Após a morte do jovem-Rei D.
Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, este não tendo descendentes diretos,
subiu ao trono o Cardeal D. Henrique que já de idade avançada, doente e não tendo também descendentes,
reuniu pela última vez as cortes, em Almeirim, e indicou para seu sucessor
Filipe II de Espanha.
Decisão tomada, o
Prior do Crato com um pequeno exército tentou resistir, mas foi vencido na
batalha de Alcântara, perdendo-se assim a Independência com a proclamação de
Filipe I, rei de Portugal. Era o início do reinado Filipino desde 1580 a 1640.
Sessenta anos durou o cativeiro,
até que, na manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, despertou a aurora, rica de
promessas. Os grilhões, carcomidos pela ferrugem dos erros castelhanos,
quebraram-se; a base do trono, mirrada pela hipocrisia e cobiça, ruiu
estrondosamente nesse 1º de Dezembro de 1640. Portugal riu-se do papão, caído
de bruços, e o medo-arma psicológica- venceu-se a si mesmo e o “jovem Rei-Sol”
voltou triunfante com a vitória dos 40 conjurados de 1640.
Todos, remoçados da alma
nacional, com fé no ressurgimento nacional, saíram para a rua e, no coração de
cada um, cresceu a esperança, ateou-se o fogo sagrado. Portugal, o gigante, que
desconhecia a sua força, conscientemente aprendeu a lição dos seus heróis que
galhardamente derrubaram do trono o poderio espanhol e aclamaram D. João IV,
Rei de Portugal.
Por outras razões, o povo
português republicano, o exército e a armada, descontentes com a má governação
dos atuais políticos monárquicos, outra solução não havia a tomar, senão
empreender uma revolução de que resultou a vitoriosa implantação da República,
no dia 5 de Outubro de 1910.
Exilado o Rei D. Manuel II, foi
nomeado um governo provisório, a que presidiu Teófilo Braga.
Eis a lição profunda da página
histórica dos conjurados de 1 de Dezembro de1640 e dos revolucionários de 5 de
Outubro de 1910.
Com tais feitos heroicos,
impensável seria retirar os feriados, ainda que provisoriamente, de 1 de
Dezembro, dia da restauração da Independência de Portugal do jugo de Espanha;
do dia 5 de Outubro, comemorativo da implantação da República com os seus
ideais e dos dias de Corpo de Deus e de Todos os Santos, dias Santos de Guarda,
de tão grande devoção da maioria do povo português, mas, mesmo assim, foram
retirados.
Rasgar a história, a memória
coletiva dum povo que é Portugal, é imperdoável traição. Por certo cada um de
nós ainda não rasgou a história na sua mente e no coração ainda não se apagou o
amor sagrado da Pátria. Sendo assim, á luz fulgurante da nossa história,
descobriremos o sentido profundo e atual destes dias no coração de portugueses
e guardaremos a alta lição dos conjurados e dos revolucionários-uma página da
história de imputável valor heroico.
Assustados e revoltados, dos
heroicos conjurados e revolucionários que jazem no eterno descanso ouvem-se
gritos de contestação, dizendo que só se calarão, quando os feriados retirados
voltarem a ser comemorados e guardados.
Em sinal de agradecimento e
reconhecimento, desculpai terem-vos quebrado o silêncio sagrado em que viveis.
Obrigado pelo vosso heroísmo, porque até na sepultura sois heróis
Descansai eternamente que bem o
mereceis, na certeza de que Portugal continuará a respeitar e a comemorar os
dias 1 de Dezembro de 1640 e 5 de Outubro de 1910.
"Daqui Viseu", espaço de opinião de autoria de Daniel Machado
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