25/01/2011

Eleições

Confesso que, para mim, votar é uma obrigação que me dá muito prazer. Gosto de votar, manifestar a minha opinião e não deixar apenas aos outros a capacidade de decisão. Votei sempre em todas as eleições.
Ao longo do tempo, os meus favoritos ganharam, outras (muitas) vezes perderam. A democracia é assim. A maioria é quem decide. Independentemente da nossa vontade.
Nas últimas eleições presidenciais o meu candidato perdeu. Mas o que verdadeiramente me chocou foi o facto da maioria dos portugueses não ter votado. Atingimos a maior taxa de abstenção de sempre. A maioria optou por não se pronunciar sobre os candidatos.
E, assim, temos um Presidente da República eleito por apenas 24% dos portugueses. Algo vai mal quando nos demitimos das nossas obrigações de cidadão, com direitos mas também com deveres!







"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

21/01/2011

Expressões do linguajar casteleirense

Na sequência do trabalho que temos vindo a desenvolver à volta da riqueza linguística da nossa terra, trago-vos, aqui hoje, algumas expressões utilizadas no dia a dia da nossa gente mais idosa. Então registem com atenção, pois vale mesmo a pena guardar estas preciosidades:

“Agarrei em mim” – tomei a atitude de…
“Eu, mai a minha” – minha, refere-se à esposa
“Tchegar a vaca” – levar a vaca ao boi de cobrição
“Boi de cobrição” – Boi para procriar – normalmente havia um ou dois no povo onde os ganhões levavam as vacas, quando andavam com o cio
“Andar dalevanto a noite intêra” – Passar a noite com má disposição intestinal
“Dor nas cruz” – dor de costas
“Já tchega até da bonda” – Já chega, até de sobra
“Anda de barriga” – Está grávida
“Não atchei o cu cas mãos ambas” – Andei todo o dia a correr
“Está a atá-las” – Está a morrer
“Anda de mal com ele” – Está zangado com ele
“É muito zarêlho” – É muito irrequieto
“Anda a roçar a casa” – Anda a esfregar (lavar) a casa
“Não tens porte pra nada” – não tens iniciativa alguma/não sabes fazer nada
“Dias aslanados” – Datas importantes do calendário litúrgico e respeitados por todos ou então ligados a acontecimentos, marcadamente importantes
“Dia Santo, de guarda” – dia em que não se podia trabalhar, sobretudo trabalhos do campo.

Convém reter algumas pequenas regras visíveis em muitas das palavras utilizadas:
• O ditongo “ei” no meio de qualquer palavra é pronunciado “ê” (exemplo: lareira, diz-se “larêra”)
• O “e” no final da palavra é dito “ei” (exemplo: Zé diz-se “Zei”)
• O “ch” tem sempre junto a presença do “t” (exemplo: “tchapéu”; “tchave”).



"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia

16/01/2011

Ano Internacional das Florestas em 2011

O ano 2011 foi declarado pela Organização das Nações Unidas o Ano Internacional das Florestas. Pretende-se com isto chamar, aumentar a sensibilização das questões relacionadas com a gestão sustentável, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas, para benefício das gerações presentes e futuras.
Trago aqui este tema para alertar e deixar umas ideais, pois as nossas florestas foram abandonadas há muito tempo e após o grande incêndio de 2009 o que se viu foi o corte das árvores queimadas e não só.
Ontem a tarde dei um passeio pelo alto da Carrola, pela área ardida, onde verifiquei alguma regeneração de sobreiros e pinheiros, mas esta regeneração podia ser muito mais com uma ajuda, espalhando sementes e limpando os restos de madeira que não arderam.
Não se pode desanimar, tem que se lutar por uma freguesia mais verde, devia-se pensar em estratégias conjuntas, mesmo que muitos proprietários não possam trabalhar a terra pelas mais variadíssimas situações. Porque não criar uma cooperativa ou associação para a gestão desses terrenos, reflorestar as áreas de floresta e cuidar dos olivais, produzindo uma marca de azeite que o lucro da venda seria para investir na gestão dos terrenos. Esta ideia irei debater noutro post.
Devem ser escolhidas as melhores espécies que se adaptam na nossa terra. Ontem fiquei surpreendido com a quantidade de sobreiros que estão a rebentar, como sabem do sobreiro retira-se a cortiça e a bolota para engorda dos suínos, são tudo sectores que se deveriam apostar para rentabilizar o investimento feito e não deixar a floresta ao abandono.
Para terminar informo que o Governo Civil da Guarda lançou em Dezembro passado uma campanha “F de Florestar” que visa oferecer e apoiar as iniciativas de reflorestação de áreas ardidas.
Gostava de ver a floresta do Casteleiro novamente verde, há que pensar nisto, pois daqui a 3 ou 4 anos está tudo cheio de mato e a regeneração natural não consegue sobreviver aos constantes incêndios, a floresta precisa da nossa ajuda.





"Ambiente agrícola e espaço florestal"
espaço de opinião de autoria de Ricardo Nabais

13/01/2011

Entrevista com a Vereadora Sandra Fortuna


Pela primeira vez, há na Câmara do Sabugal um(a) Vereador(a) do Casteleiro. E está a desempenhar muito bem o seu cargo.
Na sequência imediata de o «Viver Casteleiro» a ter considerado a Personalidade do Ano, a Dra. Sandra Fortuna foi por mim desafiada «em segredo» para esta entrevista, logo a seguir ao Ano Novo, a primeira para este nosso «sítio». Devido às suas muitas ocupações, só agora ficou concluída – o que é muito bom sinal: a Sandra não brinca em serviço, quis responder ponderadamente e com verdade sentida. A «nossa» Sandra não fugiu a nenhuma pergunta, ao contrário do que me costumam fazer outros «políticos».
Estamos apenas a meio de Janeiro, pelo que ainda se justificam os votos de Bom Ano com que abrimos… Vamos ler o que tem para nos dizer a «nossa» Vereadora da Câmara do Sabugal, que é também Secretária-Geral de uma IPSS na Covilhã e Presidente da Direcção do nosso Lar do Casteleiro.

José Carlos Mendes - Olá, Sandra. Bom Ano.
Sandra Fortuna - Olá. Bom Ano para si e para os leitores também.

- Sandra, um ano e pouco depois, como é estar numa posição de destaque como vereadora no Sabugal?
-Como já referi noutra entrevista, encaro a política como um enorme e aliciante desafio. Considero que se não me achasse capaz de contribuir para uma melhoria do trabalho do executivo não teria ocupado o lugar de vereadora. Tenho-me empenhado nas funções que agora exerço e o meu desejo é fazer sempre mais e melhor, mas tentando também fazer diferente.

- O caso da Administração da empresa municipal Sabugal + supomos que seja apenas mais um, embora tenha tido muita visibilidade. Há mais situações de constrangimento?
- Quando os processos não são explicados com a transparência necessária permanecem sempre dúvidas.

- A Sandra Fortuna, enquanto Vereadora, representa o concelho todo, como qualquer outro vereador, claro, mas é inevitável perguntar algo sobre o Casteleiro: acha que o facto de a nossa terra ter alguém na Câmara tem tido vantagem especial? Acho que é a primeira vez na história local que temos alguém a sentar-se na Câmara mesmo…
-Tendo eu nascido e crescido no Casteleiro, nutro por esta terra um sentimento inexplicável, gosto muito do Casteleiro. Em todos os locais onde estou e nos órgãos onde pertenço (políticos e não políticos), faço questão de falar sempre do nosso Casteleiro, como também no Concelho do Sabugal. Tenho consciência que todas as freguesias têm de ter o mesmo tratamento nos assuntos que apresentam à Câmara Municipal.
O Concelho do Sabugal é riquíssimo em tradições, respeito todas e orgulho-me por pertencer a um Concelho como o do Sabugal.

- Muita gente alude ao facto de a Sandra ser hoje uma espécie de sucessora da «Lucindinha», que, por ser Presidente da Junta era membro da Assembleia Municipal. Acha que é assim? Sente essa responsabilidade?
- Sinto um enorme orgulho no trabalho da Lucinda no Concelho do Sabugal e sobretudo no Casteleiro. O facto de existirem comparações é para mim uma satisfação, pois a Lucinda era uma pessoa determinada, justa e leal aos seus amigos. É uma referência.
No que diz respeito à responsabilidade, penso que estar em lugares políticos (neste caso como vereadora) exige sempre muita responsabilidade.

Considera a acção da Lucinda uma espécie de luz orientadora?
- Quando falo na Lucinda emociono-me sempre. Uma pessoa com enorme valor que para mim estará sempre presente e de quem tenho uma saudade infinita.
Só quem a conheceu consegue perceber as minhas palavras.

- Quem está eleito e vota aquelas propostas no dia-a-dia, que responsabilidades sente quando levanta o braço – seja para dizer sim, seja para dizer não?
- O papel da oposição na Câmara Municipal tem de ser, do meu ponto de vista, construtivo. Tem sido assim desde o início do nosso mandato. Ninguém pode dizer que a Câmara não está a desenvolver trabalho por responsabilidade da oposição PS. Temos provas de que o nosso objectivo não é prejudicar o trabalho de quem está no poder. Mas sim criticar quando temos de o fazer e apresentar propostas quando achamos oportuno.

- A Sandra foi professora alguns anos. O que fica desse tempo?
- Ficam tantas coisas. O ser professora é das profissões mais bonitas e encantadoras que se pode ter. A experiência valeu muito a pena, o contacto com os meus alunos, a evolução de cada um, momentos quase únicos.

- Outro domínio em que a Sandra se desdobra é o da actividade social: Secretária-Geral de uma IPSS e Presidente da Direcção de outra (o Lar do Casteleiro, neste caso), além do já referido cargo de Vereadora. Há mesmo tempo para tanta coisa? Qual é o segredo?
-Não há segredos. Para conseguir desenvolver todos os projectos, para além de planificar tudo muito bem, existe um factor determinante. Gosto do que faço! Nestas coisas a parte prejudicada acaba por ser a família. Que tem sido uma enorme força e motivação. Mas também os bons amigos que tenho sempre a meu lado.

- Sandra, agradecemos o depoimento. Ficamos a conhecê-la melhor. Bom sucesso para as suas tantas actividades!
- Obrigada. Foi um prazer.


Entrevista de autoria de José Carlos Mendes

12/01/2011

Memórias...

Ao abordarem aqui o tema da evolução linguística no Casteleiro, renasceu em mim memórias destes tempos …
Gostava de partilhar com vocês a minha experiência desta “língua” tão “falada” entre o nosso povo e que faz aflorar em mim boas recordações …
Quando a minha avó falava em “gravanços”, nunca tal eu pensava que seriam os benditos Grãos….e que os “malhávamos” no terraço em pleno Verão….Pois bem, descobri então o que eram os tais “gravanços”!
Entre outras “expressões” como: “cachopa” andas ai “encarrapata” toda “arreganhada”! Era mal vestida e por isso tinha frio….o que eu descobria…
A “gadanha” o “abonda” a “rebaldeira”, são palavras que fui ouvindo ao longo de toda a minha vida.…. pelas minhas avós, tias e tios….no Casteleiro. Sim, porque em Lisboa não se ouvia nada disto…
Quando eu na escola, por alguma razão as dizia, havia sempre alguém que perguntava…O que é isso??? E eu corrigia o termo “Casteleirense” para “Lisboeta”…Ao longo do tempo adaptei-me a estes termos e sabia-os distinguir…Sabia que só as pessoas do Casteleiro o diziam, e que em Lisboa não se falava assim…
Nos dias de hoje já só as ouvimos nas pessoas mais velhas….mas…como a “tradição” no Casteleiro ainda é o que era….os que lá “regressam” depois de uma vida noutra cidade, adaptam-se depressa aos “termos” e quando dou por isso, até parece que nunca saí de lá …. é o caso dos meus pais, que depois de reformados voltaram às origens e, quando dou por eles, já estão a falar “Casteleirense”….Ainda hoje pergunto o que são algumas coisas, quando a minha mãe diz: estamos ao “borralho”…… anda-mos a derrunchar as árvores…Ok…
Conclusão: Ao fim de 37 anos de vida, ainda aprendo “palavras” novas….ditas no Casteleiro…


Susana Leitão

10/01/2011

Charcos com vida

Hoje trago-vos mais uma iniciativa: a campanha “Charcos com Vida” que pretende incentivar as entidades aderentes a descobrir, valorizar e investigar os charcos e a sua biodiversidade. Para tal, as entidades são convidadas a realizar um conjunto de actividades de exploração científica e pedagógica, que visam contribuir para o conhecimento da biodiversidade e importância destes habitats, bem como sensibilizar e mobilizar a comunidade escolar e local para a preservação dos charcos enquanto reservatórios de biodiversidade e laboratórios vivos.
Esta campanha é direccionada para todas as escolas nacionais do ensino básico e secundário, sendo aberta à participação de outras entidades, como associações, câmaras municipais, centros de educação ambiental e particulares. Consoante a existência de charcos nas redondezas ou a disponibilidade de terrenos próprios com condições apropriadas, as entidades aderentes poderão adoptar um charco natural em áreas próximas ou construir um nas suas instalações, segundo as instruções fornecidas. Retirado daqui .
Para além desta campanha que vos apresento aqui esta semana, penso que se devia cartografar todos os pontos de água da freguesia bem como os acessos, que tipos de veículos conseguem aceder e, mais importante que estar cartografado, é estar sinalizado para que todos os intervenientes que precisem de aceder aos pontos de água saibam onde se localizam.
Cada vez mais é importante participar nestas campanhas e fazer um trabalho activo em todas as áreas que possam estar presentes na nossa freguesia.
Para a próxima semana falaremos de florestas, pois este ano é o Ano Internacional das Florestas.







"Ambiente agrícola e espaço florestal"
espaço de opinião de autoria de Ricardo Nabais

09/01/2011

Junta adquire viatura para ataque a incêndios












A Junta de Freguesia adquiriu recentemente uma viatura todo-o-terreno tendo em vista, essencialmente, a utilização no combate a incêndios na sua fase inicial. Um kit específico para esse fim irá agora ser instalado na viatura.

06/01/2011

A memória...das palavras (IV)

Hoje, quero agradecer, de uma forma especial, ao meu caro amigo José Carlos Mendes, pelo contributo dado na recolha destas palavras. Claro que este é um espaço aberto a outros colaborantes que queiram embarcar nesta “viagem no tempo”, enviando directamente para o “Viver Casteleiro” ou para o email jluisgouveia@gmail.com.
Continuemos a viagem:

Tchòriças (das pernas) – manchas, avermelhadas, de forma redonda existentes nas pernas, das mulheres, provocadas pelo calor excessivo do lume
Azamel – pessoa que anda constantemente doente
Patcharouco – pessoa de pouca iniciativa e a quem nada se pode confiar
Bòguêlo – criança que anda constantemente doente
Zarinzel – pessoa que não pára um bocadinho, mas que nada faz
Tcharimbelho – pessoa que ouve aqui e conta ali
Garrantchos – instrumento agrícola, em ferro com pontas aguçadas e que servem para retirar o estrume da cama dos animais
Carounho (do milho) – parte da maçaroca do milho, esbranquiçada, que sustenta as sementes. É o carounho que dá forma à maçaroca
Inchinho – instrumento agrícola, de madeira, com pontas aguçadas e que serve para alisar a terra, depois de semeada (inchinhar as batatas, o feijão…)
Galhoulho – pessoa que não diz coisa com coisa…que atrapalha qualquer conversa
Casquêro – chapéu velho; bocado de pão, geralmente duro, que era levado para o campo, servindo de alimento durante o dia de trabalho
Trempens – suporte em ferro, de forma arredondada, e uns ferros na vertical. Servem de suporte para colocar a frigideira onde se fazem as filhós, na noite de Natal
Coutcho – objecto de cortiça, em forma de cotovelo, que serve para beber água, retirada das frescas fontes, existentes nos campos
Cravelha – objecto em madeira, geralmente em forma rectangular, que servia para fechar a porta de casa, da loja…
Cadeias (do lume) – argolas em ferro, suspensas no interior da chaminé e que serviam para sustentar os “caldeiros” da vianda, que diariamente eram preparados para os porcos, vacas…
Tchanêlo – sapatos velhos, muitas vezes feitos de pano e borracha por baixo
Mòrão – parte superior da chaminé, geralmente em pedra, onde era colocada a caixa de fósforos e as tenazes
Acebarrado - entusiasmado
Contchas – manchas de sujidade, na roupa ou mesmo no corpo
Tchoquice – sujidade em abundância

Prometo continuar, com a memória…das palavras!




"A Minha Rua", espaço de opinião de autoria de Joaquim Gouveia