Longe vai o tempo em que o sabão era feito em casa,
à medida da necessidade mas, sobretudo, de acordo com a matéria prima
existente, ou seja das borras que se depositavam nos potes do azeite que
alimentava com muito rigor, as bocas da casa e a candeia que servia de
companhia nas noites longas de inverno.
Lembro que a minha mãe fazia muito bem
este tipo de sabão sim, porque nem todas as mulheres sabiam tal fórmula mágica!
Antes de escrever sobre este assunto,
fiz umas perguntas a várias pessoas ao que me disseram que, em tempos
antigos, quando não havia detergentes, a maioria dos sabões caseiros não faziam
espuma, mas acrescentava-se cinza, para ajudar a tornar o sabão mais
"branqueador" e a gordura utilizada era o resto, borras do fundo, do
pote do azeite. Se houvesse dinheiro, então comprava-se um cartucho de sabão em
pó, igual ao que os barbeiros usavam para ensaboar as barbas dos homens. Assim,
o sabão fazia tal espuma que até parecia de compra.
No Casteleiro, como noutras
aldeias do nosso concelho, só as famílias que tinham muitas oliveiras é que
faziam este tipo de sabão.
Atualmente e por culpa
das gerações presentes, assistimos ao desaparecimento destes saberes fazer,
característicos duma época em que “a necessidade aguçava o engenho.
Para que conste da
memória futura, aqui fica a receita deste sabão tão popular.
Para
fazer este sabão de tipo “caseiro” utiliza-se borra/restos de azeite, soda
cáustica e potassa. Para dar espuma e cheiro, adiciona-se detergente ou sabão
em pó e água.
Faz-se
uma calda ao lume e deixasse apurar até ficar uma pasta pronta para
endurecer. Verte-se, com cuidado, numa base que seja lisa e aguente o
calor. Depois é só deixar arrefecer. Por fim, corta-se o sabão em barras e talha-se
aos bocados, de acordo com a sua utilização futura.
"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia
Bom tema, Quim!!!!
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