21/06/2016

O arrolamento dos bens da Igreja em 1912


Como já aqui referi em crónica anterior, a propósito da existência na nossa aldeia da Confraria de Nossa Senhora das Dores, a Lei de Separação do Estado e da Igreja, publicada a 20 de Abril de 1911, determinou o arrolamento e inventário de todos os bens da Igreja.
Hoje reproduzimos aqui o original desse inventário realizado no Casteleiro no dia 6 de Março de 1912. Estiveram presentes e assinaram o documento: José Augusto Martins Paiva, representante do Administrador do Concelho; Norberto de Amaral Azevedo, Presidente da Junta da Paróquia de Casteleiro e Manuel José Gonçalves Coelho, delegado da comissão concelhia do inventário.
O documento descreve os bens móveis, a saber:
- “uma igreja denominada de S. Salvador que serve de igreja matriz com capela mor, sacristia, uma pequena casa para despejos, campanário com um sino quasi de grande tamanho…”
- “uma capela denominada de S. Francisco, campanário e púlpito cá fora, mas sem sino tendo dentro um altar e imagem de São Francisco…”
-“uma capela denominada do Espírito Santo situada no Reduto com campanário e sineta tendo dentro um altar e imagem do Espírito Santo…”
-“uma capela denominada de São Sebastião, no sítio de São Sebastião com um altar dentro em mau uso…”

Quanto às imagens encontradas na igreja matriz: São Salvador, Coração de Jesus, S. Sebastião, Senhora de Lurdes, Santo António e Menino Jesus. Segue-se depois uma longa lista de alfaias e utensílios. De várias casulas, a missais, um par de galhetas de vidro, um relicário de prata, estolas, etc…
Todos os bens ficam à guarda do Presidente da junta da Paróquia.
Curiosidade, ou talvez não, o pároco de então, António Gonçalves Sapinho, não assinou o documento pois, escreve o delegado, “o pároco desta freguesia não assistiu por não ter sido encontrado”. Obviamente o padre Sapinho não iria assistir ao despojamento dos bens e nesse dia, certamente, terá aproveitado para fazer um passeio!
Em 1932 foi feita nova adenda ao inventário já que, imaginem, vinte anos depois tinham descoberto que alguns dados estavam em falta. Mas isso é tema para outra crónica…
 
 
 
 
 
"Reduto", crónica de António José Marques
 
 
 
 

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