Apesar da seara que o
há-de, se encontrar no seu desenvolvimento natural, ao longo dos seus nove
meses de gestação (de novembro a julho), hoje apeteceu-me trazer à vossa lembrança
e conhecimento, algo estranho - «cornatcho» - procurado nas espigas do centeio,
por alturas da ceifa.
Crianças e adultos, de
olhos bem abertos, percorriam as searas já amadurecidas e, quando encontravam
este fungo do centeio, de forma córnea, explodiam de alegria. O preço a que era
vendido justificava tal busca.
Depois de colhido, era muito bem guardado até que
passavam pelo Casteleiro uns homens munidos com uma “balança de dois braços”
para o comprar e pagar. Normalmente aos domingos – dia de agradecimento ao
Senhor – ouvia-se o já conhecido pregão:
- “QUEM TEM LENTICÃO, SARRO E FERRO VELHO P’RA VENDER?”
Assim diziam em voz alta os homens de saco às costas, vindos do Dominguizo –
terra do concelho da Covilhã.
No tempo em que o
dinheiro não abundava, sempre era uma ajudinha para comprar a roupa e os
sapatos para a festa de Santo António, que seria no mês de Agosto.
Notas:
(1) Lenticão: nome das
excrescências do centeio (no Casteleiro chamadas de «cornatcho»);
(2) Sarro: nome dado ao pó
retirado ao interior das pipas do vinho, aquando da sua preparação para, em
setembro, levarem o vinho novo.
(3) Ferro velho: relhas e
bicos dos arados, já gastos, usados na lavragem da terra; aros de pipas, já
corroídos pelos anos; panelas de ferro consumidas pelas gerações já passadas
(…) entre outros ferros que pudessem ser «reciclados».
APELO: Consciente do espaço mediático e de
comunicação que, hoje em dia, o Faceboock ocupa no dia-a-dia dos cidadãos, não
posso deixar de fazer um apelo a todos os casteleirenses para que, apesar
disso, não deixem de utilizar o nosso blogue VIVER CASTELEIRO.
Considero este meio um
espaço plural onde, cada um, à sua maneira, pode contribuir para um
conhecimento cada vez maior, desta nossa terra.
Desde os documentos
que trazem até nós o conhecimento de figuras e acontecimentos relevantes na
história do nosso povo, passando pelos recortes de vidas e tradições, o VIVER
CASTELEIRO assume-se, ainda, como um espaço de informação sobre os mais
variados aspetos do dia-a-dia do Casteleiro.
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