Não vai longe o tempo em que, com muita antecedência, os
santos que fazem parte do património religioso do Casteleiro, eram cuidadosamente
preparados de modo a acompanhar Santo António durante a procissão no seu dia de
festa, sinal de reconhecimento e ação de graças de todos os paroquianos. Sim,
digo cuidadosamente, porque se é dia festa, então é para todos! Foi assim que o
povo sempre entendeu. Para além de bem lavadinhos, exibiam as suas vestes
festivas, algumas delas feitas de propósito para esse dia.
Da festa constava a procissão com o tradicional cortejo de
oferendas. Composto por produtos da terra ou animais ali criados era, também,
um momento alto da festa de Santo António que, uma vez terminada a procissão e,
num palco improvisado, junto à torre da igreja tinha lugar, de imediato, a
tradicional “arrematação de ofertas”. Pequenos e graúdos só arredavam dali para
o almoço, depois de verem arrematada a última oferta!
Vem isto a (des)propósito do mau estar vivido ontem – dia de
festa na aldeia – motivado por uma postura algo anormal do atual pároco –
ministro de Deus – que há cerca de um ano o senhor bispo da Guarda ali
colocara.
Vamos por partes:
a) O
povo do Casteleiro já deu provas, ao longo da sua história, de ser ordeiro,
respeitador dos valores da igreja, bem como dos seus pastores, para ali
designados. A prová-lo estão os três últimos párocos: dois deles estiveram
várias décadas à frente da paróquia e o último, até este resignar, depois de meia
dúzia de anos ao serviço desta comunidade;
b) A
festa em honra de Santo António, para além de chamar à terra todos aqueles que
procuram lá fora melhores condições de vida, representa um ponto alto de
agradecimento e ação de graças pelo bom ano agrícola ou pela proteção dos
animais, forte contributo nas economias familiares;
c) Pelo
respeito que os santos lhes merecem, o povo soube sempre organizar-se de modo a
que neste dia de festa de Santo António, todos pudessem participar na
tradicional procissão e aí serem venerados, cumprindo assim as promessas feitas
ao longo do ano;
d) Contrariar
estes princípios é estar contra a vontade e fé das pessoas;
e) Contrariar
estes princípios é uma forma estranha de exercer o magistério.
Não me parece correta
esta forma de interagir com este povo, maioritariamente envelhecido, mas com
uma forte vontade de continuar a festejar com os santos da sua devoção.
Será que o atual
pároco, empedernido da sua juventude, tem dificuldade em perceber que, nunca
conseguirá fazer bem o seu trabalho senão perceber o seu povo e, com ele,
traçar o melhor caminho?
Como poderá o pastor
“conduzir” o seu rebanho de uma forma calma e serena, se o cajado que
transporta em vez de lhe servir de suporte e amparo, serve, para exercer a sua
força, mesmo perante aquelas ovelhas com grandes dificuldades em percorrer o
caminho, do bardo até à pastagem?
Deixaria apenas uma
afirmação, indispensável ao exercício de qualquer profissão: Só o homem tem a
capacidade de fazer, errar, refletir e melhorar!
Reconhecer o erro é uma
virtude; é um ato de sensatez!
"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia
E a paz vai voltar !
ResponderEliminarSoube que em Malcata a situação é mais ou menos parecida e após um diálogo com o Bispo e tudo está bem, ou seja, fica como estava.