É do conhecimento histórico que, por
ocasião das Invasões Francesas, Sortelha e todo a zona envolvente foi um dos
alvos das tropas invasoras. Aliás, é bem conhecida a vitória do exército
luso-inglês na famosa Batalha do Gravato, no Sabugal, a 3 de Abril de 1811.
Certo é que os ingleses, depois da retirada dos franceses, ficaram por cá
nomeadamente para reorganizar o exército luso, sob o comando dos generais
Wellington e Beresford. E essa presença terá acontecido, também, na então
capitania de ordenanças de Sortelha. O que poderá de algum modo estar na base
deste facto acontecido no Casteleiro, em 1811 ou 1812.
Luís, filho do casteleirense José
Martins da Costa e Maria da Costa do Vale de Lobo, nasceu em 1801. Setenta e um
anos depois, a 3 de fevereiro de 1872, ficamos a saber por intermédio de um seu
primo, Luís Martins Fortuna, que solicitou que o assento de baptismo fosse
reescrito, que o Luís tinha sido raptado a seus pais por um oficial inglês,
teria então dez ou onze anos de idade.
O porquê deste rapto, em que
condições, o que lhe aconteceu, nunca o vamos saber. Quem serão os descendentes
da família do Luís? Também dificilmente o saberemos. O que sabemos é que nunca
mais se soube dele já que o assento é escrito setenta e um anos depois do seu
nascimento.
E sabemos outra coisa. É que tantas
décadas depois o casteleirense Luís não foi esquecido pelos seus, que fizeram
questão de deixar para memória futura prova da sua existência e do que lhe
aconteceu.
E esse foi um objectivo conseguido.
Passados 217 anos estamos aqui a falar do Luís.
“Luís, filho legítimo de José Martins
da Costa natural desta freguesia de Casteleiro concelho extinto de Sortelha e
Belmonte, hoje do Sabugal Diocese da Guarda e de Maria da Costa ou Pires Reina,
natural do Vale de Lobo concelho de Penamacor da dita Diocese , neto paterno de
José Martins Osório e de Violante da
Costa , ignora-se o nome dos avós maternos por não serem desta freguesia.
Nasceu no ano de mil oitocentos e um , foi solenemente baptizado pelo Reverendo
José dos Santos e foi seu padrinho seu tio paterno Manuel Martins da Costa o que tudo me foi
certificado pelas testemunhas Luís Martins Fortuna primo do baptizado, de idade
de setenta anos e Joaquim Gomes Rodrigues da idade de setenta e quatro anos. Em
vista do alvará de autorização que me foi apresentado por Sua Exª
reverendíssima o Bispo desta Diocese, Manuel Martins Manso, o qual alvará fica
no arquivo desta paróquia, lavrei este assento que assino, Casteleiro 3 de
fevereiro de 1872- o Vigário Joaquim Lopes Almeida. Declaro em tempo que as sobreditas
testemunhas me confessaram que o baptizado foi raptado a seus pais por um
Oficial Inglês em mil oitocentos e onze ou doze. Era ut supra.”
"Reduto", crónica de António José Marques
Assento de Baptismo disponibilizado por http://www.genregis.com/
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