Caderneta do soldado Francisco |
A 13 de Dezembro de 1817,
assentou praça voluntariamente no Regimento de Cavalaria nº 11, em Castelo
Branco, um jovem de 19 anos de nome Francisco Martins natural do Casteleiro. Filho
de Manuel Martins e Quitéria Gonçalves, olhos e cabelo castanhos, 58 polegadas
de altura, solteiro.
Não sabemos como terá sido a vida
militar do jovem casteleirense. Mas algo levantou desconfiança em relação à sua
pessoa e, a 20 de Junho de 1818, o Comandante envia a “ficha” do soldado ao
Sargento Mor João Soares de Oliveira Ribeiro, Comandante do Destacamento de
Sortelha, para verificar a sua veracidade.
Resposta do Sargento Mor de Sortelha |
A resposta, dirigida ao
Comandante de Cavalaria 11, Coronel António de Azavedo Coutinho, seguiu a 8 de
Agosto e foi bem esclarecedora. O rapaz, de facto, chamava-se Francisco Justiça,
era filho de José Gonçalves Justiça e de Quitéria Martins e teria mais de 26
anos. Refere ainda o Sargento de Sortelha que tinha informações que ele já
desertara duas vezes e que talvez desse o nome errado para “melhor desertar
terceira vez”.
Assento de baptismo de Francisco Justiça |
Hoje, passados quase 200 anos,
encontramos o assento de baptismo do Francisco realizado na igreja do
Casteleiro e tudo se confirma. Nasceu a 24 de Setembro de 1790 (quando se
alistou tinha já 27 anos e não 19), filho de José Gonçalves Justiça natural de
Valverdinho e de Quitéria Martins natural da Moita. Neto paterno de Manuel
Antunes Justiça e de Maria Gonçalves (Valverdinho)
e materno de Pedro Reis e Maria Lopes (Moita).
Quais os motivos que levaram este
jovem a desertar duas vezes e a apresentar-se uma terceira vez com identidade
falsa?
Estórias de casteleirenses…
"Reduto", Crónica de António José Marques
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