22/06/2015

Estória do soldado Francisco

Caderneta do soldado Francisco

A 13 de Dezembro de 1817, assentou praça voluntariamente no Regimento de Cavalaria nº 11, em Castelo Branco, um jovem de 19 anos de nome Francisco Martins natural do Casteleiro. Filho de Manuel Martins e Quitéria Gonçalves, olhos e cabelo castanhos, 58 polegadas de altura, solteiro.
Não sabemos como terá sido a vida militar do jovem casteleirense. Mas algo levantou desconfiança em relação à sua pessoa e, a 20 de Junho de 1818, o Comandante envia a “ficha” do soldado ao Sargento Mor João Soares de Oliveira Ribeiro, Comandante do Destacamento de Sortelha, para verificar a sua veracidade.

Resposta do Sargento Mor de Sortelha

A resposta, dirigida ao Comandante de Cavalaria 11, Coronel António de Azavedo Coutinho, seguiu a 8 de Agosto e foi bem esclarecedora. O rapaz, de facto, chamava-se Francisco Justiça, era filho de José Gonçalves Justiça e de Quitéria Martins e teria mais de 26 anos. Refere ainda o Sargento de Sortelha que tinha informações que ele já desertara duas vezes e que talvez desse o nome errado para “melhor desertar terceira vez”.

Assento de baptismo de Francisco Justiça

Hoje, passados quase 200 anos, encontramos o assento de baptismo do Francisco realizado na igreja do Casteleiro e tudo se confirma. Nasceu a 24 de Setembro de 1790 (quando se alistou tinha já 27 anos e não 19), filho de José Gonçalves Justiça natural de Valverdinho e de Quitéria Martins natural da Moita. Neto paterno de Manuel Antunes Justiça  e de Maria Gonçalves (Valverdinho) e materno de Pedro Reis e Maria Lopes (Moita).

Quais os motivos que levaram este jovem a desertar duas vezes e a apresentar-se uma terceira vez com identidade falsa?
Estórias de casteleirenses…





"Reduto", Crónica de António José Marques








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