Os primeiros dados do
projeto de vigilância da saúde dos habitantes da freguesia de Casteleiro, no
concelho do Sabugal, indicam que entre 80 a 90% dos idosos têm problemas de
audição, visão e dentição, foi hoje revelado.
"Nestes dados
preliminares surgiram-nos essencialmente três coisas em relação à qualidade de
vida dos idosos, das pessoas com mais de 65 anos. Todos eles têm uma de três
coisas: ou ouvem mal, ou veem mal ou têm deficiência de peças dentárias, não
têm dentes", disse à agência Lusa o coordenador do estudo, João Luís
Baptista, professor na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã.
O projeto de aplicação do
SVD - Sistema de Vigilância Demográfica ("coorte" de base
populacional) junto dos cerca de 400 habitantes da aldeia de Casteleiro é
promovido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Beira (CIDB),
liderado por João Luís Baptista.
O estudo, iniciado em
abril, também envolve a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, a Direção Geral
de Saúde, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e o Centro de
Investigação em Saúde Comunitária, entre outras entidades.
O projeto pioneiro
realizado junto da população daquela freguesia do Sabugal vai permitir
acompanhar a saúde dos habitantes e disponibilizar uma base de dados para
trabalhos científicos.
Tendo em conta os
resultados preliminares, o seu coordenador está a acertar com a Câmara
Municipal do Sabugal e com a ULS da Guarda "um eventual programa de ajuda
a estas pessoas mais idosas, no sentido de lhes dar melhor qualidade de
vida".
"Nós temos uma
percentagem muito elevada, entre os 80 a 90% das pessoas com mais de 65 anos,
que têm pelo menos um destes problemas: audição, visão e dentição. Seria de
todo conveniente que juntamente com a UBI, a administração local e depois a
ULS, nós pudéssemos ajudar estas pessoas neste sentido de melhorarem a sua
qualidade de vida, pelo menos numa destas coisas", admitiu.
João Luís Baptista disse
que já teve uma primeira abordagem com o presidente da Câmara Municipal do
Sabugal e com o diretor da ULS da Guarda e "ambos concordaram" com a
sugestão.
A aplicação do SVD incluiu
o levantamento demográfico, da pré-diabetes, da doença pulmonar obstrutiva
crónica e de indicadores do ambiente, além do perfil de saúde dos habitantes da
freguesia.
Na primeira fase dos
trabalhos, foi realizado um inquérito, porta a porta, por alunos da Faculdade
de Medicina da UBI, que incluiu a georreferenciação das casas e a anotação de
informações sobre a saúde de quem lá habita.
João Luís Baptista disse à
Lusa que os trabalhos no terreno estão terminados, faltando apenas a realização
de um exame de espirometria, por cerca de 30 pessoas, no hospital da Guarda.
O responsável prevê que o
"coorte" do Casteleiro fique finalizado em setembro e que o relatório
final possa ser conhecido em outubro.
(LUSA)
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