O bater das horas no
relógio da torre da igreja marca o ritmo artificial do tempo. É lento,
demasiado lento…
Por aqui, o silêncio
das ruas é quebrado por este som ritmado, algo sofisticado pela melodia que o
acompanha.
De longe em longe
encontramos mulheres de preto sentadas na soleira da porta ou no “balcão”, com
degraus, desgastados pelo rigor do tempo.
No largo de S.
Francisco permanecem, diariamente, as mesmas pessoas, quão “guardas do Templo”
por alturas da guerra. Fazem de guias turísticos a quem passa de carro … vão
arrumando as novidades, para que, ao domingo possam ser difundidas pelo
engrossar do grupo de convivas…vão fazendo a crítica, pura e dura, às obras
que, aqui e ali, transformam o Casteleiro.
Esta calmaria é
caracterizadora de uma aldeia, como tantas outras, deste interior tão profundo.
A contrastar com esta
desertificação, está o Lar e Centro de Dia da terra. Como dizia alguém, no
passado fim-de-semana: “há mais gente no Lar, do que no Casteleiro inteiro”.
Aqui o tempo, também,
passa devagar. As rotinas: das refeições, da higiene, dos procedimentos
médicos…ou os trabalhos habilidosos de muitos dos seus utentes, marcam o ritmo
dos dias.
Diariamente, a
animadora cultural, rebusca nas memórias dos octogenários, residentes,
vivências passadas, corporizando-as em artefactos reais, cada um com sua
história, marcadamente rurais, marcadamente masculinos ou femininos.
Os espantalhos!
Por si só traduzem um
tempo, envolvido em histórias, muitas vezes carregadas de humor, ou mesmo,
roçando a brejeirice.
E o tempo passa…passa devagar!
Joaquim Gouveia
Texto muito bonito...e descritor de uma realidade que se vive no nosso interior..é preocupante o que se passa neste nosso país e a agravar toda esta situação é a grande fuga de jovens para o estrangeiro à procura de sustento...
ResponderEliminarMas voltando ao texto do Joaquim...ele faz-nos um apelo implícito...`"não esqueçamos a nossa terra, nós os que estamos fora, sempre que possível, devemos visitá-la...quem não valoriza as suas origens??!!" AGil
Para uns passa devagar, para outros a correr!!!Tão depressa passam as horas (e o relógio não se cansa) que mais dia,menos dia, somos nós a ouvir o bater lento do relógio da torre!!!!!È a lei da vida!!! Continua inspirado.....que eu gosto. H.F
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