A 21 de Março de 1917,
faz agora 100 anos, o casteleirense Primo Augusto, soldado do Regimento de
Infantaria 12 da Guarda, embarcava em Lisboa a bordo do navio inglês Bellerophon com destino ao porto de
Brest em França. Era um dos 25 jovens do Casteleiro integrados no Corpo
Expedicionário Português que participou na primeira guerra mundial.
Primo Augusto era filho de António Fernandes Carriço e Maria
da Conceição. Na sua caderneta militar podemos ler que, passados uns meses, a
13 de Agosto, é punido com quatro dias de detenção por ausência a um serviço e,
no dia 27, baixa ao hospital.
Mas, o facto mais relevante é que a 26 de Fevereiro de 1918 é
considerado desertor, não tendo pois participado na Batalha de La Lys que
ocorreu a 9 de Abril desse mesmo ano. Só quase um ano depois, a 16 de Janeiro de
1919, a sua ficha dá conta da sua presença com a frase “vindo do inimigo”.
Ora, a verdade é que o nosso conterrâneo Primo Augusto não
desertou. Foi capturado pelo inimigo e esteve quase um ano no campo de
prisioneiros de Dulmen, na Alemanha. Um campo para praças onde, por exemplo, a
24 de Agosto de 1918 estavam 300 prisioneiros. Primo Augusto era um deles.
Cem anos depois é possível “limpar” o nome deste nosso
conterrâneo graças a uma investigação junto do Comité Internacional da Cruz
Vermelha, onde consta a sua ficha de prisioneiro.
Ficha de prisioneiro |
Chegada de prisioneiros. "Ilustração Portuguesa", 10/Fev/2019 |
Primo Augusto viria a embarcar para Lisboa a 31 de Janeiro de
1919, quinze dias depois de ser libertado, e chegou ao cais de Santos a 4 de
Fevereiro, dois anos depois da sua partida.
Da informação que foi possível recolher, Primo Augusto viveu
sempre em Gonçalo onde viria a falecer em 21 de Abril de 1960.
"Reduto", crónica de António José Marques
Excelente trabalho. Agradeço ao autor.
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