A 27 de outubro de 1902, faz hoje 117 anos, realizou-se a primeira
corrida automobilística em Portugal: Figueira da Foz- Lisboa. O
motivo desta evocação prende-se com o facto do principal
protagonista desta prova ter sido José Caetano Tavares de Melo da
Costa Lobo, então com 26 anos, conhecido entre nós como último
“morgado” de Santo Amaro.
A corrida contou com
11 inscritos, entre os quais dois Darracq, marca representada em
Portugal pela Empresa Automobilística Portuguesa que nesse ano tinha
sido fundada em Coimbra por Tavares de Melo. Um dos carros seria
conduzido por ele próprio e o outro por um afamado piloto françês
de nome Edmond, contratado para o efeito. Acontece que o dito Edmond
perdeu o comboio que o levaria de Coimbra à Figueira e, na hora da
partida, cerca das 6 da manhã, Tavares de Melo partiu não no carro
em que se inscrevera mas no outro que era mais potente. Em Coimbra
deu o lugar ao piloto Edmond e este foi o primeiro a chegar ao Campo
Grande. No entanto, a organização entendeu desclassificar o carro
pois o piloto que partiu não foi o mesmo que chegara. E estava
instalada a polémica com Tavares de Melo a lavrar protestos em todo
o lado que os jornais da época alimentaram durante muito tempo. Para
a história ficou este incidente mas também o tempo gasto no
percurso: partiu da Figueira da Foz às 5 horas e 57 minutos da manhã
e chegou ao Campo Grande às 12h e 24 minutos. O segundo carro, da
marca Fiat, que seria depois declarado vencedor, chegou mais de uma
hora depois e era propriedade do Infante D. Afonso.
Tavares de Melo foi
um dos primeiros empresários e empenhado percursor das corridas
automóveis em Portugal. Uma actividade iniciada por seu pai, Eduardo
Tavares da Costa Lobo que, em Abril de 1897, importou o primeiro
automóvel sobre pneus que deu entrada em Portugal: um Peugeot com
motor Panhard colocado à retaguarda com a força de 1 cavalo e ¾, 3
velocidades e marcha-atrás. Diz a história que o primeiro carro com
motor mecânico em Portugal era propriedade do Conde de Avilez e
chegou em 1895, um Panhard & Levassor. O que é verdade. Mas o
carro tinha rodas de ferro. O primeiro, com pneus, chegou dois anos
depois pela mão do “Morgado” de Santo Amaro.
José Caetano
Tavares de Melo Costa Lobo, nasceu em Santo Amaro em 2/11/1876, filho
de Eduardo Tavares de Melo Costa Lobo (Santo Amaro) e Eugénia da
Conceição Peixoto Brandão (Porto). Neto paterno de José Caetano
Tavares da Costa Lobo e Souza (Covilhã) e Antónia Carolina de Mello
Machado Côrte Real (São Martinho, Seia) e materno de João Filipe
de Magalhães Brandão (Guimarães) e Maria Teresa Conceição Peixoto Brandão (Lisboa).
Em 1893, então com
17 anos, matricula-se no 1º ano de Direito na Universidade de
Coimbra e em 1900 termina o curso como Bacharel. Curso que seu pai
havia frequentado de 1861 a 1866.
"Reduto", crónica de António José Marques
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