Na rotina diária da nossa aldeia há um local, ponto de
encontro obrigatório: o café do Ti Vitorino. Em muitas dezenas de anos, desde a
minha meninice, houve sempre um momento em que alguém dizia. “Vamos ao Ti
Vitorino!”. Nunca ouvi “Vamos ao café D. Príncipe”, o verdadeiro nome do
“estabelecimento”.
Podia aqui relatar muitas e variadas estórias que ali vivi e
presenciei. Todos nós, casteleirenses, o podemos fazer. A simbologia daquele
espaço é de uma riqueza ímpar. Se o “terreiro” sempre funcionou como verdadeiro
ponto de encontro social, é igualmente verdade que o café do “Ti Vitorino”
trilhou ao longo dos anos um percurso paralelo, adornado com a riqueza da
“sueca”, do dominó, do futebol na Tv, da conversa, do encontro. O contributo
deste espaço na coesão social da aldeia, de centro ocupacional para os nossos
seniores, de porto de abrigo para muitos, de central de notícias, foi ao longo
dos tempos decisivo e único.
No entanto, este espaço não tinha vida própria. A sua
riqueza, a sua ambiência, sempre esteve ligada ao seu proprietário que a
construiu, que lhe dava vida, que o enriqueceu com estórias a propósito.
Com a sua afabilidade e modo de estar único, o café era o “Ti
Vitorino”.
E hoje, no dia da sua prematura partida, recordo a sua
amizade e bom trato pessoal. Do ritual aperto de mão…
O Casteleiro está mais pobre!
António José Marques
Grande homem, marido e pai. Paz a sua alma.
ResponderEliminarÉ uma tristeza, é um choque para os casteleirenses
ResponderEliminarAntonio.Alves.