Para trás ficaram já muitos anos!
Sinais de um tempo passado, fortemente marcado pela miséria de um povo
que procurava subtrair à terra o sustento para os filhos que viu nascer.
Memórias que jamais esquecerão e que se encontram bem guardadas nas
pessoas mais idosas do Casteleiro.
O balcão, de granito, tão duro como as rudes mãos que o moldaram é
sinónimo de um número incalculável de pés que, persistentemente, o pisaram ao
ponto de se ir moldando de acordo com o peso dos corpos cansados, dia após dia,
no final de cada jorna.
Por fim, a casa. Quão pequena! O primeiro andar acolhia a família e,
neste caso, também local de trabalho. Quem pretendesse aprender a arte de bem costurar
tinha que passar por aqui, apesar das minúsculas divisões que a arquitetavam. A
loja, no rés-do-chão, era sempre a mais-valia de qualquer casa: para guardar
utensílios agrícolas, alimentos arrancados do campo durante os dias tórridos de
um verão quente, que serviriam para alimentar o inverno que, por vezes, era demasiado
longo.
Ao percorrermos as ruas da nossa terra, passo a passo, por entre o
silêncio das casas vazias e, algumas delas desmoronadas, encontramos memórias
de tempo que povoava cada espaço urbano mas também toda a ruralidade dos seus
campos adjacentes.
É aqui que podemos encontrar pedaços da nossa história que, conjugados
um a um, alicerçam o nosso conhecimento de modo a melhor conhecermos esta terra
que é nossa.
"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia
Texto bonito este.
ResponderEliminarNão só com conhecimento do que foram as nossas terras e a sua história, mas recheado de sensibilidade que fala sempre muito comigo.
Gostei muito.
Penso que reconheci a velha casa.
Subi aqueles degraus muitas vezes.
Os meus vestidos eram todos feitos lá.
Estou certa?
Obrigada por este mimo.
Abraço.
Venham mais de igual teor.
Dulce Martins
Tens razão Joaquim Luís, ao olhar para essa casas tão vazias e tão degradadas, lemos nelas um pedaço da história do nosso Casteleiro, tão semelhante a outras terras nossas vizinhas, e não só, que se encontram na mesma situação. É com muita nostalgia que estamos a assistir a toda a esta desertificação humana(e com ela a destruição) das nossas aldeias...Eu ainda quero ter algumas esperanças de que nós não as vamos deixar morrer...há sinais que nos entusiasmam, recordo por exemplo a festa da caça, as ruas encheram-se de pessoas, houve alarido, gargalhadas, convívio...é pouco? Não é muito...assim nós o queiramos...temos que colaboar e dignificar estes acontecimentos...Assim os filhos da terra o queiram...
ResponderEliminarAGil
A propósito deste assunto e do tema da reabilitação urbana no Casteleiro, pode interessar ao leitor passar uma vista de olhos neste artigo do «Capeia Arraiana»:
ResponderEliminarhttp://capeiaarraiana.pt/2013/06/03/casteleiro-a-renovacao-do-edificado/