Reza a História que em Belém, à meia noite – 25 de
dezembro - nascera o “Menino Jesus, filho da Virgem Maria”. Foi assim que nos
ensinaram e foi assim que aprendemos!
Era uma noite misteriosa que juntava famílias em
torno da mesa, nem sempre farta, como agora, mas onde o espírito natalício
estava bem patente nos rostos, por vezes cansados do duro trabalho de uma
jorna, mas com a enorme vontade de cumprir o ritual da ceia bem regada…das
filhoses, e do madeiro.

Na minha aldeia – Casteleiro – o Natal era, sem dúvida,
a festividade do ano vivida com mais fervor, em que os valores humanísticos
povoavam o espirito daquelas gentes.
Presentes? Prendas? Eram algo raro, e que nem a
todas as crianças lhe calhavam em sorte: uma moeda…uns rebuçados…uma boneca…um
ou outro brinquedo…
Hoje fala-se do Natal e a sociedade consumista
encarregou-se de inventar o “Pai Natal” – aquele que satisfaz todos os desejos
de cada criança. A árvore de Natal, essa recente criação desta mesma sociedade,
deve ser bem brilhante, com enormes bolas multicolores, entremeada de luzinhas,
catrapiscando ao som de melodias musicais alusivas à época. Mas para esta estar
completa, deve ter amontoada à sua volta, embrulhos e mais embrulhos, também
estes coloridos, comprados em filas intermináveis nos “shoppings”, que vão pluriferando
por esse país fora e também na nossa região interior.
Então, e o que é feito do Menino Jesus, o tal
Menino que, ano após ano, era recreado o seu nascimento através do presépio,
feito de musgo e de figuras de barro – comprados aos loiceiros no mercado da
vila - que encantavam os mais pequenos e eram venerados pelos mais velhos?
Quem no dia de Natal não fazia questão de beijar o
Menino Jesus?
Na igreja, a população perfilava-se, diante do
altar-mor, primeiro os homens…depois as mulheres e beijavam o Menino que o
senhor padre exibia; era assim a tradição! As crianças, essas não paravam! O
entusiasmo era tanto que o sossego era coisa rara…todos queriam ver e beijar o
Menino, acabado de nascer, embalados em cânticos ancestrais, ensaiados
repetidas vezes nas semanas que antecediam o grande dia, pelo grupo de cantores
da igreja.
Podem cantar comigo:
Alegrem-se os céus e a terra
Cantemos com alegriaJá nasceu o Deus Menino
Filho da virgem Maria.
(…)
Joaquim Luís Gouveia
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