04/02/2014

Apontamentos sobre a nossa história recente


Não vai assim tão distante na História, o tempo em que, para tudo e para nada, era necessário uma licença específica quer fosse para, acender o isqueiro ou, simplesmente, para o carro de bois poder “circular” em caminhos de lama ou na estrada alcatroada. Para ridículo da questão, as respetivas licenças tinham que acompanhar, sempre, o verdadeiro utilizador e, no caso do carro de bois, teria que a exibir em local bem visível às autoridades. Por hoje, ocupemo-nos, apenas da licença do isqueiro.
A licença do isqueiro foi um dos símbolos das absurdas taxas aplicadas ao cidadão pelo regime de Salazar. Os portadores dos isqueiros eram obrigados, no início de cada ano civil, a deslocarem-se às finanças para tirar a respetiva licença de porte e uso, medida essa que, levava aos cofres do Estado muitos milhares de escudos, usurpados aos magros bolsos de muitos portugueses. Quem não cumprisse tal normativo e fosse apanhado a acender, na via pública, um simples cigarro, candidatava-se ao pagamento de uma coima, deveras superior ao valor da licença.
É evidente que contra este exagero, havia aqueles que, não concordando, boicotavam tal medida.
Deste tempo … não temos saudade alguma!

NOTA: Qualquer semelhança com a realidade dos nossos dias pode ser pura ficção.







"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia



3 comentários :

  1. É caso para dizer, Quim, que qualquer semelhança com a realidade atual está cada vez mais longe de ser ficção.

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  2. Concordo com essa conclusão.
    JGouveia

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  3. JL,
    Esta foi bem arrancada.
    Venham mais «do mesmo teor»...
    Abr.

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