11/11/2015

O Fraterno Trabalho Voluntário

Há por aí gente, conheço um, que cegos e sedentos pelo lucro e pelo acumular de riqueza, embora semanalmente se recolham aos evangelhos numa tentativa frustrada de expiar os pecados da difamação, que não sabem nem sonham o que é ser solidário, o que é ser voluntário, o que é agir e concretizar obra a favor dos nossos iguais.
Segundo a definição das Nações Unidas, "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de actividades, organizadas ou não, de bem-estar social, ou outros campos..." (UN, 2001).
É comum em todas as definições encontrar-se que o voluntariado, se refere ao serviço ou actividades realizadas sem remuneração financeira, através de uma Organização Sem Fins Lucrativos (OSFL), com o propósito de beneficiar o próximo, seja a sociedade em geral, um determinado grupo ou indivíduo que não sejam próximos de quem exerce a actividade em si (Medina,2011).
Para além da dimensão da solidariedade e da dimensão cívica e participativa que a actividade do voluntariado expressa, várias são as análises que têm procurado demonstrar o significado económico do voluntariado. Em 2008, Moreno e Yoldi exploraram três grandes questões relacionadas com este tema: a avaliação económica do trabalho voluntário; os custos de gestão do voluntariado como uma limitação determinante para a sua expansão e consolidação; e o voluntariado corporativo, como uma das novas áreas para o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa e expansão do trabalho voluntário propriamente dito (Sajardo Moreno e Serra Yoldi, 2008).
O terceiro sector constitui ainda uma problemática teórica e conceptual nas ciências sociais e no plano político.
É um sector económico diferente do sector público e do sector lucrativo privado, abrangendo uma grande diversidade de organizações da sociedade civil que trabalham sem fins lucrativos nas mais diversas áreas (solidariedade social, saúde, cultura, desporto e lazer, educação, ambiente, direitos humanos, entre outras),e é frequentemente referido pela componente do trabalho voluntário que mobiliza.
O valor económico do voluntariado tem sido estimado com maior rigor no âmbito do terceiro sector e, de acordo com o relatório efectuado em 2005 pela Johns Hopkins University, numa perspectiva  de comparação onde é efectuada a caracterização à escala nacional do terceiro sector de vários países.
Em Portugal a contribuição do sector para a economia do país (em termos de composição da força de trabalho) é quantificada em 4,2% do PIB e, relativamente ao “valor do esforço voluntário” este, por si só, contribui com mais de 0,5% para o PIB do país.
Comparativamente com os outros países, o peso deste sector na população economicamente activa, representa em Portugal 4%.
A importância do voluntariado é cada vez maior em Portugal.
“Vivemos numa sociedade de consumidores de acontecimentos em vez de produtores. O voluntário tem a possibilidade de passar do sofá para a vida onde intervém e produz acontecimentos.” (Carlos Costa in Lusa, 2011).

 

 
 
Sandra Fortuna
(Presidente da Direcção do Lar S. Salvador do Casteleiro)



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