Ontem, dia
21, fui ao Sabugal assistir à recriação do ”Motim do Aguilhão”, uma iniciativa
do Município, integrada na “Viagem aos anos 20”.
E fui por um
motivo muito concreto. É que este motim, que aconteceu a 10 de Fevereiro de 1926,
teve como mentor o nosso conterrâneo e Presidente da Junta de Freguesia de
Casteleiro à época: Joaquim Mendes Guerra, (falecido a 24/1/1953), filho do
abastado lavrador e ilustre casteleirense Manoel José Fernandes Guerra e marido
da ainda hoje muito falada na aldeia, D. Maria do Céu Guerra (a Senhora).
Joaquim
Guerra pertenceu à geração do “integralismo lusitano” e foi um grande defensor
da causa dos lavradores do concelho. O motim, obviamente com motivos políticos,
juntou frente à Câmara do Sabugal cerca de 1500 manifestantes e teve como
causas directas a imposição de um imposto de turismo, a licença de cães e a
licença de “aguilhão” , a ponta de metal usada para incitar as juntas de bois.
Um leque de impostos que atingia ferozmente os lavradores. Ontem, tal como hoje!
A acção de
Joaquim Mendes Guerra foi multifacetada. A 18 de Abril desse ano, fundou o
jornal “Gazeta do Sabugal”, com sede no Casteleiro, onde continuou com numerosos
artigos a defender as causas em que acreditava. Logo no primeiro número do
jornal escrevia “Os lavradores sabem que devem pagar contribuições e hão-de
pagá-las, mas só querem pagar as que forem justas e as que forem necessárias”.
A vida deste
nosso conterrâneo foi rica de momentos cruciais, durante muitos anos, na vida
política do concelho. O seu estudo e divulgação é outro dos objectivos em
carteira, mas já em avançado estado de pesquisa.
Acreditem
que foi com enorme prazer que ontem assisti à recriação deste motim com a praça
frente à Câmara do Sabugal repleta de gente, muitos com varapaus e em grande
berraria, e ouvir o actor abrir o discurso à multidão:
“Chamo-me
Joaquim Mendes Guerra e venho do Casteleiro”.
"Reduto", crónica de António José Marques
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