O primeiro recenseamento geral da população foi feito em
1864. No entanto, através de fontes quase sempre com origem na Igreja, é
possível encontrar alguns dados relativos ao Casteleiro. O primeiro que se conhece, já aqui referido,
é o numeramento de 1527 que aponta a existência de 52 moradores na aldeia.
Hoje, abordo aqui aquele que ficou conhecido pelo “Censo do
Conde de Linhares” referente a 31 de dezembro de 1801 que, pela primeira vez,
nos revela dados concretos sobre a população e que, de alguma forma, colide com
os elementos escritos pelo cura Pires Leal nas “Memórias Paroquiais” de 1758.
Assim, em 1801, o Casteleiro tinha 462 habitantes, 223 homens
e 239 mulheres. Durante esse ano houve 25 nascimentos e 24 óbitos. A estrutura
etária era distribuída da seguinte forma: até aos 7 anos – 42 do sexo masculino
e 31 do feminino; entre os 7 e os 25 anos – 79 e 102; entre os 25 e os 40 – 62
e 61; entre os 40 e os 60 anos – 32 e 38; entre os 60 e os 80 anos – 9 homens e
6 mulheres. Com mais de 80 anos não consta ninguém. Quanto aos fogos é referida
a existência de 135.
A análise destes números mostra-nos uma população muito
jovem: 73 crianças até aos 7 anos; 181 pessoas entre os 7 e os 25 anos; 123 com
idade entre os 25 e os 40 anos e apenas 70 entre 40 e 60 anos. Acima de 60 anos apenas 15 pessoas e nenhuma
com mais de 80 anos. Números que indicavam já o grande aumento de população que
o Casteleiro iria ter ao longo do século XIX.
Chegados aqui, importa referir os números já nossos
conhecidos revelados nas “Memórias Paroquiais” de 1758. Aí, o cura Pires Leal
refere: “ Tem
cento e cinquenta e dois fogos, pessoas de confissão e comunhão trezentas e
quarenta e oito; só de confissão setenta e quatro, crianças que ainda não se
confessam cento e três, pessoas ao todo quinhentas e vinte cinco.”
Ora,
comparando os números, em 43 anos existe um decréscimo da população de 63
pessoas e o número de fogos decresce em 17. Numa primeira análise algo parece
não bater certo já que estamos num período em que a aldeia se encontra em
expansão. No entanto, embora possam existir erros, poderá haver uma explicação.
Em
relação ao número de fogos, não sendo provável que em quase 50 anos houvesse
decréscimo de fogos mas sim o seu aumento, a justificação pode estar na noção
de “fogo” que foi variando ao longo do tempo e de região para região. Alguns
estudos nesta matéria referem essa realidade. Um “fogo” tanto pode ser
considerado uma casa como poderá estar, por exemplo, relacionado com “um” chefe
de família.
Em
relação à diminuição da população em 63 pessoas, embora a probabilidade seja
mínima, também pode ter uma justificação. Estamos num período em que o País
atravessa um período de fome generalizada e, mais concretamente na nossa
região, com condições meteorológicas adversas em que as culturas são quase
inexistentes. Acresce, ainda, ser esse um período em que as doenças proliferam,
nomeadamente o tifo e outras epidemias que, ao tempo, não tinham cura.
Por
exemplo, de agosto a dezembro de 1762, estão registados cerca de 50 óbitos nos
assentos paroquiais do Casteleiro, na sua maioria de menores, podendo este
número ser muito superior já que em muitas paróquias era hábito não registar os
falecimentos de menores de 7 anos.
Com
ou sem erros, justificações plausíveis ou não, estes foram os números que
chegaram aos nossos dias. E que nos ajudam a conhecer um pouco mais da nossa
história!
Obrigada amigo Antonio Jose.Gosto de saber sempre mais do meu Casteleiro.
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