22/06/2011

A viagem do elefante passou pelo Casteleiro, de certeza

Agora que acabou a magnífica Festa da Caça de que tanto me falam (não pude estar presente este ano), é talvez o tempo certo para outros imaginários.
Por estes dias, muito se tem falado da Rota das Aldeias Históricas. Diz-se que Saramago, que escreveu uma obra muito interessante sobre um elefante que foi oferecido pelo nosso D. João III ao seu primo Maximiliano II da Áustria, quis esta Rota. Nada melhor do que ler o livro, mas para já, fica aqui o acesso a uma sinopse oficial.
Agora, soube-se há dias, a Rota do Elefante, que passaria sempre por Sortelha, vai passar pelo Sabugal, como se pode ler aqui e aqui.
E isso é bom para a Região.
Este elefante tinha vindo da Índia para ser mostrado em Lisboa e existiu de facto.
Mas o nosso rei um dia resolveu oferecê-lo ao primo. E mandou o exército levá-lo país acima até à fronteira para aí o entregar aos soldados do sacro imperador.
Uma viagem longa e lenta – a passo de elefante, claro.
Na sua deslocação, o exército português que o levava conduz o elefante Salomão pelas calçadas romanas país acima desde a corte de Lisboa até à fronteira na Beira Alta. Lá para perto de Castelo Rodrigo.
Ora, aqui, na nossa zona, terá passado por Sortelha.
Há exactamente dois anos, Saramago refez a viagem e passou por estas zonas, desde Castelo Novo a Sortelha: ia para Figueira de Castelo Rodrigo, mas, antes, quis revisitar Sortelha e passou pelo Sabugal «sem parar». Pode ler isso aqui.
Pois bem, dito de repente e sem perder tempo, digo com clareza que tenho uma teoria: o elefante indiano Salomão, o real (porque ele existiu mesmo e fez esta viagem romanceada «agora» por José) passou por aqui.
A minha teoria é simples: inevitavelmente, neste troço da viagem, entre Castelo Novo e Sortelha, naqueles anos de antanho (meados do século XVI), o Salomão foi conduzido por aqui: pela Ribeira da Cal e pelo Casteleiro (parece que era esse o traçado da Calçada), passando na Calçada Romana que está assinalada pelo Mar(i)neto acima, Serra da Vila acima, até Sortelha.
Alguém me explica como passaria na Calçada Romana (ou calçada medieval, sabe-se lá), que vinha desde a Beira Baixa até à fronteira a Norte… sem passar no Casteleiro?
Claro que Saramago preferiu dizer sempre que «o elefante poderia ter passado por aqui». É que ele não estava a fazer um livro de História mas sim um livro de ficção literária…










"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes

Sem comentários :

Enviar um comentário