11/10/2015

"Ti Vitorino"


Na rotina diária da nossa aldeia há um local, ponto de encontro obrigatório: o café do Ti Vitorino. Em muitas dezenas de anos, desde a minha meninice, houve sempre um momento em que alguém dizia. “Vamos ao Ti Vitorino!”. Nunca ouvi “Vamos ao café D. Príncipe”, o verdadeiro nome do “estabelecimento”.
Podia aqui relatar muitas e variadas estórias que ali vivi e presenciei. Todos nós, casteleirenses, o podemos fazer. A simbologia daquele espaço é de uma riqueza ímpar. Se o “terreiro” sempre funcionou como verdadeiro ponto de encontro social, é igualmente verdade que o café do “Ti Vitorino” trilhou ao longo dos anos um percurso paralelo, adornado com a riqueza da “sueca”, do dominó, do futebol na Tv, da conversa, do encontro. O contributo deste espaço na coesão social da aldeia, de centro ocupacional para os nossos seniores, de porto de abrigo para muitos, de central de notícias, foi ao longo dos tempos decisivo e único.
No entanto, este espaço não tinha vida própria. A sua riqueza, a sua ambiência, sempre esteve ligada ao seu proprietário que a construiu, que lhe dava vida, que o enriqueceu com estórias a propósito.
Com a sua afabilidade e modo de estar único, o café era o “Ti Vitorino”.
E hoje, no dia da sua prematura partida, recordo a sua amizade e bom trato pessoal. Do ritual aperto de mão…

O Casteleiro está mais pobre!
António José Marques
 

2 comentários :

  1. Grande homem, marido e pai. Paz a sua alma.

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  2. É uma tristeza, é um choque para os casteleirenses

    Antonio.Alves.

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