela «algoz» daquela D. Aurora.
Diga-se que com a D. Estrela e, antes dela, com a D. Gracinda, mulher do Sr. Firmino (comerciante), houve muitas crianças com a 4ª classe feita com distinção.
Mesmo que os castigos físicos fossem uma regra destas épocas terríveis.
Agora… Donas Auroras, nunca mais!
"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes
merci pour toutes ses photos
ResponderEliminarque de bon souvenir c'est agreable de voir le village de mes vacances quand ont venaient avec nos grand parent
merci encore
a bientot
je suis la petite fille de manuel moita et de laurentina de jesus lopes qui sont tous deux décédé cousine lointaine de albertino lopes.
e eu que pensava que antigamente a escola masculina era na escola primaria......
ResponderEliminarTambém fui da Escola dita Tradicional, não se falava na aprendizagem, mas sim do ensino...acto de ensinar...ou a bem..ou então à pancada (reguadas, varadas na cabeça, do cabeça de burro, do anormal que não aprendes...), imagine-se isto em crianças que se estavam a começar a descobrir, levavam logo com estes traumas, dizia-se...para aprender...
ResponderEliminarBem, diga-se de verdade... sou a favor do rigor, do trabalho, repugno o facilitismo...Mas sou muito a favor da interacção e do professor como facilitador da aprendizagem...
Continuação de BONS ESCRITOS. AGil
Para quando um artigozinho teu, sobre a suspensão da avaliação dos professores?
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